Este é um exercício de pura ficção. Se os dinossauros ainda existissem, nós simplesmente não teríamos vez. Eles foram extintos na Era Mesozoica, mais precisamente no final do Período Cretáceo (há 65 milhões de anos), em função do choque de um meteoro de dez quilômetros de diâmetro contra a superfície do planeta, na região da atual península de Yucatán (México).
O cataclisma provocou uma explosão equivalente a cem trilhões de toneladas de TNT, aniquilando imediatamente milhões de seres vivos – não apenas os dinossauros, mas outros animais e também plantas. Nos meses seguintes, inúmeros incêndios, terremotos e maremotos destruíram campos e florestas (alguns dos hábitats dos dinos). Além disto, uma nuvem de poeira bloqueou a passagem dos raios solares e poluiu a atmosfera, desfavorecendo a existência da vida.
A extinção dos “reis da criação” da época, no entanto, apresentou um “efeito colateral” benéfico para diversas espécies que estavam surgindo. Eram peludos e de hábitos noturnos (nenhum deles se atrevia a se expor à luminosidade solar, condição em que se tornavam presas fáceis). Estes são os nossos ancestrais e de todos os demais mamíferos.
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A ressurreição, no melhor estilo de “Jurassic Park” (filme de 1993, dirigido pelo cineasta americano Steven Spielberg, que versa sobre a clonagem de dinossauros para apresentação em um parque temático) é um tema “muito além da imaginação”.
No entanto, um grupo de cientistas sul-coreanos vem tentando recriar mamutes em laboratório. Estes animais foram extintos bem mais recentemente, há apenas oito mil anos. Mas seria o primeiro passo para que pudéssemos visitar os dinos em parques e zoológicos.
Cultivando o intelecto
As condições determinadas pela grande extinção, caso não tivessem extinguido os dinossauros, poderia tê-los obrigado a reduzir as dimensões e também a desenvolver a capacidade intelectual. Muitos fósseis indicam que a maioria das espécies de dinos era dotada de crânios pequenos. Para sobreviver, eles teriam que se adaptar aos “novos tempos”.
Mas, se os dinossauros inteligentes (o termo técnico é dinossauroides, ou animais semelhantes aos antigos répteis), os mamíferos não teriam se multiplicado exponencialmente, não teriam se adaptado às mais diversas condições climáticas e topográficas e, por tabela, não teriam obedecido às determinações da Teoria da Evolução.
Admitindo hipoteticamente que os dinossauros tivessem sobrevivido, a evolução dos mamíferos teria sido bem diferente. É provável que tivéssemos desenvolvido fortes couraças e igualmente fortes garras, para tentar disputar espaço com os “lagartos terríveis” (este é o significado do termo dinossauro, apesar de muitas espécies terem sido vegetarianas e quase certamente pouco agressivas).
Possibilidades “econômicas”
Em uma abstração (ou viajada na maionese) ainda maior, podemos tentar imaginar que os dinossauros já nos encontrassem prontos e acabados, no topo da pirâmide zoológica do planeta. Seria possível domesticar dinos, como já fizemos com tantas outras espécies? Que utilidade os lagartões teriam para a nossa organização social?
Não é possível avaliar o sabor da carne e dos ovos dos dinossauros, mas é possível que o homem (“H. sapiens”), detentor de diversas técnicas pecuárias de manejo, transformasse argentinossauros em animais de pasto. Por que exatamente esta espécie? Porque os lagartões “hermanos” eram herbívoros, como as nossas vacas, cabras e ovelhas, e atingiam 100 kg de peso.
A indústria da moda poderia beneficiar-se destas criações: bolsas, calçados, jaquetas e casacos poderiam fazer bastante sucesso, como hoje acontece com os artigos de couro dos primos sobreviventes, como os crocodilos e serpentes (como as pítons, gigantes contemporâneas dos dinos que sobrevivem até hoje na África e Ásia).
Em um esforço imaginativo, é possível chegar ao infinito. Dinossauros poderiam ser adestrados como animais de transporte em todas as latitudes, já que, no apogeu, as espécies se espalharam por todo o planeta, com exceção dos polos.
É possível sonhar também com um dino de estimação. As espécies de velociraptores se apresentavam com diferentes dimensões. Relativamente pequenos, eles se organizaram para a caça em bando, ampliando as probabilidades de sucesso – isto indica que eram animais inteligentes. Os raptores poderiam vir a ser os verdadeiros “melhores amigos do homem?”.
Outras possibilidades
A clonagem dos dinossauros esbarra atualmente em uma impossibilidade técnicas: em todas as escavações de ninhos e rotas migratórias dos dinos, ainda não foi possível encontrar qualquer traço de DNA, cujo sequenciamento é necessário para produzir filhotes pré-históricos in vitro.
Por outro lado, alguns cientistas acreditam que nós temos um imenso material genético dos dinossauros à disposição, e ele não precisa ser procurado em esqueletos fósseis: está presente no tecido dos seus descendentes, as aves.
À época da grande extinção, os pterodátilos e pteranodontes já haviam se diferenciado geneticamente dos grandes dinossauros – apesar de também serem imensos. Na verdade, eram répteis voadores com grande autonomia: na época do acasalamento, podiam cruzar com facilidade o oceano Atlântico.
As aves de hoje são “dinossauros vivos”, guardadas as diferenças entre elas e os seus ancestrais. Elas perderam os dentes e as caudas carnudas, além de terem adaptado os membros anteriores exclusivamente para o voo (seus tataravós usavam os “braços” também para outras atividades, tais como locomoção e caça, por exemplo).
Mesmo assim, restaram semelhanças importantes, como a pata com três dedos e a fúrcula (em forma de Y, conhecida como “osso da sorte”). Durante o desenvolvimento ovular, os embriões chegam a começar a desenvolver braços e cauda, mas estes membros involuem por causa da ação de alguns genes atualmente dominantes.
O segredo para a produção de novos dinos é “apenas” desligar estes genes, permitindo o desenvolvimento dos apêndices. Pesquisadores da Universidade McGill, de Montreal (Canadá) e da Universidade de Wisconsin (EUA) já descobriram quais são os genes responsáveis pelo não desenvolvimento dos dentes das aves.
Neste ponto da discussão, é o caso de pensar: para que serviriam seres semelhantes aos dinossauros na atualidade? Na verdade, o objetivo não é recriar espécies, nem de exibir indivíduos para a curiosidade pública.
Os cientistas acreditam que, entendendo o mecanismo que transformou dinos em aves, será possível compreender diversos mecanismos genéticos – inclusive alguns que afetam a humanidade, provocando doenças fatais.
Os experimentos pretendem criar indivíduos únicos, apenas para fins de novas pesquisas. Desta forma, não há possibilidade de cruzamentos descontrolados, que poderiam colocar em risco o frágil equilíbrio ecológico do planeta.