Hoje, sabemos que eles se renovam, mas precisam de um tempo para isto. Para contribuir com o meio ambiente, preparamos uma relação de medidas que podem ajudar o planeta a continuar a ser habitável para nós e para milhares de outras espécies animais e vegetais: são dicas simples para deixar a casa ecologicamente correta.
Até cerca de 30 anos atrás, ecologia era uma palavra desconhecida pela maioria da população. Questões como a destinação do lixo, o lançamento de efluentes nas nascentes e rios, a preservação de espécies ameaçadas de extinção e muitos outros temas não constavam da “ordem do dia”. Havia uma vaga noção de que os recursos naturais eram ilimitados.
A “correção” pode ser extremamente chata em qualquer nível: político, ecológico e até gramatical. Por exemplo, os negros passaram a ser chamados de afrodescendentes; os cegos, de deficientes visuais (como se os míopes e hipermétropes também não o fossem). Estas “revoluções semânticas” geram resultados muito escassos, já que o preconceito de cor e as dificuldades de mobilidade urbana para os deficientes físicos continuam sendo uma realidade nas pequenas e grandes cidades.
A preocupação com o impacto ambiental, no entanto, se tornou uma atitude urgente: estamos consumindo muito mais do que a natureza é capaz e produzir e poluindo muito acima da capacidade de regeneração de nossas matas, campos, rios e oceanos.
Agremiações e governos precisam tomar medidas urgentes para impedir a degradação do meio ambiente, mas os “mortais comuns” também podem dar a sua contribuição diária com gestos aparentemente banais, tornando a sua casa ecologicamente correta.
O lixo
Não jogue lixo no chão, em lotes vagos, bueiros, canaletas e córregos. Ao descartar itens potencialmente nocivos à integridade física, como cacos de vidro quebrados e latas afiadas, embale-os cuidadosamente e coloque uma etiqueta alertando, para os garis, sobre o risco de objetos cortantes contidos neste saco de lixo.
Guarde embalagens utilizadas, restos de frutas, papéis e outros itens até que seja possível encontrar um cesto de lixo. Se possível, separe o que pode ser reciclado: papel, plástico, alumínio, latão e vidro (apenas 5% deste lixo são destinados à reciclagem; o destino dos demais 95% são os aterros sanitários e os lixões). Não é preciso manter contêineres para cada tipo de material: as cooperativas de coletores fazem este serviço.
Em São Paulo, a maior cidade do país, por exemplo, existe uma situação preocupante: o lixo jogado na rua, mesmo que seja um simples papel de bala, do lado direito da Avenida Paulista fatalmente seguirá para o rio Tietê; do lado esquerdo, para o rio Pinheiros.
Cães precisam passear diariamente para manter a sociabilidade e reduzir a agressividade. Durante o passeio, é natural que eles façam as suas necessidades naturais. Recolha as fezes de seu animal de estimação e dê a destinação adequada: ninguém merece ter de desviar seu trajeto dos montinhos de cocô deixados por donos irresponsáveis.
O lixo orgânico – cascas e folhas de alimentos, sebo e gordura de carnes, papéis usados no cozimento de alimentos, etc. – pode ser usado em compostagem. O material obtido pode ser empregado para adubar canteiros, jardineiras e vasos de plantas.
Acondicione o lixo de forma correta e respeite os dias e horários de coletas dos serviços de limpeza urbana. Cães e gatos podem romper os sacos e mesmo uma ventania ou chuva pode ser responsável por espalhar o lixo no chão, provocando grandes estragos e até permitindo a aproximação de baratas, moscas e mosquitos, que podem ser vetores de doenças.
Na cozinha
Uma forma simples de se tornar ecologicamente correto é a leitura dos rótulos dos produtos. Dê preferência aos detergentes biodegradáveis, que sofrem transformações químicas na tubulação de esgoto antes de atingirem os cursos d’água.
Na hora de lavar a louça, retire todos os restos de alimentos antes da lavagem, para evitar entupimentos. Se possível, instale uma caixa de gordura para impedir que estes rejeitos contaminem a água. Ensaboe pratos, talheres e panelas com a torneira fechada e enxágue-os de uma única vez.
Não adquira mais alimentos do que vai consumir. Em um mercadão ou feira livre, as muitas cores, formas e aromas são uma tentação para quem passa, mas o exagero aumenta o volume de lixo, além de ser um desperdício injustificado. O mesmo raciocínio vale para a hora de servir os pratos: não deixe que os olhos falem mais alto. Se a fome for grande, sempre é possível repetir o prato.
Evite deixar a porta do refrigerador aberta desnecessariamente. Além de ajudar a estragar os alimentos, este hábito também aumenta o consumo de energia. Verifique a temperatura dos pratos cozidos antes de guardá-los: temperaturas altas prejudicam toda a comida estocada no eletrodoméstico.
No banheiro
Deixe a torneira fechada enquanto escova os dentes. O desperdício com a torneira aberta chega a 12 litros a cada higiene bucal; em uma família de cinco pessoas, com três escovações diárias, são 180 litros de água tratada que literalmente vão pelo ralo.
Os banhos também precisam ser controlados. Um banho de 15 minutos significa um desperdício de 240 litros de água (de acordo com a Organização das Nações Unidas, uma pessoa pode viver com 110 litros para a alimentação e a higiene diária), sem falar na alta do consumo de energia, que dói no bolso todos os meses.
Na lavanderia
Procure produtos para lavar roupas sem cloro em sua formulação. Este elemento químico, sempre presente na água sanitária, não se decompõe na rede de esgotamento e é prejudicial à fauna e à flora. Além disto, desbota as roupas e prejudica a saúde da pele das mãos.
Eles estão cada vez mais raros, mas ainda é possível encontrá-los nos supermercados. Não compre aerossóis (inseticidas, desodorizantes, perfumadores de ambientes, etc.) que contenham CFC (clorofluorcarbono). O gás é prejudicial ao meio ambiente e um dos responsáveis pela captura do ozônio, provocando “buracos” na atmosfera por onde entram raios ultravioleta, prejudiciais à saúde da pele, com muito mais intensidade.
Deixe para ligar a máquina de lavar roupas apenas quando for atingida a capacidade prevista pelo fabricante do equipamento. O uso da lavadora com poucas roupas implica maior consumo de energia e de água, com o consequente aumento nas contas de consumo. Além disto, lavar poucas peças em uma máquina capaz de receber dez quilos de roupas, por exemplo, pode causar danos, especialmente nos artigos mais delicados.
Vale o mesmo para a utilização do ferro elétrico: é preciso esperar que haja um bom volume de roupas, evitando que o eletrodoméstico seja acionado diversas vezes, fato que aumenta o consumo de energia. Algumas peças, como as calças jeans, nem precisam ser passadas. Peças mais leves, como as camisetas, podem ser desamarrotadas com o vapor do chuveiro.
No dia a dia
Economize papel. Atualmente, quase todas as comunicações são feitas por e-mail; as anotações, inclusive durante as aulas, podem ser feitas em tablets ou notebooks. Sempre que possível, evite fazer impressões. Pagamentos eletrônicos e débitos automáticos de contas de consumo também evitam o consumo desnecessário.
Quando for necessário redigir manualmente, use as duas faces das folhas. O papel utilizado pode ser reciclado. Lembre-se: a cada cem quilos de papel enviado para as cooperativas de reciclagem, a vida de 60 árvores é poupada.
Mantenha as janelas abertas pelo maior tempo possível: elas permitem o arejamento dos ambientes e garantem a iluminação natural, sem necessidade de acender as lâmpadas. À noite, mesmo que por curtos períodos, apague as luzes ao deixar um ambiente: evite sempre o desperdício de energia; com isto, é possível favorecer o bolso e a natureza.
Construções, ampliações e reformas representam uma grande dor de cabeça, mas elas são um mal necessário. Quando for necessário construir, ampliar ou reformar, é preciso contratar um serviço de caçambas para recolher o entulho. Certifique-se da idoneidade da empresa; muitas delas simplesmente descartam os rejeitos em áreas de proteção ambiental e mesmo em ruas e estradas.
Pilhas, lâmpadas e baterias contêm substâncias contaminantes do solo e dos lençóis subterrâneos. A legislação obriga os fabricantes a recolhê-las e neutralizá-las (é a chamada logística reversa). Vários estabelecimentos comerciais – e também as empresas coletoras de lixo – mantêm contêineres para receber estes itens.
Na hora de fazer compras, leve uma sacola retornável. O plástico é altamente nocivo para o meio ambiente e os artigos oxibiodegradáveis aumentam o custo das compras de mercado, açougue, quitanda, etc. Além disto, eles não são milagrosos e demandam ao menos seis meses para se decompor. O menor consumo de sacolas também reduz o lixo produzido pela população.
Ainda sobre as compras: prefira as embalagens retornáveis, para reduzir a quantidade de lixo. Entre os produtos disponíveis, verifique os que possuem embalagens menos elaboradas, com menor consumo de papelão e plástico, por exemplo.
Mantenha o seu terreno limpo, murado, a salvo da permanência de animais e do descarte inadequado do lixo. Evite a deposição de água parada, ambiente favorável para mosquitos transmissores de dengue e febre amarela botarem os seus ovos.
Plante árvores, que melhoram a qualidade do ar (e a área não impermeabilizada permite a absorção da água, reduzindo o risco de inundações e enchentes). Cuide das áreas verdes do bairro: muitas vezes, as autoridades municipais negligenciam este serviço. Se necessário, organize um mutirão de limpeza com os vizinhos. É uma atividade agradável, que dura poucas horas. Se as crianças forem convocadas para ajudar, isto representará também uma verdadeira aula de educação ambiental.
Na hora de adquirir eletrônicos e eletrodomésticos, procure os itens com o selo PROCEL (Programa de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica). Geladeiras e freezers são responsáveis por até 30% do consumo total de energia elétrica.