Doenças comuns no verão

Sol, praia, piscina. Os dias quentes do verão prometem muitas alegrias. Mas é preciso tomar alguns cuidados, para que algumas doenças comuns nesta época do ano prejudiquem as férias. O calor propicia os programas fora de casa e as praias, parques e clubes ficam lotados, criando ambientes descontraídos, mas também aumentando as chances da transmissão de doenças contagiosas.

Conjuntivite

Uma das doenças mais comuns no verão, apesar de também ocorrer em outras épocas do ano, é a conjuntivite bacteriana, inflamação da membrana transparente dos olhos (a conjuntiva). É fácil contraí-la em praias impróprias para banho e em piscinas não tratadas adequadamente, ao partilhar toalhas, óculos, lenços, maquiagem e pelo contato direto.

Os sintomas são secreção amarelada, lacrimejamento, sensação de areia no olho, desconforto ou dor e inchaço das pálpebras. Em alguns casos, especialmente entre crianças, idosos e pessoas com problemas imunológicos, pode causar febre, fotofobia e inflamação dos gânglios do pescoço. Os sintomas duram três ou quatro dias e, enquanto eles persistirem, a doença é transmissível.

A limpeza regular do olho afetado com soro fisiológico melhora o aspecto e alivia a dor. Se for necessário aplicar um colírio, é preciso fazê-lo com orientação médica.

Otite externa

O canal auditivo é quente, úmido e escuro, ambiente perfeito para fungos e bactérias que provocam inflamações, especialmente quando a orelha é continuamente exposta à água: em alguns locais, a doença é conhecida como ouvido de nadador. É preciso estar com os ouvidos sempre enxutos para prevenir a doença.

Com o canal úmido, a cera dissolve-se, eliminando-se a defesa natural contra agressões externas. A inflamação provoca inchaço, prurido e coceira, que causa lesões na região por exigir o alívio – com mãos nem sempre muito bem higienizadas. Dor local, secreção e dificuldade de audição indicam otite. O tratamento é feito com corticoides tópicos.

Desidratação

No verão, o volume de água eliminado pela transpiração é maior, para regular a temperatura do corpo. Com o líquido, são perdidos também sais minerais, como cálcio, potássio e sódio.

A chance de ingerir um alimento estragado também aumenta: o calor faz a alegria dos camelôs, mas nem todos adotam boas normas de higienização no preparo e transporte dos alimentos. Isto pode provocar diarreias e vômitos, aumentando a perda de líquidos.

É preciso não se esquecer de ingerir muitos líquidos durante todo o dia. A água de coco e os isotônicos ajudam a repor os sais perdidos. Se ocorrer a desidratação, o soro caseiro, preparado com uma colher (sopa) de açúcar e uma colher (chá) de sal diluídos em um litro de água.

Alimentos contaminados também podem provocar Hepatite A, cujo vírus, que também pode estar presente na água, é transmitido de forma fecal-oral. Já existem vacinas contra a doença, mas apenas em clínicas particulares.

Insolação

Apesar das constantes advertências para que seja evitada a exposição ao sol entre 11h e 17h (horário de verão), horário de maior incidência dos raios ultravioleta, a maioria das pessoas em férias simplesmente ignora a regra e passa o dia todo e não respeita as dicas para o bronzeado perfeito: aumentar o banho de sol cinco minutos a cada dia, providência que inclusive evita o surgimento de manchas e sardas.

O resultado é a insolação, o aumento da temperatura corporal. Os sintomas são falta de ar, tonturas, dor de cabeça, náuseas, febre local, pele avermelhada e mesmo desmaios. A insolação vem sempre acompanhada da desidratação e podem surgir complicações, como bolhas na pele, que nunca devem ser perfuradas com agulhas.

Banhos prolongados em água fria ou levemente morna aliviam os sintomas e o sol deve ser evitado até que a pele perca o aspecto seco, mesmo que os demais sintomas tenham desaparecido. Para evitar a insolação, é preciso evitar o sol forte e sempre usar protetor ou bloqueador solar.

Doenças de pele

No verão, a pele fica mais úmida, por causa dos mergulhos ou mesmo pelo excesso de transpiração, mais um paraíso para fungos e bactérias. As brotoejas, pequenas bolinhas vermelhas, aparecem mais nas crianças, especialmente no pescoço e na virilha. Para acalmar a irritação, pode-se dissolver um pouco de amido de milho na água do banho ou aplicar pasta d’água nas regiões afetadas.

A oleosidade da pele aumenta nos dias quentes: é uma proteção natural para reter a umidade da epiderme. No entanto, quando se torna excessiva, pode favorecer o surgimento da acne. Engana-se quem pensa que os banhos de sol eliminam a acne: ela pode tornar-se mais branda, mas dias depois ressurge com mais força.

Ficar com biquínis ou sungas molhados por muito tempo favorece o surgimento da candidíase, inflamação provocada por fungos que se manifesta na forma de coceira e pequenos pontos avermelhados nos genitais e outras mucosas (os cantos da boca são especialmente afetados).

O pano branco (pitiríase versicolor) só afeta pessoas com baixa imunidade. O fungo é abundante em ambientes úmidos e quentes, quando a proliferação é alta. A doença causa manchas brancas na pele (em alguns casos, são castanhas ou avermelhadas).

O pé de atleta surge entre os dedos e causa vermelhidão, descamação e coceira. É altamente contagioso e muito desconfortável. Vestiários de clubes quase sempre estão lotados pelo fungo e não é aconselhável andar descalço: mesmo durante o banho, é preciso usar chinelos. Em casa, ao contrário, num ambiente higienizado, tirar os calçados ou usar sandálias abertas é indicado. Após o banho, é preciso enxugar muito bem as dobras do corpo e usar roupas de tecido natural, para permitir a evaporação do suor.

Bicho geográfico é contraído pelo contato com larvas de vermes nematoides, que penetram a pele. São praticamente invisíveis a olho nu, mas praias que permitem o acesso de cães e gatos certamente estão infestadas. Na pele humana, as larvas começam a escavar túneis, formando desenhos que lembram mapas. Ficam mais ativos à noite, provocando coceiras. É mais comum na areia, mas outros terrenos também podem conter as larvas.

A onicomicose é provocada por fungos e leveduras. É a doença das unhas mais frequente no verão. Ela começa pelas extremidades, conferindo um aspecto amarelado, grosso e feio. Além da questão estética, os dedos ficam dolorosos.

O tratamento destes problemas dermatológicos é relativamente fácil, com a aplicação de pomadas e cremes e, às vezes, antibióticos orais (no caso do bicho geográfico, com vermífugos). Mas o tempo excessivo sob o sol pode provocar câncer de pele, que se manifesta sob a forma de pequenos endurecimentos na epiderme, feridas que não cicatrizam e alterações em pintas e verrugas. Pessoas de pele mais clara são mais suscetíveis.