Existe vida inteligente fora da Terra? O que acontece no Triângulo das Bermudas? O que acontece depois da morte? Estes e outros fatos continuam sendo mistérios inexplicáveis. Cientistas se calam sobre eles (ou tecem teorias pouco convincentes), enquanto místicos elaboram doutrinas confusas, baseadas apenas na crença, que cada vez menos satisfaz a inteligência humana.
A crença, aliás, já ocupou o tempo de muitos filósofos. A definição de crença mais aceita é: estado psicológico em que um indivíduo detém uma proposição, premissa ou convicção, sem que haja fatos objetivos para comprová-la. Crença é o fato de crer e pronto, por mais que existam elementos que apontem para a veracidade do objeto acreditado. Em alguns casos, não há elemento nenhum, apenas a fé, que pode ser coletiva ou individual – e, nestes casos, a crença muitas vezes é patológica.
Voltando aos mistérios inexplicáveis. Um fato que sempre surge nos noticiários e comentários em rodas de amigos é a combustão humana espontânea (SHC, na sigla em inglês): corpos que pegam fogo sem nenhuma razão aparente. Para muitos, trata-se apenas de uma lenda urbana: casos de SHC nunca foram testemunhados diretamente. Mas há relatos antigos e recentes de combustão humana espontânea que colocam uma pulga atrás da orelha.
É fogo!
O primeiro relato de combustão humana espontânea vem da França, no século XVII. Um médico dinamarquês descreveu o caso de uma mulher cujo corpo foi reduzido a cinzas e fumaça, sem que o colchão (de palha) em que dormia sofresse qualquer dano. O fato foi descrito em 1663.
Dez anos depois, o francês Jonas Dupont descreveu uma série de casos semelhantes no livro “De Incendiis Corporis Humani Spontaneis”. Alguns pesquisadores concluíram que as vítimas eram na maior parte mulheres idosas, dependentes de álcool. Mesmo assim, bebidas e mesmo querosene deixados próximo às tragédias não eram afetados pelo fogo.
Em 2011, um investigador irlandês atribuiu a morte de um homem de 76 anos à SHC, o primeiro caso em seus 25 anos de carreira. Em 2013, a mãe de um bebê de três meses internado na Índia afirmou que a criança sofria queimaduras desde os nove dias de vida. Os exames não indicaram nenhum problema, o que levantou a suspeita de maus tratos.
Seja como for, casos de combustão humana espontânea documentados apresentam alguns pontos em comum: as vítimas são encontradas dentro de casa, com o corpo quase totalmente consumido, com exceção das extremidades (mãos e pés); e o cômodo quase nunca mostra sinais de incêndio.
Em muitas situações, parentes ou pessoas próximas relataram sentir aromas agradáveis e, em alguns casos, é descrita a total preservação de órgãos inteiros, como o coração. Isto indica algum teor religioso ou metafísico nas experiências de combustão, o que deixa os cientistas ainda mais distantes. Mas as combustões humanas espontâneas continuam existindo (ou, ao menos, sendo relatadas).
Perdendo tempo
Vários relatos dão conta de pessoas que literalmente perderam tempo, isto é, perderam a conexão entre seus relógios e a passagem dos minutos e horas. É o efeito “missing time”. Supostamente, estas pessoas foram abduzidas – sequestradas por seres alienígenas para estudos fora da Terra. As vítimas nem percebem que se afastaram do planeta, mas o fato é identificado por parentes e amigos. A diferença varia entre alguns minutos e vários dias.
Medo sem fundamento, distúrbios do sono e hemorragias são os efeitos colaterais da abdução. Há informações de implantes metálicos e enxertos de outros objetos, o que indicaria o monitoramento à distância pelos ETs. Em sonhos ou sob efeito de hipnose, os sequestrados conseguem recuperar, ao menos na forma de flashes, as informações sobre o que de fato ocorreu.
Mas será possível que seres de outros planetas possam visitar a Terra? Inteligências iguais ou superiores à nossa poderiam nos espreitar, nos tomar de assalto e mesmo apagar a experiência de nossas memórias? Quem passou pela experiência garante que sim, mas cientistas e autoridades militares não confirmam nenhum contato imediato com extraterrestres. É o discurso oficial.
Mistério no mar
É uma área de quatro milhões de quilômetros quadrados entre a Flórida (EUA), Bermudas e Porto Rico. Seria apenas mais um ponto isolado do oceano Atlântico, não fossem os inexplicáveis acidentes envolvendo barcos de passeio, navios e aviões no Triângulo das Bermudas, também chamado de mar do Diabo. Os principais relatos sistemáticos surgiram na década de 1950, mas há estudiosos que encontraram evidências de naufrágios desde as viagens de Colombo, cujo número fica entre 200 e 1.000, de acordo com a fonte pesquisada. Uma das explicações seriam os distúrbios por que esta região passa no campo magnético da Terra. Mas há quem afirme que os acidentes são de responsabilidade de alienígenas e mesmo de seres extrafísicos.
Mas existem outros locais estranhos na Terra. As montanhas da Superstição, por exemplo. Elas ficam no Arizona (EUA) e, no século XIX, um explorador teria encontrado uma mina de ouro na região. O problema é que ele levou o segredo para o túmulo e desde então foram organizadas muitas expedições, sem sucesso, para encontrá-la.
Algumas pessoas afirmam que os fantasmas dos que morreram nas montanhas da Superstição tentando encontrar o ouro guardam o local e desorientam os novos aventureiros, ocultando a riqueza em cavernas e túneis. A melhor explicação é, no entanto, a dos índios Apaches, que afirmam ser o local nada mais, nada menos, do que a entrada do inferno.
Chicago também tem o seu triângulo, que fica no lago Michigan. Muitos desaparecimentos envolvendo pessoas, barcos e aviões tiveram estas águas como pano de fundo. Um dos casos mais famosos é o do voo 2.501 da Northwest Orient Airlines, em 1950. O DC-4 levava 55 passageiros durante a noite, quando, por causa do mau tempo, o piloto desviou a rota, passando sobre o lago.
O piloto solicitou permissão para reduzir a altitude de 3.500 para 2.500 pés e este foi o último contato da aeronave com a torre de controle. Só foram encontrados pequenos destroços e fragmentos de corpos; uma grande operação foi executada para o resgate, mas até hoje a fuselagem do avião não foi encontrada. A profundidade máxima do lago Michigan é de pouco mais de 250 metros.
Quais as explicações para tamanha concentração de acidentes em determinados locais? Nenhuma teoria explica os fatos, que permanecem como mistérios, ao menos no imaginário popular.
Raios e trovões
Imagine viver em um local onde chove 160 dias por ano. São tempestades que duram dez horas em média. Para completar, é a área terrestre com a maior concentração de relâmpagos. Há séculos, os mesmos temporais com mais de 40 mil raios iluminam as águas do lago Maracaibo, na Venezuela, próximo à foz do rio Catatumbo, batizado pela população local como “rio de fogo do céu”. O acontecimento é conhecido como “tempestade eterna” e intriga cientistas do mundo todo.
De acordo com estudos, mais de 1,2 milhões de relâmpagos são gerados no lago Maracaibo – a maior taxa do mundo –, visíveis a 300 quilômetros de distância. Alguns pesquisadores acreditam que os fortes ventos são os responsáveis pelas tempestades, atraindo nuvens de chuva que se formam sobre os Andes. Outros cientistas creem que a emissão de gás metano – os arredores do lago são cobertos por pântanos – responde pelas tempestades. Seja como for, não há explicações definitivas para o fenômeno.
Uma coisa é certa: o mistério fica apenas com os muitos turistas que visitam a “tempestade eterna”. Os moradores locais já estão mais do que acostumados – as chuvas acontecem há séculos. Pescadores venezuelanos chegam a usar os raios para se localizar, cujas cores variam de acordo com os átomos presentes no ar: os de hidrogênio, por exemplo, conferem um tom arroxeado às descargas elétricas, como se pode ver no vídeo abaixo.