Muitos estudantes ficam perdidos no final de um curso técnico ou de uma graduação, sem saber que destino tomar. Na verdade, as decisões para planejar a carreira profissional precisam começar bem antes, ainda no ensino fundamental, com testes vocacionais e visitas a feiras de profissões. Neste estágio, a participação de pais e professores é fundamental, em função da imaturidade dos adolescentes. Sem orientação, muitos alunos desistem do curso ao descobrir que não tem afinidades com a área escolhida, o que é um desperdício de tempo e dinheiro.
Quanto antes o planejamento for feito, melhores as possibilidades de sucesso na carreira. O curso técnico capacita o jovem para o exercício profissional, mas a formação acadêmica precisa continuar. Um técnico em eletrônica pode fazer graduação em engenharia, quem escolhe uma carreira do eixo de hospitalidade pode fazer um curso de turismo, etc. Num mercado competitivo, é importante qualificar-se cada vez mais e estar sempre atualizado.
Ao escolher a faculdade, é preciso estabelecer metas. Existe uma verdadeira explosão de cursos universitários no Brasil, muitos deles de qualidade duvidosa. Muitas faculdades são mal conceituadas nas avaliações do Ministério da Saúde e, mesmo entre as que obtêm notas 4 ou 5 no ENADE – Exame Nacional do Desempenho de Estudantes, muitos formados não são pelas melhores empresas – que oferecem os maiores salários e benefícios trabalhistas.
O curso deve ser escolhido de acordo com as preferências durante o ensino médio. Quem não gosta de matemática não deve se candidatar a um curso de Economia ou Ciências Contábeis, assim como quem tem aversão por história certamente não se dará bem em Filosofia ou Sociologia.
Um estudante de Administração, por exemplo, deve dar ênfase, quando chegar a época de escolher as disciplinas optativas, em determinadas áreas, como marketing, comércio exterior, administração financeira, etc., sempre deixando um leque de alternativas, um “plano B”. Basta relacionar suas preferências e habilidades, identificando as tarefas que proporcionam mais satisfação.
A qualidade de vida está diretamente relacionada à rotina profissional, já que passamos a maior parte do tempo no trabalho. Exercer uma função sem prazer, em que se sente mal aproveitado ou mesmo em que as dificuldades parecem insuperáveis, é fonte de estresse, que certamente vai prejudicar a saúde integral.
Os estágios são muito importantes, especialmente para quem ainda não tem experiência profissional, e em alguns casos são obrigatórios. Eles familiarizam o jovem com a rotina profissional, o relacionamento com colegas e superiores e, se cumpridos com atenção, podem revelar os pontos fortes e fracos do estudante, que pode investir no que consegue fazer melhor e aprimorar os aspectos negativos.
Grandes empresas oferecem programas de trainee, mas os candidatos devem estar atentos. No nosso exemplo, o estudante de Administração que priorizou o estudo de técnicas de marketing não deve candidatar-se ao treinamento em empresas de consultoria, apenas porque há mais vagas ou o salário inicial é maior. Manter o foco na área escolhida é muito importante para planejar a carreira.
É preciso determinar metas e esforçar-se por atingi-las no curto, médio e longo prazos. Com o tempo, é preciso avaliar constantemente se os obstáculos estão sendo superados ou se a carreira está estagnada. É importante lembrar, no entanto, que as metas devem ser factíveis: só por milagre é possível tornar-se presidente de um grande banco ou diretor técnico de um hospital de excelência nos primeiros anos da vida profissional.
As condições de vida pessoal e familiar também devem fazer parte do planejamento. Para algumas pessoas, o importante é ter horários disponíveis para o lazer e os parentes, enquanto outras se atiram avidamente ao trabalho. Quem quer mais tempo para si próprio precisa abrir mão de promoções, que sempre vêm acompanhadas de novas responsabilidades, da necessidade de networking, de dedicação maior.
Mesmo formado e trabalhando, é preciso planejar a continuidade dos estudos. Parte do salário deve ser investida na educação. Novamente, é preciso identificar as próprias características e necessidades. Quem quer evoluir em grandes empresas deve optar por cursos de especialização (como os de MBA). Já a vocação para a docência e a pesquisa pode ser despertada durante a graduação: neste caso, a melhor opção é o mestrado (pós-graduação stricto sensu), seguido do doutorado, para dedicar-se à carreira universitária.