Conheça mais sobre a história do chocolate.
O chocolate é uma guloseima produzida a partir das amêndoas fermentadas e torradas do cacau. O cacaueiro é uma planta nativa do México e América Central e os primeiros registros sobre o consumo datam do período da civilização olmeca, que viveu nas regiões centro e sul do México entre 1500 e 400 a.C. Os olmecas bebiam o chocolate.
Inicialmente, os povos nativos coletavam as frutas. Com o desenvolvimento da agricultura, o cacau se tornou uma das primeiras culturas. A evidência mais antiga de uma lavoura data de 1400 a 1100 a.C.; foram encontradas de cuias com vestígios de uma aguardente em Puerto Escondido, em Honduras. A bebida, obtida graças à fermentação do açúcar da polpa, ainda é produzida em diversos locais centro-americanos.
Mais tarde, toltecas, astecas e maias, povos que habitaram a mesma região e colonizaram os territórios onde hoje ficam Honduras e Guatemala, também plantaram cacau. Os maias produziram uma bebida amarga – o xocoatl –, cuja receita é cacau misturado com baunilha e pimenta. Eles acreditavam que o alimento combatia o cansaço e tinha poderes afrodisíacos. Documentos maias e astecas mostram que a bebida era utilizada em cerimônias religiosas; no dia a dia, apenas os nobres e os guerreiros tinham acesso ao xocoatl.
O cacau era tão importante para a economia da América Central que gradualmente se tornou moeda. Com dez grãos, era possível comprar um animal de pequeno porte. Os impostos eram pagos com as favas e o império asteca, que teve início no norte mexicano, consolidou-se a partir do momento em que passou a controlar as regiões cacaueiras do istmo de Tehuantepec (México) e da Guatemala.
Um cronista espanhol do século XV que acompanhou Hernán Cortez (conquistador do México) narrou que os depósitos do imperador Montezuma II guardavam 40 mil cargas de amêndoas, cerca de 1.200 toneladas. O uso do cacau como meio de troca persistiu até o século XX.
Os europeus só descobriram o uso do cacau como alimento em 1519, quando os maias foram finalmente derrotados por Cortez. De início, o produto não chamou a atenção dos conquistadores: era amargo demais para o seu paladar. Com a implantação das primeiras colônias – e a inevitável miscigenação –, o xocoatl começou a fazer parte da dieta dos crioulos (descendentes de espanhóis e nativos), misturado com açúcar, canela e erva-doce.
Em 1526, quando Cortez retornou para a Europa, levou na bagagem pó de cacau prensado, uma técnica já utilizada pelos maias; os tabletes facilitavam o transporte. A bebida agradou o paladar dos espanhóis. O primeiro carregamento comercial ocorreu 60 anos depois, e o cacau permaneceu por muito tempo como um “segredo de Estado”. O chocolate, raro e caro, era acessível apenas à nobreza. No início do século XVII, foi introduzido na Itália e França, espalhando-se rapidamente por toda a Europa.
A produção cacaueira do México logo se tornou insuficiente. A planta foi introduzida na Venezuela e Equador, para fazer frente à demanda. Franceses e holandeses contrabandearam algumas mudas para suas colônias no Caribe e começaram a disputar o mercado. Progressivamente, o cacau foi introduzido como ingrediente em receitas de doces.
No século XIX, os portugueses levaram o cacau para suas colônias: Brasil, golfo da Guiné e Angola, na África, e sudeste asiático, provocando um forte aumento da produção. Em 1867, finalmente, os suíços tiveram a ideia de misturar o chocolate ao leite condensado, uma invenção de Henri Nestlé: nasciam os bombons e barras de chocolate, semelhantes aos consumidos atualmente.