Ambiente estranho, objetos guardados em locais aparentemente inacessíveis, solidão cercada por rostos desconhecidos e, aparentemente, com pouca ou nenhuma disposição para fazer novos amigos. O primeiro dia de trabalho dura apenas oito horas, mas, em alguns casos, dá a impressão de ser uma eternidade para quem precisa se inteirar de um novo contexto.
Em alguns casos, a situação é absolutamente inversa: oito horas parecem ser insuficientes para assimilar todas as informações e apreender todas as atividades, processos e rotinas do dia a dia. Seja como for, o primeiro dia de trabalho é também o primeiro passo para a construção de uma carreira: é preciso torná-lo positivo.
Uma boa dica para o primeiro dia de trabalho: leve alguma coisa para comer, para não ficar refém de lanches de qualidade duvidosa na esquina ou de salgadinhos e amendoins. Mesmo com um horário de almoço definido, muitas empresas não respeitam esta pausa, que é obrigatória por lei. É possível até que seu chefe faça um convite para almoçarem juntos, mas, como diz o ditado, “é melhor prevenir do que remediar”.
Entrando no time
O começo com o pé direito surge ainda antes da entrada no local de trabalho. É preciso fazer uma pesquisa sobre as atividades da empresa (isto é importante ainda no processo seletivo) e, se possível, dos seus chefes. Atualmente, quase todas as pessoas possuem um perfil nas redes sociais, onde há informações preciosas para os primeiros contatos.
A regra, aqui é “menos é mais”: não force intimidade, não comente sobre os filhos de oito e seis anos, não diga que também adora o último roteiro de viagem dos seus chefes. Fale sobre generalidades ou, se eles fizerem o tipo “calado”, simplesmente não fale nada, ao menos até conquistar alguma intimidade e confiança.
Também é útil consultar algum funcionário para saber como as pessoas se comportam no dia a dia profissional: a roupa que os colegas usam (o chamado “dress code”), pausas para o café, utilização da internet para fins pessoais (e-mails, redes sociais), etc. É importante considerar que, mesmo que o traje esteja compatível com o ambiente, o asseio é fundamental.
A pontualidade é fundamental e a primeira impressão é a que fica – ou, ao menos, leva um tempo para ser desfeita. Culpar o trânsito ou o transporte coletivo só chama ainda mais a atenção para o atraso, e é preciso lembrar: os colegas eu chegaram na hora passaram pelos mesmos problemas.
Por falar em pontualidade, mesmo que esteja muito ansioso, procure ter uma boa noite de sono: passar o dia bocejando pode indicar desinteresse, e isto não é nada bom para o sucesso de uma carreira profissional que começa a se desenvolver.
Como problemas de trânsito realmente ocorrem, se for o caso, deve-se fazer o trajeto para testar a rota, qualquer que seja a sua condução (no mesmo horário de entrada) e consultar sites de trânsito para não fazer feio. É melhor ficar esperando meia hora na padaria da esquina.
Você vai precisar de muita atenção para assimilar as dezenas (ou centenas) de informações enquanto descobre o trajeto mais rápido para as muitas salas da empresa, para o banheiro e para a copa. Uma vez obtido o emprego, reserve alguns dias para acordar no horário necessário para fazer a higiene, tomar um bom café da manhã e dirigir-se ao emprego. E esqueça as sonecas da tarde: é preciso adaptar o organismo à nova rotina.
Roupas adequadas
Mesmo que a empresa adote um estilo casual, isto não significa que moletons, jeans surrados, camisetas com mensagens irônicas, chinelos e tênis “detonados” possam figurar em seus trajes de trabalho. Estas peças devem ir para o fundo do baú, substituídas por outras que passem a mensagem: “eu não sou mais um adolescente rebelde”.
Mas é preciso cuidado para não cair no erro oposto: traje formal não significa necessariamente terno e gravata (mas pode significar, para alguns cargos), e definitivamente não significa “terno usado há dois anos no casamento da prima”. Ninguém que ouvir o comentário do colega: “ei, quem é o cara de fraque sentado na mesa do fundo?”.
As mulheres devem evitar o excesso de maquiagem – o estilo nude está na moda e pode ser usado sem sustos. Além de tudo, é mais fácil de retocar. Transparências, decotes ousados e microssaias ficam reservados para as folgas e fins de semana.
Descobrindo novos horizontes
A regra mais importante a ser observada no primeiro dia de trabalho é observar, observar e observar. Mesmo tendo informações de algum colega sobre o comportamento e a cultura da empresa, quase sempre observamos aquilo que nos afeta. Desta forma, por exemplo, uma pessoa que usa muito pouco o telefone para chamadas particulares pode não ter percebido que a empresa tem restrições sérias sobre esta prática. Nossas observações, em alguns casos, são pessoais e intransferíveis.
É preciso também tomar cuidado com informações falsas. Um “fura-olho” que ocupe o mesmo cargo pode simplesmente querer atrapalhar o novo “rival” em eventuais promoções, descrevendo um ambiente exatamente oposto à realidade.
Novas propostas
Evite opiniões no primeiro dia de trabalho. Caso sejam solicitadas sugestões – em geral, os superiores podem traçar um panorama dos prós e contras da empresa –, peça alguns dias para ver se as suas ideias podem ser úteis e melhorar os gargalos. Chegar com pose de “eu sei tudo” pode provocar indisposições com os colegas.
Outras condutas inadequadas são a fofoca, a linguagem carregada de gírias (ou, pior ainda, de palavrões), o ar sedutor. O local de trabalho não é a cozinha de casa, nem um bar de solteiros.
Nos primeiros dias, não fale da empresa anterior, nem para elogiar, muito menos para reclamar. Só para comparar, isto tem o mesmo efeito de falar sobre um antigo relacionamento para a atual namorada. Além disto, pontos considerados negativos no último emprego podem ser adotados regularmente no novo emprego.
Em alguns processos seletivos, mesmo depois da contratação, podem ocorrer treinamentos e dinâmicas de integração que, muitas vezes, são puro tédio. No entanto, é importante mostrar interesse e lembrar-se sempre de que as informações podem ser úteis no curto prazo. Demonstrar fidelidade, cortesia e disposição também contam pontos nestas avaliações.
Nestes encontros, não tenha medo de perguntar, mas tome cuidado com os excessos. Vale o mesmo para as primeiras atividades. Se você é tímido, aproveite algum assunto que conheça bem para expressar-se; se é extrovertido, contenha um pouco a alegria e energia naturais.
Há pessoas que perguntam tanto que não dão tempo de os colegas realizarem as suas tarefas. Se as dúvidas forem muitas, encontre um horário para saná-las com o chefe. A fama de chato é ruim para o relacionamento e o desenvolvimento da carreira. Mas não deixe de resolver o que você não está entendendo: pior que perguntar demais é entregar uma tarefa errada por não ter entendido as instruções passadas. A comunicação é fundamental para a maioria dos mortais comuns, que ainda não desenvolveram a habilidade de ler pensamentos.
Vida pessoal
Ainda não é hora de entrar em detalhes sobre a privacidade. As informações devem ser mínimas, como estado civil, número de filhos, cursos que está fazendo e coisas assim. Mesmo em momentos de descontração, é preciso ir com calma na hora de revelar segredos.
Fique mais perto do trabalho – o que garante o bate-papo com os colegas – e distante da intimidade. Com o tempo, gradualmente ficará claro quem, entre os colegas, pode se tornar também um amigo.
Otimismo
A última dica é a autoconfiança. Você está preparado, superou outros candidatos durante a seleção e as tarefas propostas não devem ser nenhum bicho-de-sete-cabeças, mesmo que inicialmente tenham esta aparência. Respire fundo, analise o novo desafio de frente e tente destrinchá-lo.
Evite a paralisia: mesmo que, em algum ponto do processo, seja necessário consultar o chefe ou um colega, a tarefa encaminhada causará boa impressão. Mas, se você não souber como resolver determinada questão, seja franco e peça ajuda.