Mesmo que fosse possível eliminar imediatamente a emissão dos gases que provocam o efeito estufa, a temperatura média do planeta sofrerá um acréscimo de 1°C nas próximas décadas. O efeito estufa é a retenção de parte da radiação solar infravermelha especialmente pelo vapor d’água e dióxido de carbono, presentes na atmosfera. Alguns locais, como certas ilhas da Oceania, já sofrem os feitos das mudanças de clima; portanto, é preciso se adaptar a elas.
Mudanças de clima
De acordo com o Painel Científico Internacional de Mudanças Climáticas (IPCC), na última década, a temperatura elevou-se de 0,7°C e 1°C: o retorno imediato às condições normais do efeito estufa (que é um fenômeno natural, porque é ele que determina o calor atmosférico necessário à vida na Terra), as alterações do clima continuarão a ocorrer por 20 ou 30 anos: é o chamado efeito inercial. Esta alteração de 2°C pode parecer pouco, mas será suficiente para alterar o regime de ventos e chuvas, provocando inundações, secas e furacões mais violentos. Também será determinante da extinção de várias espécies (os anfíbios já são os mais afetados) e do movimento rápido de massas polares, provocando temporadas de frio mais intensas.
Mudanças de hábitos
O cuidado com o meio ambiente é relativamente recente. Até os anos 1970, a humanidade vivia como se os recursos naturais fossem inextinguíveis. O sinal amarelo surgiu com a segunda crise do petróleo, em 1973, quando o preço dos combustíveis fósseis começou a disparar (aumento de 300% em alguns meses). A Medicina começou a divulgar mais amplamente os malefícios da poluição e tiveram início as primeiras pesquisas para desenvolver combustíveis “limpos”, purificar o ar e a água e restaurar áreas degradadas.
No entanto, as providências, até agora, são insuficientes. Continuamos poluindo (o etanol combustível também emite dióxido de carbono, num percentual muito inferior ao da gasolina e do diesel), desmatando para criar novas áreas para a agropecuária, avançando nossas cidades em áreas verdes. O resultado é um tempo maluco: enchentes em Santa Catarina e na região serrana do Rio de Janeiro, verões rigorosos na Austrália e na Europa Mediterrânea são exemplos de mudança de clima. Algumas regiões litorâneas já sofrem com o avanço do mar, provocado pela elevação do nível dos oceanos.
Problemas econômicos
Em que isto afeta a nossa vida diária? Além do incômodo provocado pelo calor intenso e pelo rápido deslocamento das frentes frias, o primeiro impacto é na alimentação. O frio intenso, por exemplo, prejudica a produção de hortas e pomares, além de reduzir a produção de leite (consequentemente, de todos os seus derivados). Mas o aumento da temperatura traz riscos muito piores, com a alteração total da produção agrícola e pecuária.
Se nada for feito, o sertão do Nordeste tende a sofrer um processo de desertificação, tornando-se inadequado para a espécie humana. É preciso proteger as reservas florestais, como o cerrado, a floresta Amazônica e o que restou da mata Atlântica, para garantir algum equilíbrio. Reduzir o assoreamento dos rios diminui o risco de enchentes.
Nas grandes cidades, é preciso um grande investimento em habitação para retirar comunidades de locais de risco (morros, beiras de rio, etc.). Os cidadãos também podem contribuir, utilizando o transporte público ou andando a pé, reciclando o lixo, comprando produtos a granel e recusando embalagens muito elaboradas.
O Brasil, no entanto, não está se preparando para as mudanças do clima. O Plano Nacional de Mudanças Climáticas possui apenas um artigo sobre possibilidades de adaptação. Segundo o documento, não existem cenários climáticos confiáveis para traçar uma política de adaptação.
A própria Política Nacional de Mudanças Climáticas, em discussão no Congresso, também não prevê um roteiro de adaptação. Os parlamentares responsáveis por sua elaboração defendem a definição de medidas de adaptação, que vão desde o mapeamento dos pontos críticos até o fortalecimento da defesa civil, para lidar com mudanças extremas do clima.