Até seu nome é no diminutivo: Itabaianinha. Localizada a 120 km de Aracajú, no estado do Sergipe, a cidade ficou famosa por ter entre seus moradores mais ilustres alguns “inhos” – e não apenas nos nomes ou apelidos, mas no tamanho também. Isso porque eles são anões.
Ao todo são 130 anões de uma população de 32.537 habitantes. Parece pouco? Mas não é não. Na verdade, é a maior concentração em um único lugar de pessoas que medem menos de 1,30 metro, e estamos falando do mundo todo (significa que há 1 anão para cada 300 habitantes).
A explicação para esse fenômeno está na geografia do local. A cidade, que é rural, rodeada por montanhas e de difícil acesso, acabou favorecendo casamentos consanguíneos, isto é, entre pessoas da mesma família. A dificuldade em encontrar parceiros que não fossem parentes fez com que algumas dessas pessoas fossem se casando com seus primos, tios etc – pelo menos assim eles justificam sua prática amorosa. E, apesar de incestuoso, esse tipo de relacionamento não é de forma alguma um tabu por lá.
Aliás, o casamento é normalmente um super acontecimento na região. Conhecido como casamento caipira, o evento de enlace matrimonial é sempre uma grande festa que movimenta a cidade toda. Alguns casais chegam a ter 60 padrinhos (30 casais) e o casamento parece um carnaval de rua, com desfile de cavalos e até cerimônia ensaiada.
Voltando aos pequeninos: a cidade sempre foi alvo de muitos curiosos, e inclusive virou tema de um documentário que se chama Terra de Gigantes, produzido por Ana Paula Teixeira, que virou expert no assunto e frequentemente recebe pesquisadores de outros países que se interessam por estudar os pequenos moradores da cidade.
Dois deles se tornaram verdadeiras celebridades do estado. São os irmãos Clécio e Cleidivan, os “Anões do Arroxa”. Eles trabalham na fabricação de cerâmica (atividade que é um dos carros-chefe da economia local), mas nas horas vagas alegram as pessoas cantando e tocando nas festas de Sergipe. Apesar do nome, a dupla toca vários estilos musicais, mas principalmente o forró.
Detalhe: Entre os habitantes que sofrem de nanismo, estão sendo contados somente os adultos. Isso porque alguns dos anões das novas gerações tem recebido hormônio do crescimento para terem a estatura mais próxima do padrão normal brasileiro. Mas nem todos querem isso. Alguns preferem continuar sendo “inho”, de nome (Zé Miúdo, Mundinho, Joaninha, Lerinho) e tamanho, mas “ão” de orgulho.