Micose é o nome popular dado a diversas infecções de pele e unhas, provocadas por fungos. Com a chegada do verão, milhões de pessoas vão para as praias e piscinas, partilhando a água e, infelizmente, os microrganismos. Biólogos já classificaram mais de 200 mil espécies de fungos. Apenas cem delas causam micoses, mas calor e alta umidade criam condições favoráveis para sua rápida proliferação.
Apesar de as infecções serem mais comuns nos dias quentes e úmidos, as micoses ocorrem também no inverno. Abafar os pés com meias e sapatos fechados pode determinar a instalação de uma micose, que pode ser superficial ou profunda. Os fungos mais comuns que provocam a doença são:
• Tinea pedis: é o agente das frieiras, também conhecidas como pé de atleta ou micose dos pés. Estas infecções podem afetar também os tornozelos, as palmas das mãos e a pele entre os dedos. A micose surge quando os pés ficam molhados por muito tempo, por causa do suor excessivo e pelo uso prolongado de sapatos fechados, especialmente os de material sintético. Feridas na pele ou próximo às unhas são uma porta de entrada para os fungos.
A frieira pode ser transmitida pelo contato direto e o fungo permanece vivo em pisos frios, especialmente quando estão molhados. Os sintomas são rachaduras nas unhas (pode ocorrer espessamento), descamação da pele, bolhas, coceira e vermelhidão. O diagnóstico é feito pela avaliação do local pelo dermatologista. Podem ser solicitados cultura de pele e unhas, biópsia e teste de hidróxido de potássio na lesão.
Caso o paciente apresente inchaço, faixas avermelhadas ou febre local nos pés, deve procurar atendimento médico com urgência, são sinais de infecção bacteriana. Diabéticos e pessoas com o sistema imunológico debilitado também precisam ser avaliados com mais cautela;
• Malassezia furfur: o fundo provoca a pitiríase versicolor, popularmente conhecida como impingem. Provoca manchas marrons, alaranjadas ou brancas (neste caso, é chamada de pano branco) na pele e nas unhas. A doença se espalha rapidamente e precisa ser tratada o quanto antes, pois pode provocar lesões irreversíveis se for negligenciada.
A doença ocorre em todo o mundo, sendo mais frequente na região entre os trópicos, onde afeta cerca de 40% da população. Pessoas de pele oleosa são mais predispostas à infecção. Apesar de as manchas surgirem em todo o corpo, são mais comuns em áreas com acúmulo de gorduras, como o tronco, couro cabeludo, orelha e coxas. As regiões lesionadas apresentam leve descamação, o que pode levar o paciente a não procurar ajuda médica imediatamente.
O diagnóstico é clínico e o tratamento é feito com medicamentos antifúngicos sistêmicos, como antibióticos, e não tópicos, como cremes e pomadas, por causa da extensão que a doença atinge e da reduzida ocorrência de efeitos colaterais. Além disso, estudos indicam que tratamentos com tópicos apresentam 60% a 80% de recidiva (a volta da micose). No entanto, quem tem problemas hepáticos pode não reagir à medicação.
A prevenção
Usar calçados arejados, evitar andar descalço em pisos úmidos (especialmente os públicos), enxugar-se bem após o banho, especialmente nas dobras da pele e entre os dedos, são algumas atitudes que reduzem os riscos de contrair micoses.
Não se deve partilhar o uso de toalhas, luvas, calçados e roupas. É preferível optar por roupas íntimas de fios naturais (os sintéticos prejudicam a transpiração) e evitar roupas apertadas (que também atrapalham a evaporação do suor).
O que não se deve fazer
Além da automedicação, que quase sempre provoca um aumento das infecções, especialmente quando são profundas, alguns tratamentos populares devem ser evitados. Por exemplo, uma “receita da vovó” indica suco de limão para tratar micoses. Além de não ter nenhum efeito sobre os fungos, o suco é ácido, pode provocar manchas e até queimaduras.
Quem tem micoses nas unhas deve evitar os esmaltes, porque os cosméticos impermeabilizam a superfície e dificultam a penetração dos medicamentos, prolongando o tratamento.
Fique atento: podólogos e pedicures podem ter sido treinados para identificar as micoses superficiais (caso tenham feito um curso de qualidade para atuar na área), mas não para tratá-las. É preciso procurar o dermatologista.