Uma citação antiga diz que uma pessoa só pode se considerar completa se “tiver um filho, escrever um livro e plantar uma árvore”.
Exageros à parte, plantar e cuidar de uma árvore exerce efeitos relaxantes e proporciona benefícios ao meio ambiente, especialmente nas médias e grandes cidades, com quase toda a área impermeabilizada por construções e pavimentações. Uma árvore adulta pode absorver até 250 litros de água por dia, reduzindo as probabilidades de enchentes.
As folhas caídas das árvores ajudam o solo. Cada gota de chuva que cai diretamente na terra provoca erosão e as folhas formam uma camada protetora. As sementes também são beneficiadas: ganham um tempo extra para recompor a vegetação natural e impedir que a terra fique desprotegida. Basta lembrar: estudam indicam que o solo da Amazônia não é extremamente fértil; a exuberância da floresta se mantém principalmente por causa da imensa quantidade de folhas mortas.
Áreas sem árvores não têm raízes, nem minhocas para remover a terra, que, com as chuvas, segue diretamente pra os cursos d’água, tornando os rios mais rasos e menos propícios ao desenvolvimento das diversas espécies de peixes e caramujos. Além disto, em tempos de seca, a oferta de água se torna cada vez menor.
Os cuidados
Plantar e cuidar de uma árvore, entretanto, não é uma tarefa tão simples quanto se imagina. Não basta abrir um buraco na terra, colocar a muda (ou semente) e esperar que ela se desenvolva por si só. Alguns cuidados especiais são necessários para que este novo “filho” cresça, apareça e tenha uma vida longa e saudável.
Antes de escolher as mudas e sementes, é preciso verificar a legislação local. Em muitos municípios, não é permitido escavar o solo por mais de um metro – é uma providência necessária para que a fiação elétrica e a tubulação de água e esgoto não sejam comprometidas.
É preciso escolher árvores adaptadas ao clima, solo e condições topográficas da região. Em cidades grandes e muito poluídas, a escolha deve recair sobre espécies mais resistentes e vale lembrar que as árvores frutíferas fornecerão frutos apenas para aves e insetos, tendo impróprias para consumo humano, a menos que estejam a uma distância segura das vias públicas.
Dê preferência às espécies nativas; as plantas exóticas podem causar danos à fauna e à flora, mas, considerando a biodiversidade da flora brasileira – Amazônia, Pantanal Mato-Grossense, mata Atlântica, mata de cocais, pampas, etc., não faltarão opções. Esteja atento também às peculiaridades da região: uma araucária não consegue se adaptar ao clima quente do Piauí – e o mesmo acontece com um mogno, nativo da floresta Amazônica, nas serras gaúchas e catarinenses.
O primeiro passo é escolher o momento certo para plantar a árvore. Períodos desfavoráveis são o final da primavera e o verão. O calor estressa a planta e pode ser responsável pela sua morte prematura. Esta, no entanto, não é uma regra geral (tudo depende da espécie; carvalhos e vidoeiros se desenvolvem melhor quando plantados nos dias mais quentes do ano). O plantio no início do outono permite que as primeiras raízes acumulem nutrientes para suportar o inverno.
Mas, como na maior parte do território brasileiro o tempo é quase sempre quente, o momento ideal para plantar uma árvore é logo depois de um período de chuvas. As plantas se desenvolvem melhor quando o solo está saturado de água, especialmente quando se sucede em seguida um longo período de Sol, para que haja tempo para o desenvolvimento adequado e a adaptação ao clima e às espécies que crescem no mesmo terreno.
O plantio de árvores
No momento do plantio, prepare uma cova com espaço suficiente para quatro ou cinco vezes a largura da raiz, para que ela possa se desenvolver sem encontrar pedras e outros obstáculos. Ao plantar mudas, não é necessário cortar as raízes salientes do torrão (bloco de terra que vem junto com a muda); elas vão ajudar no desenvolvimento da árvore.
Ao cavar a cova, crie um montinho de terra de cerca de um centímetro mais elevado exatamente no local em que a muda vai ser colocada. Esta diferença de elevação evita que as raízes fiquem em contato direto com a água acumulada. As águas escorrem para os lados e impedem que as raízes apodreçam. A maior parte das árvores jovens morre por “afogamento”, seja por excesso de rega, seja porque a muda foi colocada em um local de água estagnada.
Os cuidados
Enquanto a árvore ainda está pequena, regue-a regularmente, de manhã e ao fim da tarde, mas evite fazer isto nas horas de Sol a pino: você pode, sem querer, cozinhar a planta. Além disto, a água sob as folhas funciona como uma lente de aumento: deixa marcas na folhagem e pode até prejudicar a visão de passantes e motoristas.
Verifique as características da espécie escolhido: quando são muito jovens, as árvores não incomodam ninguém. No entanto, algumas podem desenvolver grande volume de raízes, determinando a quebra do asfalto à sua volta (ou causando a queda do tronco por falta de espaço para o desenvolvimento). Outras perdem muitas folhas, flores e frutas, o que pode causar o entupimento de bueiros. Frutas muito grandes, como jacas, podem ser um risco para os transeuntes, caso a planta esteja na calçada.
É preciso estar atento às necessidades de poda de uma árvore adulta. Algumas não dão flores a menos que sejam podadas na época certa. Outras não têm problemas biológicos com o desenvolvimento, mas podem afetar a fiação elétrica com uma copa muito grande ou deitar galhos baixos, prejudicando a circulação de pedestres.
As árvores desempenham funções extraordinárias em um jardim ou uma calçada. Tornam o ambiente mais bonito, dão sombra, ajudam a preservar o solo, melhoram a qualidade do ar, mantêm a capacidade de drenagem da água das chuvas e, em muitos casos, oferecem flores e frutas. Mas é preciso lembrar que elas também são seres vivos: quem quiser plantar uma árvore, tem que aprender a cuidar dela. Felizmente, este é um hábito relaxante e saudável.