No final do século VI, os chineses construíam pipas capazes de sustentar até 80 kg. Foi questão de tempo até que alguém se aventurasse numa destas pipas gigantes para enfrentar abismos e despenhadeiros. A asa-delta tem este nome por causa da semelhança com a letra grega delta, que é grafada como um triângulo. Prestando atenção a algumas dicas, o voo é seguro e uma experiência inesquecível.
A asa-delta é uma aeronave não motorizada com estrutura de alumínio, que permite a rigidez e segurança, e uma vela de náilon ou outro tecido sintético, responsável pela sustentação da asa no ar. Todo o equipamento pesa menos de 30 quilos.
A roupa ideal para a prática do voo de asa-delta é a mesma usada para as caminhadas: tênis, sandálias fechadas, calças esportivas ou bermudas, camisetas, tops, leggings. As mulheres devem evitar vestidos, saias e saltos altos. Roupas de ginástica são ideais, pois tudo começa com uma corrida pela rampa, que é rápida, mas bem puxada. Os mais friorentos precisam se proteger, pois, mesmo em dias quentes, o ar na altitude é bem mais frio.
No Brasil, a asa-delta só é permitida para os maiores de 16 anos (os menores de idade devem estar acompanhados por um responsável legal). O peso limite para os voos é de 95 kg. Com ventos fracos, este limite pode cair para menos de 90 kg. Mas os mais gordinhos não precisam ficar no solo: os parapentes são produzidos em diversos tamanhos e podem suportar, em tese, qualquer peso.
Além disto, no parapente, a decolagem é feita com uma caminhada e o aluno voa sentado, posição mais confortável que a da asa-delta, em que os pilotos voam na horizontal, o que exige certa força física. Na asa-delta, o ritmo, apesar de suave, é um pouco mais forte do que no parapente: a velocidade de voo e o “tranco” do pouso são mais rápidos. Uma asa-delta pode chegar a 100 km/h, apesar de os voos de instrução geralmente não ultrapassarem os 70 km/h. Em competições, esta aeronave pode atingir três mil metros de altitude.
Antes de pagar a matrícula e o seguro obrigatório, é preciso verificar se o instrutor e o clube são registrados na Associação Brasileira de Voo Livre, órgão que fiscaliza as rampas de salto no país. Faça sua inscrição diretamente com o clube, já que existem muitos “intermediários” que recolhem o dinheiro e simplesmente desaparecem. Algumas escolas fazem o agendamento dos voos através de seus sites e oferecem serviço de filmagem do voo, que pode durar até 20 minutos, em condições favoráveis, quando as correntes térmicas quentes empurram o equipamento para cima e permitem maior tempo de permanência no ar.
Para os inexperientes, só é possível realizar o voo duplo, acompanhados por um instrutor. Só é permitido tocar nos controles durante o voo: na decolagem e no pouso, eles são reservados ao piloto experiente. Durante o voo, vão sendo dadas instruções para distribuir o peso, de acordo com a direção do vento. Em geral, as empresas que oferecem os saltos mantêm escolas, para os que ficam “viciados” em asa-delta. E, acredite, são muitos.
Os clubes oferecem transporte até a rampa e a maioria permite a presença de um acompanhante. Todas as rampas que conheci oferecem paisagens maravilhosas e o passeio vale a pena mesmo para quem não pretende saltar. O acompanhante é útil também para carregar mochilas, carteiras, chaves, etc.
No caso de o voo ter sido previamente agendado, deve-se contatar o clube para saber as condições meteorológicas. Mesmo em um dia de Sol sem nuvens, os ventos podem ser desfavoráveis (fracos ou fortes demais para permitir a decolagem da asa-delta). Pelo mesmo motivo, os turistas não devem reservar o último dia da viagem para praticar asa-delta: o tempo pode estar inadequado.
Antes de saltar, é preciso fazer um treinamento em solo. Siga atentamente as instruções, para garantir a segurança na aventura. Se tiver dúvidas, não se acanhe em pedir mais informações. É preciso estar seguro para que o voo de asa-delta seja prazeroso. E, se na hora H, bater um pânico, simplesmente desista e curta a vista.
Ninguém vai repreendê-lo por isto. Muitas pessoas acham lindo ver a asa-delta planando sobre suas cabeças, mas se apavoram no momento do voo. 20% desistem na sua primeira tentativa.