Até bem pouco tempo atrás, a calvície só podia ser disfarçada: homens e mulheres lançavam mão de perucas para ocultar a falta de cabelos. Os homens sofriam mais, porque os modelos disponíveis nunca caíam bem e conferiam um aspecto artificial à aparência, gerando muitas piadas. Na década de 1980, surgiram as primeiras técnicas de implante capilar (também chamado de transplante capilar), mas os resultados ainda não eram bons.
Com o tempo, novas tecnologias surgiram e hoje o implante capilar é um procedimento cirúrgico simples, realizado por um cirurgião plástico ou dermatologista, mas ainda tem limitações. O paciente precisa ter fios saudáveis nas laterais ou na parte posterior da cabeça, já que ainda não se desenvolveram técnicas para usar os cabelos de um doador: é realizado um autotransplante.
As causas da queda de cabelos
A queda de cabelos ocorre por um somatório de causas: envelhecimento, alterações hormonais e histórico familiar (observando-se os antecedentes do pai e da mãe).
Apesar do que dizem as lendas populares, deficiência de vitaminas, circulação sanguínea insuficiente ou suor excessivo no couro cabeludo e o uso contínuo de bonés e chapéus não provocam a calvície. Outras lendas sobre os cabelos: escovar os fios cem vezes ao dia não os torna mais fortes, homens que mantiveram seus fios até os 40 anos podem ficar carecas e não adianta apenas observar o aspecto dos avós para saber como será o futuro da cabeleira.
A calvície pode ser temporária ou permanente. Na temporária, um número maior de folículos capilares entra em descanso. A calvície permanente é determinada pela destruição dos folículos, devida ao estresse (físico e mental), anemia, disfunções da tireoide, quimioterapia, medicamentos contra hipertensão arterial, altas doses de vitamina A (presente em medicamentos para controlar a obesidade) e mudanças hormonais (uso de anticoncepcionais, gravidez, menopausa).
O implante capilar
A técnica é indicada para maiores de 25 anos. Parte do couro cabeludo rica em cabelos é retirada e a cicatriz é recoberta com os fios em pouco tempo. A área doadora é dividida em unidades foliculares (cada uma delas contém de um a quatro fios). Estas unidades são implantadas na área calva através de pequenas incisões de menos de um milímetro, que não provocam cicatrizes. A cirurgia, que dura cerca de cinco horas, é realizada com anestesia local e leve sedação, para evitar desconfortos.
O paciente não precisa ficar internado e pode voltar ao trabalho em dois dias e às atividades físicas leves no dia seguinte. Nos primeiros 15 dias, fumo e álcool devem ser evitados e recomenda-se o uso de chapéus para evitar o Sol durante seis semanas. Os resultados são definitivos e naturais para 95% dos casos, mas não devolvem o volume de cabelos da adolescência.
No dia seguinte ao implante, o paciente deve retornar ao hospital ou clínica para lavar a cabeça. Duas semanas depois, são retirados os pontos. Passado um mês, os fios implantados caem e voltam a crescer em 90 dias. O acompanhamento clínico é feito com 45 dias, três, seis, 12 e 18 meses.
Eventuais dermatites devem ser tratadas antes da realização do procedimento e a região de onde os folículos serão retirados deve ser massageada diariamente nos três meses anteriores ao implante capilar. No caso de mulheres, é preciso realizar reposição hormonal ou vitamínica, se estas forem as causas da queda.
Os melhores candidatos ao implante capilar são os homens e mulheres que apresentam fios fortes e espessos. Em geral, são necessárias duas sessões – em cada uma delas, são implantados de dois mil a cinco mil folículos capilares – e os cabelos começam a crescer em seis meses, em média. O intervalo entre as sessões é de 18 meses. As cirurgias que implantavam tufos de cabelo diretamente no couro cabeludo já estão ultrapassadas.
O Brasil é referência nas cirurgias de implante capilar, ao lado de Austrália, Canadá e EUA. O implante capilar melhora a autoestima dos pacientes. Cirurgiões afirmam que pacientes tímidos ou mal-humorados revelam uma nova personalidade com o avanço do tratamento, adquirindo autoconfiança. Cada sessão tem um custo entre R$ 10 mil e R$ 25 mil. O preço é alto porque envolve uma equipe especializada de sete a 12 pessoas. Não há previsões para que a cirurgia seja custeada pelo Sistema Único de Saúde.