Em condições normais, ele pesa, no máximo, 350 gramas e tem o tamanho de uma mão fechada. O calibre das válvulas cardíacas é de apenas 30 milímetros. Mesmo tão pequeno, o coração é muito importante – e já sabemos isto há milênios. Em uma caverna em Oviedo, na Espanha, há uma pintura de um mamute com o coração – centro da vida – em destaque. O desenho foi feito há 15 mil anos.
Entre os animais, o maior coração é o da baleia-azul (também o maior animal da Terra). Ele pesa até 680 kg. Mas ele bate apenas 25 vezes por minuto. O beija-flor, no entanto, tem o menor coração entre os animais vertebrados. Para manter a ave em atividade – é a única que consegue parar durante o voo (ela também voa para trás), o coração bate mil vezes a cada minuto.
O símbolo tradicional do coração (©) é um glifo. Seria muito difícil desenhar o órgão que temos no tórax e, por isto, foi simplificado. Mas há quem diga que ele foi inspirado no encontro de dois cisnes, aves que mantêm o mesmo parceiro por toda a vida. Na Antiguidade, acreditava-se que o coração era a sede de nossa alma, dos sentimentos, sensações e emoções. Outros afirmam que o símbolo é baseado no púbis feminino.
A versão mais aceita pelos historiadores é derivada do mito de Ísis e Osíris, deuses do panteão egípcio. A fruta dedicada a este casal de divindades (pais de Hórus, que representa o ciclo da vida) era o pêssego, que lembra o formato de um coração. Para os antigos egípcios, o coração era também a sede da mente e do intelecto.
Fatos surpreendentes sobre o coração
O coração é realmente surpreendente, uma obra de arte construída em milhares de milênios de evolução. O órgão trabalha ininterruptamente durante toda a nossa vida para bombear sangue rico em oxigênio para todas as partes do nosso corpo. No retorno, as veias carregam impurezas que serão eliminadas com a respiração.
Todos os dias, o coração gera energia que seria suficiente para impulsionar um caminhão por 32 km. Durante uma vida mediana, esta energia seria suficiente para levar nosso hipotético caminhão à Lua – e ainda trazê-lo de volta. De todos os músculos do nosso organismo, a maior carga de trabalho fica por conta do “coração que trazemos no peito”: durante 70 ou 80 anos, o órgão faz correr 1,5 bilhões de barris de sangue – o suficiente para encher 200 vagões-tanque de um trem. Cada barril tem capacidade para 158,98 litros.
Em menos de um minuto, o coração envia sangue e oxigênio para todo o organismo. Em apenas um dia, os cerca de cem mil batimentos cardíacos bombeiam dois mil litros de sangue, através de 60 mil quilômetros de ramificações existentes em um adulto.
O coração bombeia sangue diariamente para os 75 trilhões de células que compõem o corpo de um adulto de altura mediana. O único local não servido pelo sangue (e o oxigênio carreado) em nosso organismo são as nossas córneas (não existem vasos sanguíneos na região; os nutrientes necessários são transmitidos através dos canais lacrimais).
Normalmente, o coração das mulheres funciona mais rapidamente do que o dos homens. Ainda sobre o sexo feminino: durante décadas, as doenças cardíacas foram consideradas tipicamente masculinas. A participação no mercado de trabalho e o estresse, no entanto, “democratizaram” os males. Hoje, mulheres e homens partilham igualmente as urgências nos institutos de cardiologia.
Depois da concepção, em apenas quatro semanas, os futuros bebês deixam de ser apenas uma célula (formada pela fusão de espermatozoide e óvulo) para já apresentar as características humanas. Apesar de ter apenas o tamanho de uma semente de limão, ele já está dividido em camadas, para a formação dos tecidos e órgãos. No início do segundo mês da gestação, o coração começa a bater e a bombear sangue, apesar de ainda precisar do suporte materno.
Um recente estudo realizado na Suécia demonstrou que, ao ouvir um coral cantando, ocorre um fato realmente surpreendente: o ritmo cardíaco se altera, sincronizando-se ao das canções que estão sendo executadas. Em outras palavras, o coração se acalma ou se acelera de acordo com as músicas que estão sendo ouvidas.
Mais um fato surpreendente, que parece demonstrar a fidelidade de um animal muito chegado os humanos: ao ser montado, um cavalo também sincroniza os seus batimentos cardíacos ao do cavaleiro. O mesmo fato já foi verificado quando cães e gatos são acariciados pelos seus donos.
O coração e a saúde
Os problemas cardíacos são a principal causa de morte entre pessoas adultas. Além do trabalho incessante, ele sofre agressões determinadas por alguns de nossos hábitos, como alimentação inadequada, tabagismo, alcoofilia e sedentarismo. Estudos apontam que pessoas com níveis mais elevados de instrução apresentam menos problemas cardíacos.
Além da alimentação balanceada, do abandono dos vícios e da prática de exercícios físicos, contribuem para a boa saúde do coração: ausência de estresse, bons relacionamentos conjugais, familiares e de amizade e, acima de tudo, a felicidade.
Entre todos os dias do ano, o Natal é o que registra o maior número de ataques cardíacos, seguido pelo dia imediatamente posterior (26 de dezembro) e o Dia de Ano Novo. Vai a dica: é preciso conter as emoções nas grandes festas familiares. Além disto, insuficiências cardíacas, arritmias, infartos e isquemias são mais frequentes nas segundas-feiras, especialmente no período da manhã.
O coração, quando está enfraquecido, pode receber o suporte de um marca-passo, dispositivo desenvolvido para acelerar e regularizar o ritmo cardíaco. Os primeiros marca-passos eram externos a tinham o potencial de eletrocutar o paciente. Além disto, precisavam ser conectados a uma tomada elétrica, restringindo os movimentos do portador. Hoje, são implantados no tórax, abaixo das costelas, e apenas são trocados em intervalos de seis a oito anos.
Em condições normais, no entanto, o coração é um músculo extremamente resistente. Traumas no peito dificilmente alteram as condições do órgão, que continua a trabalhar normalmente. Um caso bastante comum é o choque do motorista contra o volante, em acidentes automobilísticos. Algumas costelas podem ser fraturadas, mas o coração continua firme e forte. Mesmo separado do corpo, ele continua a bater por alguns instantes, um dos fatores que permitem a doação, coleta e transporte do órgão, nos casos de morte cerebral.
O primeiro cateterismo cardíaco (ou cineangiocoronariografia) foi realizado em 1929, por um médico alemão que introduziu um cateter em sua veia e examinou o próprio coração. O primeiro transplante do órgão bem sucedido foi feito em 1967, pelo médico sul-africano Christiaan Barnard. O paciente sobreviveu por apenas 18 dias, mas a cirurgia se tornou um marco na história da medicina.
Mesmo trabalhando em condições árduas, o coração também precisa de descanso. Os vasos sanguíneos devem relaxar, para permitir a aceleração do fluxo sanguíneo. Como conseguir esta façanha? Basta dar uma gargalhada, que aumenta em até 20% a vazão do sangue. Beijos e relações sexuais também são fundamentais para permitir este relaxamento, que se mantém por até 45 minutos depois da risada ou da transa.
Por outro lado, é possível literalmente morrer de amor. Um evento traumático ou uma desilusão (com um parente ou um amante) é capaz de provocar a liberação, na corrente sanguínea, de alguns hormônios de estresse que, por um período determinado, chegam a imitar os sinais de um ataque cardíaco. Isto pode acarretar na falência do coração.