Dicas para controlar as emoções

Em primeiro lugar, é preciso refletir: agir por impulso é benéfico ou não? Os extremos, quando se trata de relacionamentos de qualquer natureza, devem ser evitados. Expor alegria, entusiasmo e bom humor quase sempre são bem-vindos, mas podem deixar transparecer certo nível de infantilidade prejudicial, por exemplo, no ambiente profissional. É preciso seguir algumas dicas para controlar as emoções, sempre se guiando pela ideia de que controlar não significa reprimir ou recalcar.

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A impulsividade, que nos faz desabafar em qualquer momento (normalmente nos mais inadequados) não é boa companheira e é bem diferente da capacidade de defesa. Ao nos defrontarmos com uma opinião contrária, a primeira ideia é esgrimirmos dezenas de motivos em nosso favor. O ideal, no entanto, é respirar profundamente, reunir argumentos e partirmos para uma defesa racional e aceitável. Vale sempre lembrar que nem sempre nossas ideias sobre determinados temas são as mais justas e convenientes para a situação.

Prejuízos à vista

Falar sem pensar, em excesso, rápido demais, sem organizar as ideias, não ouvir – nem aceitar – as colocações do interlocutor e seus pontos de vista, não considerar o momento ideal para se expressar, dizer pequenos sigilos para desconhecidos. Tudo isto são maneiras de não controlar as emoções e acarretam prejuízos de maior ou menor magnitude.

Expor detalhes, mesmo que simples e genéricos, de um projeto a ser apresentado para um cliente dentro do elevador, por exemplo, sem se importar com os demais passageiros (que podem trabalhar para os concorrentes), é arriscar-se a perder o cliente – e, em muitos casos, o próprio emprego.

A melhor maneira de perder amizades é não conseguir guardar segredos, mesmo que sejam apenas bobagens: se o confidente pediu sigilo, esta condição deve ser mantida. Afastar colegas e amigos de trabalho ou de estudos por não encontrar meios de controlar a língua é um desperdício: se o impulso for muito forte, pode-se compensar a boca com outras atividades, como mascar chicletes. Em último caso, vá ao banheiro, lave o rosto e conte até dez. A compulsão vai desaparecer ou ao menos ser bastante amenizada.

Carl Gustav Jung, psicoterapeuta suíço, não gostava de utilizar o termo “impulso” para descrever esta característica de personalidade. Ele caracterizava esta faceta como “automática”, ou seja, o indivíduo fala e age sem pensar e, consequentemente, sem poder controlar os efeitos do descontrole.

A impulsividade pode ser controlada com meditação, ioga, exercícios físicos e o desenvolvimento de mecanismos de autocontrole. Experimentar manter o silêncio (inicialmente por alguns segundos) antes de dar uma resposta pode ser de grande ajuda, qualquer que seja o tipo de relacionamento. O melhor método é aquele que mais se adapta ao perfil do “falante sem causa”.

No trabalho, um a resposta disparatada pode criar uma aura de atabalhoamento (e, portanto, de falta de confiança por parte de colegas e superiores); no namoro, a perda do ser amado; em casa, o isolamento em relação aos familiares. O prejuízo é sempre de quem não consegue controlar as emoções, que cria fama de pouco sério, explosivo, “dono da razão”.

Conhece-se a ti mesmo

A frase é quase tão antiga quanto a civilização. “Conhece-te a ti mesmo” estava inscrita no pátio do Templo de Delfos, antigo centro grego de aprendizado. O autor é de origem incerta: alguns historiadores afirmam que é do filósofo Sócrates, outros de Tales de Mileto, Pitágoras de Samos, etc. No Templo de Luxor, Egito, ainda mais antigo, encontra-se a inscrição: “O corpo é a casa de Deus. É por isto que se diz: homem, conhece-te a ti mesmo”.

Seja como for, para controlar as emoções, é preciso conhecê-las. A inveja, por exemplo, é um misto de medo e raiva. Medo de não ser tão bom na comparação com um colega, raiva por ter um “concorrente” sempre um passo à frente.

Mas é preciso encarar o problema de frente. Se nós estamos invejando algo ou alguém, é preciso descobrir a raiz do sentimento, para poder trabalha-lo. Se o objeto da raiva é um colega de trabalho mais bem qualificado, a solução é procurar cursos e livros que nos aproximem desta excelência invejada. Criar um colega “caxias” ou puxa-saco não muda em nada a situação. Pode até prejudicar: a maledicência pode ser motivo de demissão.

Quando uma emoção começa a tomar corpo, é o momento de identificá-la e, em seguida, neutralizá-la ou fortalecê-la. Se um professor causa admiração pelos seus vastos conhecimentos, este é um motivo para se aproximar dele, cumprimentar pelos desafios superados ao longo da carreira, pedir dicas para se tornar um bom profissional. A resposta não pode ser nem de total submissão (como se o mestre fosse um semideus), nem de desvalorização. Como dizia Sidarta Gautama, o Buda, o melhor caminho é sempre o caminho do meio.

As culpas pela raiva, o ciúme, a tristeza e o nojo não estão no outro. Ele pode ser até o mecanismo que dispara estas emoções, mas a raiz delas está em nós. São frutos de nossa história, dos exemplos que recebemos em casa e na escola, dos relacionamentos que elegemos para o nosso dia a dia, da carga cultural que acumulamos. E, quando conhecemos a origem, podemos acertar a rota, tornando sentimentos mesquinhos em outros mais produtivos.

Ao fixar um problema, procure encontrar formas mais racionais de equacioná-lo do que as anteriormente adotadas – que geraram tristeza, ansiedade e prejuízo. Encontre várias possibilidades para explicar a situação inadequada – ou francamente negativa. Assim, as emoções se tranquilizarão. Quem aprende com os próprios erros sempre aprende melhor.

Quando as emoções se voltam contra nós

Muitas vezes, somos o objeto das emoções das pessoas que nos cercam. Do mesmo modo que nós, elas também passam por uma fase de aprendizado para conquistar o autocontrole. Nestes momentos, é preciso muita força de vontade para não reagir, mas o resultado é quase sempre benéfico: ao não receber a resposta grosseira esperada, a pessoa que tentava nos enganar ou perturbar fatalmente vai mudar de atitude. Na pior das hipóteses, o ódio ou inveja permanecerão com que os gerou.

O relaxamento é a melhor defesa. Pode parecer uma tarefa difícil, mas ela é auxiliada por algumas posturas físicas. Quando sentimos raiva, é comum retesarmos punhos e comprimirmos a mandíbula, pressionando os dentes (é um antigo sistema que herdamos de nossos ancestrais da Era das Cavernas; com estes gestos, parecemos maiores e mais ferozes).

A solução, portanto, é identificar estes pontos de tensão e eliminá-los, retomando uma postura mais relaxada. Isto influi nos níveis de adrenalina presentes no sangue e proporciona a calma necessária para enfrentar.

Não estamos aqui falando de grandes inimigos. Um gesto que nos irrita em casa – por exemplo, o filho que nunca arruma o quarto – pode ser neutralizado com uma postura inversa à esperada. Sempre é possível entrar no quarto, separar roupas sujas, ajeitar a cama e dizer calmamente que espera mais colaboração desse dia em diante. Um argumento e tanto para eliminarmos um foco de descontentamento. Não se esqueça, porém, de que o aprendizado dos filhos é lento e são necessárias várias tentativas antes de fixar um hábito saudável.