As fontes para os estudos da mitologia egípcia são as pirâmides, templos, esculturas, tumbas e alguns poucos textos que sobreviveram ao tempo. Os arqueólogos costumam centrar suas pesquisas em três obras principais, os livros das Pirâmides, dos Sarcófagos e dos Mortos, todos eles com instruções, hinos e ritos para ajudar a alma em sua experiência após a morte.
No início, o mundo era coberto por águas em meio ao caos. Em determinado momento, ergueu-se uma ilha em que tinha um ovo, do qual nasceu Rá, o deus primordial, identificado com o Sol; Rá criou Chu e Tefnut (o ar e a umidade), que geraram Geb, deus da terra e Nut, deusa do céu. Os irmãos casaram-se em segredo.
Quando Rá tomou conhecimento, ficou indignado e condenou Nut à esterilidade, mas a deusa desafiou Tot (a Lua) para um jogo de dados. Vencedora, obrigou Tot a aumentar cinco dias ao calendário, nos quais Rá não podia interferir. Nestes dias extras, Nut e Geb tiveram seus quatro filhos: Osíris, Ísis, Set e Néftis.
Osíris casou-se com Íris e ambos governaram a terra por muito tempo. Tiveram um filho, Hórus, mas Set, que vivia nas areias do deserto, invejoso do irmão, matou Osíris, que passou a viver no mundo subterrâneo. Hórus vingou-se e matou Set. Néftis, apaixonada por Osíris, disfarçou-se de Íris e eles tiveram um filho, Anúbis, que passou a presidir o mundo dos mortos. Com sua morte, Osíris garantiu a felicidade dos homens, crença semelhante ao dogma da salvação cristã.
Quando Tebas tornou-se a capital do império, por volta de 1600 a.C., o deus local Amon foi identificado com Rá, e a entidade passou a ser venerada como Amon-Rá. 300 anos depois, o faraó Amenófis IV impôs o culto a Aton, outra manifestação do Sol (seria o próprio disco solar). Amenófis mudou seu nome para Akhenaton. Foi, na verdade, uma disputa política com os sacerdotes de Amon-Rá.
A antiga religião egípcia pode ser considerada henoteísta: eles acreditavam num deus principal, responsável pela geração de todos os outros. Alguns historiadores entendem que as demais entidades, além de Amon-Rá, são forças e emissários desse deus (neteru, o que pode ser traduzido por anjo), o que tornaria a religião a mais antiga religião monoteísta.
Popularmente, entretanto, os diversos deuses eram venerados em festivais e cerimônias. A representação apresenta-os com características antropomórficas ou zooantropomórficas: parte animais, parte homens. Tot tem cabeça de íbis, Hórus, de falcão, Anúbis, de chacal, etc.
Também veneravam forças da natureza: Ísis era a deusa das águas, Osíris, o sol nascente e Set, responsável pelos males da vida, era o vento quente do deserto. É provável que eles atribuíssem aos deuses as características desses animais; assim, Hórus teria a agilidade de um falcão, não seria um falcão propriamente dito.
Os egípcios acreditavam na vida após a morte ao menos de 3000 a.C. Os mortos eram julgados após a morte e havia duas alternativas: retornar à vida ou viver no reino de Amon-Rá (uma espécie de paraíso). Com o tempo, esta crença determinou a preservação dos corpos com sofisticadas técnicas de mumificação.