As glândulas adrenais (ou suprarrenais) são do tamanho de uma cereja, mas respondem por funções importantes no organismo. Algumas vezes, quando ocorre sobrecarga constante de trabalho, o cérebro envia mensagens de exaustão – é a fadiga adrenal, uma estratégia para poupar energia, que, por outro lado, pode desencadear uma série de sintomas.
As adrenais são glândulas endócrinas que, como o nome diz, estão situadas acima dos rins. A glândula direita tem forma triangular e a esquerda, de meia-lua. A principal função é a liberação de hormônios em resposta a situações de estresse, especialmente o cortisol e a adrenalina (ou epinefrina).
A adrenalina é conhecida como o hormônio da “luta ou fuga”, um importante instrumento evolutivo que nos trouxe até o século XXI: em segundos, um indivíduo analisa uma situação e decide se deve combater o adversário ou fugir e colocar-se a salvo. Para isto, as adrenais secretam este hormônio, fundamental para a resposta no tempo adequado. Depois disto, no entanto, elas precisam de tempo para reorganizar as suas funções.
As glândulas adrenais estimulam a conversão de gorduras e proteínas em glicose, ao mesmo tempo em que diminuem a velocidade de captação da glicose pelas células. Desta forma, ocorre um aumento da utilização das gorduras presentes no organismo.
Alguns estudos realizados nos EUA (não há pesquisas significativas na maior parte do mundo) indicam que 80% dos adultos experimentarão fadiga adrenal em algum momento de suas vidas. A doença ainda é desconhecida por boa parte da comunidade médica, apesar de já terem sido desenvolvidos protocolos para o seu diagnóstico.
O que é fadiga adrenal?
A fadiga adrenal é causada pelo estresse permanente e duradouro, que, no médio prazo, pode sobrecarregar as glândulas adrenais e interferir em seu funcionamento. Os principais sintomas são: distúrbios do sono, ganho de peso, cansaço constante e, em quadros não tratados adequadamente, depressão.
Em geral, existe um evento precipitante da fadiga adrenal, um episódio intenso de estresse emocional para o qual o organismo não conseguiu encontrar respostas adequadas. Esta não superação provoca instabilidades orgânicas, que se traduzem por sintomas considerados por alguns pacientes como “praticamente insuperáveis”.
A fadiga adrenal dificilmente leva o paciente a uma internação hospitalar, mas prejudica a qualidade de vida e chega a impedir o desenvolvimento das atividades do dia a dia. A medicina convencional realiza apenas testes para verificar distúrbios adrenais raros, como a doença de Addison e as síndromes de Cushing e de Waterhouse-Friderichsen.
O diagnóstico da fadiga adrenal é obtido através de entrevistas, exames clínicos e laboratoriais – um conjunto chamado perfil de estresse adrenal funcional. O médico americano Daniel Kalish desenvolveu um método de diagnóstico que também indica o melhor tratamento.
Os sintomas da fadiga adrenal
De início, os sintomas da fadiga adrenal são quase imperceptíveis, já que se confundem com situações cotidianas. Certo dia, o portador da fadiga vai dormir mais cedo – isto pode acontecer com qualquer pessoa. Sente-se cansado e resolve tirar a tarde de folga. Dorme e, quando acorda, é como se nada tivesse acontecido: a exaustão continua.
A fadiga adrenal compromete intensamente a saúde. Além do cansaço excessivo e sem motivo aparente, os pacientes podem apresentar infecções frequentes – gripes, resfriados, laringites, etc. –, dores musculares, ansiedade, irritabilidade, baixa da libido e dificuldade de manter uma ereção, tonturas, dificuldade de manter a concentração, apatia, compulsão por doces, e medo sem causa aparente.
Descrita há cerca de dez anos, a fadiga adrenal é quase sempre confundida com depressão, fibromialgia, labirintite, anemia e disfunções cardíacas. Sem tratamento, o distúrbio pode desencadear quadros de obesidade, diabetes, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e osteoporose. O tratamento isolado de qualquer destes males secundários, sem a necessária reorganização da carga hormonal, na maioria dos casos, não produz resultados positivos.
As causas da fadiga adrenal
O excesso de trabalho e de responsabilidades, as longas horas diárias de estudos e os aborrecimentos cotidianos são as principais causas da fadiga adrenal. Evidentemente, um curto período com uma jornada acima do normal – como a necessidade de entregar um projeto vantajoso – e a preparação para o vestibular ou um concurso público exigem uma cota extra de esforço, mas não geram prejuízos à saúde. atletas de alto rendimento também precisam alternar períodos intensivos de treinamento com fases de descanso e recuperação física e emocional.
O mal se instala quando a sobrecarga é constante, especialmente quando a atividade não promove satisfação intelectual e emocional. Com praticamente todas as horas do dia tomadas por compromissos, algumas atividades fundamentais são deixadas de lado.
A fadiga adrenal está sempre associada ao sedentarismo, má alimentação e problemas do sono. Para dar conta das tarefas diárias, o indivíduo abre mão dos exercícios, dos esportes, da boa mesa e até de uma boa noite de sono. Nas fases iniciais desta enfermidade, os pacientes chegam a renunciar aos encontros românticos e com amigos para dar conta das muitas tarefas em que se envolveram.
O tratamento para fadiga adrenal
A fadiga adrenal provoca uma série de sintomas que poderiam ser traduzidos como “indisposição geral”. Quando não conseguimos definir os sintomas, simplesmente dizemos “não estou me sentindo bem”. Esta indefinição é em parte pelos erros de diagnóstico.
Suplementos nutricionais podem auxiliar as adrenais a funcionarem corretamente, mas não podem ser considerados como terapêutica exclusiva para a enfermidade. Uma vez que o problema tenha sido diagnosticado, o primeiro passo é verificar o nível de queda na produção hormonal, através de exames de urina ou de saliva.
Com o resultado dos exames, o médico deverá iniciar um tratamento de reposição hormonal. Cortisol e adrenalina podem ser produzidos sinteticamente e ajudam na recomposição do equilíbrio orgânico. A adoção de uma dieta rica em ômega 3, vitamina C, antioxidantes e massas integrais. Alimentos ricos em glúten devem ter o consumo restringido inicialmente, pois são potencialmente alergênicos. Mas estes são apenas os passos iniciais.
A fadiga adrenal é determinada por uma rotina inadequada, estressante e desagradável. Portanto, a cura passa pela eliminação destes fatores. Em primeiro lugar, é preciso reorganizar a agenda, abrindo espaço para alguns “nadas” que causam satisfação: praticar um esporte, caminhar, cuidar de um jardim, brincar com uma criança.
Uma vez que os níveis hormonais estejam em equilíbrio, é preciso reduzir a jornada de trabalho, abandonar o sedentarismo, adotar uma dieta equilibrada, dedicar mais tempo à família e aos amigos. Esta é a parte mais difícil do tratamento, mas é também a mais eficaz – a única de garantir a manutenção dos benefícios.