Na China, a invenção da bicicleta é atribuída a Lu Ban, que viveu há mais de 2.500 anos. No Ocidente, o primeiro protótipo conhecido é de Leonardo da Vinci, pintor, escultor, inventor e filósofo, mas o certo é que a invenção deve ser creditada a Karl von Drois, que começou a produzir o brinquedo em escala comercial, então chamado celerífero, em 1817. De lá para cá, pedalar nas ruas, pistas, estradas, off-road e, mais recentemente, nas academias (o chamado spinning) tornou-se cada vez mais popular.
O ciclismo é uma atividade rítmica e cíclica que fortalece o sistema cardiovascular. É indicado ainda para queima de gordura e fortalecimento dos músculos das pernas e glúteos, nos exercícios. Pedalar nas ruas é um exercício aeróbico: fortalece a capacidade pulmonar e, por exigir um teor maior de oxigênio, transmite energia especialmente ao tecido muscular.
Pedalar em pistas ou off-road pode ser aeróbico ou anaeróbico, nos treinos de curta duração e alta intensidade: são os sprints. Três minutos diários de sprints garantem aceleração do metabolismo e, consequentemente, queima de calorias. No entanto, são exercícios para atletas mais experientes: os amadores devem se limitar a pedalar na rua ou nas academias.
A escolha da bicicleta
Tudo depende do uso. Bicicletas para uso urbano não precisam de marchas, mas o câmbio é fundamental para quem quer se arriscar em trilhas. É importante não cair no golpe das bicicletas baratas: as soldas do quadro e garfo (a “garra” que prende as rodas) podem se partir, o guidom pode ficar desalinhado e o selim certamente será inadequado, especialmente para os homens.
Uma boa bicicleta não trepida nas pedaladas e permite ajustes finos. Quanto melhor a suspensão, mais macio o acionamento e menor a folga. Os aros devem estar perfeitamente alinhados (basta verificar se há trancos nas freadas). Muitas bicicletarias oferecem test drives. Quem pretende adotar as pedaladas como exercício regular deve testar as bicicletas, para verificar a que melhor se adapta ao seu biotipo.
Os gordinhos podem se beneficiar ao pedalar nas ruas, mas é preciso estar atento ao modelo escolhido. As bicicletas fabricadas no Brasil, em geral, suportam até 90kg. Acima disto, o desgaste é rápido e podem ocorrer acidentes. A altura do ciclista também deve ser observada. O Brasil criou recentemente um padrão de normas técnicas, semelhante ao adotado pelos EUA e Europa, mas este padrão é frequentemente negligenciado pela indústria. O resultado são dores fortes no pescoço e costas.
Para verificar se a bicicleta é adequada ao atleta, uma dica: o tronco deve permanecer ereto. Coluna encurvada significa pressão sobre o diafragma (músculo entre o tórax e o abdômen) e consequentemente, prejuízo para a respiração e pressão inadequada sobre a gordura localizada no abdômen (os pneuzinhos da barriga). A altura da bicicleta também é importante: ao frear, o atleta deve ter condições de colocar os pés no chão com a coluna ereta.
Dicas simples para pedalar na rua
Em primeiro lugar, se a altura máxima do joelho, na pedalada, ficar acima da coxa, é preciso ajustar a altura do selim. A calibragem dos pneus também é importante: pneus murchos aumentam a superfície de contato entre a rua e a bicicleta, o que determina maior esforço. Quem usa a bicicleta como meio de transporte diário pode ter inclusive problemas nas articulações se não calibrar os pneus adequadamente.
Homens devem tomar cuidados especiais na regulagem da altura do selim. A pressão sobre os testículos pode causar incômodos e prejudicar a qualidade dos espermatozoides. Sente-se no selim e apoie o pé no pedal, na altura mais baixa; a perna deve ficar quase totalmente estendida.
A corrente que move as rodas merece cuidados especiais. O ideal é retirá-la regularmente e lavá-la com querosene. Quem pedala pouco pode limpar a corrente com uma escova de dentes, mas quem usa a bike como transporte regular, utilizando-a por mais de 10km por dia, precisa fazer uma limpeza mais profunda.
Pedalar com segurança
Existem normas oficiais que os motoristas devem observar quando acompanham ou ultrapassam ciclistas. Algumas delas resultam em infrações gravíssimas, com sete pontos na carteira de habilitação. Mesmo assim, acidentes entre carros e bikes são muito comuns; ainda não existe uma cultura de respeito aos ciclistas.
Por isto, quem pedala na rua deve tomar algumas precauções: não pedalar na contramão, usar roupas ou adesivos de cores berrantes e equipar a bicicleta com iluminação branca na frente e vermelha na traseira, sempre piscante; os refletivos fornecidos pela indústria são de pouca ajuda. Estudos indicam que o tempo de reação de um motorista não é suficiente para evitar um acidente.
Capacete, protetores de articulações (cotovelos e joelhos), luvas e roupas justas ao corpo, para evitar eventuais problemas com guidom e pedais, também são importantes.
Respeitar pedestres também é importante. Muitos ciclistas se queixam das infrações dos motoristas, mas invadem faixas exclusivas e pegam atalhos pelo passeio público. Na Avenida Paulista, em São Paulo, são registrados dois acidentes diários entre ciclistas e pedestres. É preciso exercer a cidadania: o erro de uns não justifica o erro de outros.