Muitas vezes, os dois termos – timidez e introversão – são usados como sinônimos, mas especialistas encontram diferenças: a timidez (retraimento ou acanhamento, palavra latina que significa “ter medo”) é uma condição de desconforto e inibição em algumas situações sociais específicas. Quando muito grave, este sentimento pode prejudicar as relações familiares, amorosas e de trabalho. Pessoas extremamente tímidas têm dificuldade em atingir seus objetivos e de manter relacionamentos estáveis.
A introversão é uma característica da personalidade. Um sujeito pode estar mais próximo de si mesmo e de seus pensamentos e reflexões (e, portanto, é introvertido; o termo também é latim e pode ser traduzido como “voltar-se para dentro”) do que outro que tem a atenção focada principalmente no próximo, no interlocutor (é extrovertido). A introversão fica bem próxima da timidez, porque, da mesma forma, o indivíduo de mostra acanhado, envergonhado e com dificuldade para se expressar.
Ser introvertido é uma forma de usar a atenção. O problema está no excesso. Na introversão, pode haver preocupação com as críticas alheias que chegam a paralisar a ação. No entanto, o introvertido é sempre um bom ouvinte e atento às necessidades do outro; com isto consegue conquistar boas amizades. Um introvertido sempre consegue entender o ponto de vista do seu interlocutor, mesmo que não concorde com a posição assumida.
São sinais de introversão: preferir ficar sozinho; refletir detidamente antes de se pronunciar sobre um assunto importante (fato observado inclusive nos sempre impulsivos adolescentes); ser “econômico” nas frases, expondo apenas o necessário; não ser popular; observar os grupos antes de se sociabilizar, o que pode gerar a fama de “esnobe”.
O tímido é retraído em algumas situações. Ele pode não gostar de festas e baladas, mas não apresenta problemas para atuar em equipe. Em outro caso, ele pode não falar em público, mas se mostra descontraído em ambientes sociais.
Entre os tímidos, os sintomas são mais evidentes. Ansiedade, suor, gagueira ou rubor sempre surgem quando é preciso ser “o centro das atenções” (por exemplo, na apresentação de um seminário); o tímido tem dificuldade em expor ideias, em geral apresenta baixa autoestima, não consegue olhar diretamente para os interlocutores, tem dificuldade em falar com estranhos e iniciar relacionamentos.
Quando começa o problema
Tanto para quem apresenta timidez, quanto para quem apresenta introversão, os problemas começam a surgir quando a personalidade prejudica a vida de relação. Uma pessoa pode simplesmente não conseguir expressar suas opiniões e necessidades, anulando-se em relação aos grupos de que participa.
Outra pessoa pode se deixar dominar por uma dose tão grande de medo e insegurança que deixa de frequentar festas, encontros e até alguns tipos de aulas, isolando-se dos colegas, amigos e mesmo da família. Algumas crianças e adolescentes chegam a desenvolver sintomas como febre e dores justamente nos dias em que precisam falar em sala de aula ou participar de apresentações festivas com os colegas de turma.
A fobia social
É um diagnóstico bastante controvertido nos meios psiquiátricos e psicoterapêuticos, mas especialistas garantem que a fobia social é um estado completamente diferente da timidez. Ela é um medo crônico, persistente e intenso de estar sendo observado e julgado pelos outros, sob o risco iminente de ser julgado e humilhado por suas ações a qualquer momento.
Uma pesquisa americana revelou que 9% dos adolescentes são fóbicos sociais. Eles apresentam maior probabilidade de desenvolver quadros de depressão e a sofrerem com o abuso de drogas (inclusive o álcool) do que os demais jovens. Isto seria um agravante do quadro, demandando um tratamento ainda mais delicado e profundo, inclusive com o uso de medicamentos para controlar as crises de tristeza e de ansiedade.
Enquanto o tímido sua fria e gagueja em situações sociais, o fóbico social pode sofrer vertigens e náuseas na mesma condição. Para indivíduos que portam esta fobia, o melhor lugar do mundo é o quarto vazio e fechado, sem companhias – ou testemunhas.
O tratamento para timidez e introversão
Muitas vezes, crianças e adolescentes tímidos ou introvertidos só precisam de mais atenção por parte da escola e da família. Em muitos casos, eles sofrem bullying (agressões físicas ou verbais no ambiente escolar ou em outros espaços de convivência, justamente por causa da introversão e isolamento).
Estes casos podem ser resolvidos com diálogos e discussões em grupo sobre o respeito devido ao próximo, especialmente aos que se mostram diferentes, que pode ocorrer na escola e em casa. Isto auxilia não apenas a vítima da agressão, mas o próprio agressor, que pode estar desenvolvendo um comportamento antissocial seriamente prejudicial na vida adulta.
Nos casos mais sérios de timidez e introversão, os indivíduos podem ser submetidos a sessões de coaching, psicoterapia cognitiva comportamental. Apesar de serem técnicas muito polêmicas, a hipnose e a programação neurolinguística (PNL) são outras opções de terapia.