O criacionismo sempre foi aceito, pelas mais diversas culturas, para explicar a origem dos seres. No Ocidente, a criação em seis dias era crença geral. A ciência evoluiu e o homem começou a ficar insatisfeito com as explicações dadas pelas religiões. Como a criança que chega à fase do “por quê?”, a humanidade queria saber a origem das coisas. No século XIX, o inglês Charles Darwin criou a teoria da evolução das espécies.
Darwin era um naturalista. Viajava para observar a natureza, flora e fauna. Certa vez, embarcou no navio Beagle e partiu para uma viagem em torno da terra, que durou 28 meses. Durante a viagem, leu o livro “Princípios da Geologia”, de Charles Lyell, e aprendeu sobre as camadas da Terra. O naturalista encontrou fósseis em escavações na América do Sul e na Oceania e passou a imaginar por que aqueles animais haviam desaparecido.
Na costa oeste da América do Sul, Darwin deparou-se com um animal para ele desconhecido: o iguana. Em pouco tempo, verificou que havia espécies marinhas, terrestres e arborícolas. Começou a imaginar se esses animais não teriam se adaptado às condições do meio para sobreviver. Nascia a teoria da evolução, dada a público em 1859, com o livro “A Origem das Espécies”.
Basicamente, a teoria de Darwin diz que os espécimes mais bem adaptados sobrevivem e produzem descendentes semelhantes a eles. Os frágeis desaparecem.
Hoje, sabe-se que os espécimes mais fortes reproduzem-se e transmitem seus genes à prole, o que determina a semelhança dos indivíduos da mesma espécie. Quando as condições são desfavoráveis, precisam migrar ou morrem, mas alguns conseguem adaptar-se ao novo ambiente: os que tiveram mutações genéticas (comuns nos seres simples, raras nos superiores) que propiciaram a aclimatação.
Darwin não sabia da existência dos genes. Os mecanismos da hereditariedade só começaram a ser decifrados em 1866, com as experiências do padre Gregor Mendel (era comum naturalistas tornarem-se religiosos na época; o próprio Darwin foi matriculado num curso de Artes, para posteriormente tornar-se clérigo). Mesmo assim, as observações do pesquisador revolucionaram a ciência e a forma de ver o mundo.
Hoje, parte dos criacionistas tenta conciliar ciência e religião. A maioria, porém, quer fazer valer a letra dos textos bíblicos. Há textos afirmando que os dinossauros foram contemporâneos dos homens, já que a existência desses animais não pode ser negada. Por outro lado, alguns cientistas parecem querer guerra. Recentemente, o biólogo Richard Dawkins publicou “Deus: um Delírio”. A intolerância parece ser a tônica.
Talvez a explicação mais simples seja a de que há uma potência criadora anterior a tudo o que existe. Quem é ela? Se os homens tivessem a humildade de declarar que ela existe, mas não fazem a menor ideia de como ela pode ser, creio que a intransigência caminharia para o fim.