Quando a gente fala em filme da Disney logo pensa em produções como Branca de Neve, Pinóquio, Rei Leão etc – ou mesmo em alguma animação mais contemporânea. Ou seja, todos filmes super conservadores e sempre voltados para o público infantil ou infanto-juvenil. Pois o que muita gente não sabe é que antigamente (beeem antigamente, lá pelos idos das décadas de 1940 e 1950) a Disney funcionava também como produtora de outros tipos de material cinematográfico. Entre eles estavam curtas educacionais, filmes institucionais, material publicitário, entre outros. A maioria, inclusive, caiu no esquecimento. E por motivos óbvios, né?, já que alguns dos temas não são tão interessantes ou alguns dos filmes já ficaram antiquados mesmo.
Mas algumas dessas produções são muito interessantes e com alguns temas que chamam bastante a atenção. E, pra nossa sorte, a maioria é muito fácil de ser encontrada na internet, já que a Disney não teve interesse em renovar os direitos autorais sobre essas obras e muitas delas passaram a ser de domínio público. Grande parte pode ser assistida no YouTube, inclusive.
É o caso do curta A história da menstruação, filme produzido em 1946 (quase dez anos depois de A Branca de Neve, o grande clássico Disney) e que, se hoje tem um conteúdo considerado super normal, na época deve ter sido bem polêmico, pois tratava de um assunto um tanto constrangedor para as mocinhas.
O filme, que tinha caráter educativo, foi apresentado para milhares de estudantes dos Estados Unidos em aulas sobre saúde e higiene e era distribuído juntamente com um livro chamado “Muito íntimo”. A divulgação do material era sempre feita com a presença de um ginecologista, o que permitia que ela fosse feita em escolas – e junto com a marca Disney dava credibilidade às informações apresentadas.
Uma curiosidade: embora seja um filme bastante conservador, mesmo para a época, foi o primeiro da história do cinema a ter a palavra vagina no roteiro. Palavra que as moças “de família” jamais usavam para se referir ao órgão feminino. Ainda assim, ele trata apenas de menstruação, fecundação, dos métodos de higiene e de absorventes, “ignorando” totalmente a parte sexual ligada à reprodução.
O vídeo é bastante curioso e não apenas educativo. E bastante dramático, também. Em alguns momentos chega a ser melancólico e até comovente – já em outros é cômico. Por outro lado, mostra bastante das técnicas de cinema utilizadas na época e foi o precursor dos filmes patrocinados por grandes marcas de produtos.