Nos desenhos animados e filmes da Disney, elas são comuns. As mensagens subliminares surgem rapidamente, sem dar tempo para que o espectador possa visualizá-las racionalmente. O olho humano só consegue identificar uma imagem no cinema quando 24 quadros são transmitidos em um segundo; menos que isto, não podemos enxergar, mas o cérebro capta a informação.
Voltando aos Estúdios Disney. Parece que os moradores deste mundo encantado estão precisando (já há muito tempo) de uma forcinha na publicidade. Diversos deles surgiram em cenas mudas, talvez prestigiando outras histórias infantis.
Extras de luxo
Em “A Pequena Sereia”, os personagens Mickey, Pateta e Donald estão entre a multidão que ouve o discurso do rei Tritão. Além disto, o rei e o grão-duque de “Cinderela” estão presentes no casamento. Outros figurantes célebres: a Dama e o Vagabundo fazem uma ponta em “Os 101 Dálmatas” (um dos filhotes, Peggy, aparece na vitrine de uma pet shop). Em “Aladim”, a Fera (o namorado da Bela) pode ser encontrada em uma pilha de brinquedos do sultão.
Quasímodo, “O Corcunda de Notre Dame”, canta pelas ruas de Paris enquanto enfeitam o cenário: o tapete mágico de Aladim (que também aparece na cena inicial de “A Princesa e o Sapo”), a Bela e Pumba, de “O Rei Leão”. Em “O Ratinho Detetive”, o lagarto Bill (de “Alice no País das Maravilhas”) faz parte da gangue do Professor Padraic Ratigan, o arqui-inimigo do detetive Basil of Baker Street.
O mesmo Ratigan, juntamente com Scooby-Doo, está entre as fotos de “Oliver e a Sua Turma”.
Há mais cachorros na história: Jolly, Fiel e Peggy, coadjuvantes em “A Dama e o Vagabundo”, fazem uma aparição relâmpago em “Oliver”.
Em “O Caldeirão Mágico” é a vez de Sininho (de “Peter Pan”) surgir na tela (entre outras fadas), quando os personagens Taran, a princesa Eilonwy e Fflewddur Fflam descobrem o Fair Folk e o mundo subterrâneo.
Ainda em “A Princesa e o Sapo”, Louis pega grama do pântano e imita cena da Madame Mim de “ A Espada e a Lei” e Mama Odie, enquanto canta”Cavar um Pouco Mais”, espalha uma série de itens: entre eles, a lâmpada mágica de Aladim. ainda sobre a “Espada”: o esquilo Wart deixa a Inglaterra medieval para aparecer em “O Cão e a Raposa”.
Em “Bernardo e Bianca”, Bambi e sua mãe aparecem durante a cena “alguém está esperando por você”. Em “Hércules”, Scar (de “O Rei Leão”) faz o papel do leão de Nemeia, morto pelo herói. Já em “Lilo & Stitch”, um brinquedo na forma do elefante Dumbo aparece em segundo plano, no canto da tela quando Lilo está vendo uma estrela cadente. No mesmo desenho, um cartaz de Mulan está pendurado no quarto de Nani.
Problemas à vista
Nem tudo se resume a divulgar personagens fora de seus desenhos animados. Corre na internet a história de que, em uma cena de “Bernardo e Bianca”, aparece o quadro de uma mulher nua. O relato prossegue afirmando que o estúdio cinematográfico admitiu ter colocado mensagens subliminares e até recolheu cópias do desenho.
Em uma cópia de “O Rei Leão” que circula na rede, o personagem Scar, conversando com Simba, em determinado momento, exclama: “Não, vocês não compreendem, eu sou bicha”. No texto original em inglês, o texto é o seguinte: “no, you don’t understand, I didn’t mean it” (vocês não entendem, eu não disse aquilo). A tradução nos cinemas e DVDs também deixou a “adaptação” de fora. Mas o vídeo continua fazendo sucesso.
Alguns sites fazem sucesso adulterando os pôsteres dos filmes da Disney. Em um deles, o pênis de Simba (“O Rei Leão”) está claramente visível quando o filhote é apresentado para os moradores da selva. Entre eles, dois elefantes estão fazendo sexo. O pôster continua circulando e muita gente acredita que é a arte original da promoção do desenho.
A internet também alterou uma fala de Aladim. O herói teria dito: “Good teenagers take off your clothes” (bons adolescentes, tirem as suas roupas). Na verdade, a frase é: “Good kitty, take off” (gatinho, saia). O autor desta miscelânea deve ter sérios problemas de audição, para confundir teenager com kitty. Mas o vídeo faz a alegria dos caçadores de mensagens subliminares.
Mais um boato sem nenhum fundamento: em “A Pequena Sereia”, na cena do casamento de Vanessa e o príncipe Eric, o padre que celebra a cerimônia tem uma ereção. É apenas o joelho que se desloca para frente. Isto foi tão ventilado na internet que, nas edições mais recentes do desenho, o joelho precisou ser retirado da cena. Antes disto, houve ações na justiça contra a Disney, por veicular mensagem sexual para crianças.
Ainda mais sobre a “Sereia”. Muitas pessoas afirmam que é possível ver, no castelo, um pilar com formato fálico. Um funcionário da Disney, prestes a ser demitido, teria alterado intencionalmente a imagem. O artista não foi demitido. Sem perceber, ele desenhou o pilar com certa semelhança com um pênis e só soube da gritaria meses depois da estreia. O fato é que qualquer objeto cilíndrico pode se parecer com o órgão sexual masculino.
As lendas começaram com o primeiro longa-metragem da Disney, “Branca de Neve e os Sete Anões”, de 1937. Segundo a farsa, a protagonista faz um sinal satânico para se proteger (é o símbolo do heavy metal, com os dedos indicador e mínimo em riste, com os demais dobrados). Foi popularizado pelo músico Ronnie James Dio, nos anos 1970 (mesma época em que o sinal dos dedos foi incorporado ao satanismo, muito depois, portanto, da criação do desenho), mas Branca de Neve ficou marcada como aliada do capeta.
Em “Hércules”, o personagem Hades (senhor dos mortos) é apontado como disseminador do ódio a Jesus. A mensagem subliminar estaria nas chamas que se desprendem do seu corpo, que formam o nome do filho de Deus. Na internet, mais uma adulteração, com a formação perfeita do nome. No original, pode-se ver apenas um “S”. Hades, em outra cena, diz: “Estou prestes a reconstruir o mundo e o único que pode me impedir está vagando por aí”. Ele se referia a Hércules, seu grande inimigo, mas alguém entendeu que isto era uma mensagem antirreligiosa.