O projeto Apolo foi um programa desenvolvido pela NASA (National Aeronautics and Space Administration, a agência responsável pela pesquisa e desenvolvimento de missões de exploração espacial).
O projeto foi desenvolvido entre 1961 e 1972. Os sete primeiros voos não levaram nenhum tripulante, mas os 11 voos seguintes levaram astronautas para o espaço. O ponto auge das missões Apolo foi o pouso da Apolo 11 no solo lunar. Em 1969, dois astronautas – Neil Armstrong e Edwin Aldrin passearam pela luz, coletaram amostras de solo e voltaram como heróis para o Cabo Canaveral, sede da NASA.
O pouso do módulo lunar da Apolo 11 foi assistido em tempo real em todo o planeta. Na época, ocorria a Guerra Fria, com EUA e URSS no papel de protagonistas. A antiga república soviética saiu na frente na corrida espacial, colocando o cosmonauta Iuri Gagarin em órbita da Terra, ainda em 1961, a bordo da Vostok 1.
Gagarin é o autor da frase “a Terra é azul”. Ele foi o primeiro a observar o planeta a partir do espaço. A disputa entre russos e americanos era tão acirrada, que até o nome dos tripulantes das naves era diferente: para os americanos, era astronauta; para os soviéticos, cosmonauta.
Também em 1961, o então presidente John Kennedy propôs um objetivo ousado para os EUA: atingir a Lua antes do final da década. A meta era garantir o pouso de um homem no solo lunar e, evidentemente, trazê-lo de volta à Terra em segurança. Apesar de muitas teorias de conspiração – sempre afirmando que o pouso da Apolo 11 foi uma farsa – o objetivo foi atingido.
O capitão Armstrong criou outra fase emblemática para a exploração espacial: ao tocar a Lua com seus pés, ele transmitiu uma mensagem para Houston – e para todos os cantos do mundo. “Este é um pequeno passo para o homem, mas gigantesco para a humanidade”.
A Lua, espelho do Sol, símbolo do inconsciente, da assimilação mental dos eventos externos, do yin (que recebe a força ativa do yang), representação de vários deuses antigos e centro da natureza instintiva, finalmente rendeu-se à Terra Mãe: o satélite abriu os seus segredos a três astronautas (o terceiro era Michael Collins, que permaneceu pilotando o módulo lunar).
Nós temos um problema!
“Espaço: a fronteira final”. Este foi um slogan criado pelos roteiristas do seriado “Jornada da Estrelas” (“Star Trek”), criado em 1966, que também deu origem a diversos filmes de longa metragem. No início dos anos 1970, os EUA pareciam estar desbravando esta fronteira.
Em 1970, no entanto, surgiram defeitos. A Apolo 13 (sétima expedição tripulada do projeto), no entanto, enfrentou problemas. O Lyndon John Space Center, sediado em Houston (Texas, EUA) captou uma mensagem dramática dos astronautas ocupantes do módulo espacial: “nós temos um problema”. Apenas nove meses depois no pouso com sucesso em nosso satélite natural, aparentemente o número treze, sempre citado como sinal de azar, não colaborou com o projeto.
O objetivo da expedição era explorar o lado escuro da Lua (o satélite sempre apresenta a mesma face, quando visto a partir da Terra). “The Dark Side of the Moon”, no entanto, não se mostrou disposto a mostrar os seus segredos. A visita a Fra Mauro, uma região selenita composta por depressões e planaltos, só se revelou aos humanos na missão seguinte, a Apolo 14.
Apenas a título de curiosidade, “treze” dá azar por ser este o número de comensais na última ceia – Jesus Cristo e os 12 apóstolos. Dias depois, o Messias (de acordo com as crenças cristãs) foi supliciado e morto em uma cruz. Quando o “treze” se associa a uma sexta-feira, a má-sorte está chegando a galope.
O Apolo 13, acoplado ao topo do foguete Saturno 5 (de 110 metros de altura), iniciou o voo em direção à Lua exatamente às 13h13min13s de 11 de abril de 1970, lançada do Centro Espacial Kennedy (Flórida, EUA). O número treze aparecia ainda em diversos locais do cronograma, como os horários de refeições e de descanso.
A tripulação oficial da Apolo 13 contava com os astronautas James Lovell, Fred Haise e John Swigert, que substituiu Ken Matingly poucos dias antes do lançamento; o astronauta aparentemente havia contraído rubéola. Ainda antes de entrarem no módulo lunar, os tripulantes enfrentaram um incêndio que consumiu todo o suprimento de mantimentos da nave.
Mais problemas
O problema principal, no entanto, surgiu nos tanques de combustível da nave. Poucos dias antes do lançamento, as análises indicavam que não havia saída adequada do gás liquefeito necessário à respiração dos astronautas. Os técnicos da NASA, contudo, concluíram que o defeito não se repetiria no espaço, em função da velocidade e das diferenças de temperatura e pressão.
Um ou outro defeito em viagens siderais são considerados normais. A Apolo 13 seguiu o seu destino e, nos primeiros momentos do voo, a principal reclamação dos tripulantes era o “tédio total” que imperava no módulo lunar. Na verdade, tudo corria bem.
O tédio acabou no anoitecer de 13 de abril. Um tanque de oxigênio explodiu e levou com ele todo um compartimento de serviço que ocupava quatro metros quadrados de espaço. É provável que o acidente tenha sido provocado com o aumento da voltagem do aquecedor elétrico (que aumentava a saída do gás pelo reservatório).
Com este acidente, a temperatura subiu de 25°C a mais de 500°C em alguns ambientes da Apolo 13, que naturalmente se tornaram interditadas para os astronautas. O controle automático de aquecimento foi pelos ares – este é o motivo do vazamento de oxigênio, que, como um gás, se expandiu absurdamente, provocando a explosão.
A 330 mil quilômetros da Terra, o comandante Swigert lançou o alerta: “Houston, temos um problema”. Em um primeiro momento, contudo, os astronautas não perceberam totalmente a gravidade do problema: o som não se propaga fora da atmosfera e a explosão do tanque de oxigênio foi entendida apenas como a batida de um porta.
James Lowell, no entanto, rapidamente percebeu o vazamento de algum tipo de gás. O tal gás era o oxigênio, que não servia apenas para respirar: era o responsável, misturado com hidrogênio, para gerar água para beber e para refrigerar os equipamentos. Com estes problemas, a missão estava abortada. Restava aos técnicos da Terra encontrar um meio para garantir o retorno seguro dos tripulantes à superfície.
Para Lowell, Haise e Swigert, restava apena uma opção: deixar o módulo Odissey (do foguete, já com alguns estágios liberados), para se protegerem no módulo lunar (conhecido como módulo Aquarius), que concentrava as energias finais para o retorno à Terra.
Aquarius, no entanto, havia sido projetado para abrigar apenas duas pessoas. Sua função era conduzir dois tripulantes à superfície lunar. Os filtros do módulo não davam conta de garantir a respiração de três tripulantes. Os astronautas tiveram de improvisar com fitas adesivas, papelão e sacos plásticos. Tarefa equacionada, chegou o momento de pensar em como voltar.
O combustível não era suficiente para inverter a trajetória da nave. A alternativa seria colocar o foguete em uma trajetória de retorno livre: a Apolo 13 orbitaria a Lua e entraria em uma órbita que a levaria de volta para a Terra. Em geral, os astronautas usam a posição das estrelas para determinar os rumos do voo, mas os fragmentos da explosão, que seguiam o foguete, impediam a observação do cosmos.
Lovell finalmente conseguiu, em 14 de abril, identificar a rota correta, com o auxílio de filtros não comprometidos pelo Sol. Três dias depois, os astronautas caíram no oceano, sãos e salvos, no litoral de Samoa, a cerca de seis quilômetros do porta-aviões Iwo Jima. Estavam salvos, mas não chegaram à Lua, objetivo básico do projeto.
Em 1995, a epopeia da Apolo 13 foi levada ao cinema. Dirigido por Ron Howard e estrelado por Tom Hanks, a produção conferiu mais notoriedade à expressão; “Houston, temos um problema”. O projeto Apolo foi abandonado em 1975, substituído por naves reutilizáveis (os ônibus espaciais). O Congresso americano cortou boa parte das verbas e a população dos EUA deixou de se interessar pelos voos.