Especialmente nos EUA, muitos secretários de Estado (cargo equivalente ao de ministro no Brasil) tiveram de renunciar às suas funções por terem se envolvido em escândalos sexuais, como adultérios e orgias. O então presidente Bill Clinton se envolveu num dos principais “bas fonds” da história americana: por muito tempo, negou ter mantido relações com uma estagiária da Casa Branca, Mônica Lewinski, para finalmente admitir que a jovem havia feito sexo oral com ele. O Partido Republicano tentou mover um processo de impeachment, mas a popularidade do governante, aliada a um grande jogo de cena da primeira dama, que perdoou o marido publicamente, permitiram que ele se mantivesse no cargo.
No Brasil, fatos do gênero dificilmente abalam as estruturas do poder. Em geral, servem apenas para encher as páginas de revistas e sites de fofocas. Noutros países, no entanto, podem mudar o rumo da história. Conheça alguns dos grandes escândalos sexuais da história.
Marilyn Monroe
Uma das divas do cinema americano conquistou uma multidão de fãs entre os anos 1950 e 1960. A loira platinada, que afirmava dormir com “duas gotas de Chanel nº 5”, conseguiu atrair a atenção inclusive do presidente John Kennedy. Alguns historiadores afirmam que ele sofria de compulsão sexual.
Na festa de 45 anos do presidente, em 1962, Marilyn Monroe saiu de um imenso bolo cantando um provocante “Happy Birthday, Mr. President”, durante um evento no Madison Square Garden que reuniu mais de 15 mil pessoas. O presidente teria dito que, depois da homenagem, ele já poderia se aposentar. O vídeo está disponível em diversos sites.
Kennedy e Marilyn tiveram um caso romântico até 1963, quando a atriz se suicidou. Várias teorias da conspiração afirmam que o FBI ou a CIA teria “neutralizado” a ameaça política, para não prejudicar a carreira pública do presidente, que, meses depois, foi assassinado em Dallas, Texas.
O absorvente íntimo
Tudo começou como um conto de fadas, com a mocinha chegando uma carruagem para o casamento com o príncipe. Mas ele não tinha nada de encantado. Em 1981, Diana Spencer uniu-se ao príncipe Charles, herdeiro do trono inglês. Pouco tempo depois, começaram a surgir os primeiros rumores de traição.
O auge do escândalo ocorreu em 1989, quando uma ligação telefônica do príncipe foi grampeada: ele falava com a plebeia (e casada) Camila Parker Bowles e afirmava, entre outras coisas, que queria ser “seu absorvente íntimo”. O diálogo foi estampado nos tabloides londrinos e gerou muita discussão: parte dos ingleses queria que Charles renunciasse a seus direitos de herança, transferindo-os para o príncipe William.
Em 1992, ruíram os casamentos de três príncipes ingleses: Charles, Andrew e Anne. Isto, aliado a um incêndio que destruiu grande parte do Castelo de Windsor, fez a pobre rainha Elizabeth II declarar, em seu discurso ao Parlamento, que aquele tinha sido um “annus horribilis”.
Não foram felizes para sempre: a princesa morreu num acidente quando seu motorista tentava escapar de um grupo de paparazzi e Charles, oficialmente viúvo, casou-se com Camila (a quem Diana chamava de “rottweiller”). Ainda se discute se ela receberá o título de rainha consorte.
O premiê italiano
Sílvio Berlusconi foi presidente do Conselho de Ministros da Itália em quatro períodos, o primeiro deles entre 1994 e 1995. Ele também é presidente do Milan, um dos maiores clubes de futebol do mundo. Mas, além das denúncias de tráfico de influência, abuso de poder e corrupção, o político é famoso também por suas festinhas, que reúnem muitas autoridades italianas, sempre acompanhadas por jovens atraentes.
Numa destas festas, sempre realizadas em sua luxuosa mansão, no entanto, Berlusconi teria contratado uma egípcia de 24 anos: Ruby Rubacuori, para participar de orgias sexuais (na verdade, ela é marroquina e seu nome verdadeiro é Karima El-Mahroug). Os problemas começaram quando a garota foi acusada de roubo e o primeiro ministro interferiu para soltá-la e encerrar o processo.
Em 2009, surgiu o caso Noemi, uma menor de idade, segundo o ministério público, que teria sido o pivô do divórcio do político. A ex-mulher exigiu uma fortuna durante o processo. Berlusconi sofreu um grande desgaste e dois anos depois abandonou o cargo. Atualmente, ele tem 76 anos.
O padre e as fiéis
Fernando Lugo é um sacerdote paraguaio, aposentado sem explicações pela Igreja Católica em 2004, quando passou a ostentar o título de bispo emérito. Especula-se que ele foi afastado em função da militância política. Em 2008, Lugo concorreu e venceu as eleições presidenciais em seu país.
Então começaram os problemas. No ano seguinte, o ex-padre foi obrigado pela justiça a reconhecer a paternidade de um jovem. Surgiram outros dois filhos, gerados num período em que, em tese, Lugo estava obrigado por juramento à castidade. Padres católicos não podem se casar, nem manter relações sexuais. A popularidade do presidente despencou: em 2010, 65% dos paraguaios consideravam seu governo ruim ou péssimo.
A oposição no Senado e a forte insatisfação popular levaram o presidente a declarar que não iria se candidatar à reeleição. Não adiantou. Em junho de 2012, enquanto participava da conferência ambiental Rio + 20, no Brasil, Lugo foi destituído do cargo, por “mau desempenho”. Desde então, o Paraguai está suspenso do Mercosul.
Fim de carreira
Dominique Strauss-Kahn era um político francês em franca ascensão: foi ministro das Finanças e, em 2007, foi escolhido para dirigir o Fundo Monetário Internacional (FMI), cargo que ocupou até 2011, quando uma camareira de hotel acusou-o de assédio sexual, cárcere privado e tentativa de estupro.
O político foi retirado do avião que o levaria para Paris, preso e obrigado a pagar fiança de um milhão de dólares. No rasto do escândalo, uma jornalista francesa afirmou também ter sofrido assédio.
Mas o depoimento da camareira estava repleto de contradições e havia suspeitas de que ela estava envolvida com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Com isto, o caso perdeu força, mas Strauss-Kahn viu-se impedido de disputar a indicação do Partido Socialista para concorrer com Nicolás Sarkozy nas eleições presidenciais.
Um caso brasileiro
Corrupção e inflação marcaram o governo Collor, primeiro presidente brasileiro eleito pelo povo (em 1989) depois de 21 anos de ditadura militar e quatro anos de governo José Sarney, eleito indiretamente como vice pelo Congresso Nacional, empossado como presidente após a doença e morte de Tancredo Neves.
Fernando Collor de Mello definiu o caso como “nitroglicerina pura”. Zélia Cardoso de Melo, ministra da Economia responsável pelo confisco das poupanças e por vários planos desastrosos, passou a ver o ministro da Justiça, Bernardo Cabral, com outros olhos.
O casal trocava bilhetinhos amorosos durante as reuniões do ministério (num deles, o ministro teria escrito que a saia de Zélia) e protagonizaram uma dança de 15 minutos que chamou atenção da sociedade brasiliense, ao som do bolero “Besame Mucho”. Era a festa de aniversário da ministra, que era solteira à época, mas Cabral, não. O adultério só deixou de figurar no Código Penal brasileiro em 2005.
O caso repercutiu negativamente na imprensa: Cabral se demitiu e Zélia foi demitida. O caso acabou pouco tempo depois.