Curiosidades sobre os calendários

Calenda era o nome dado ao primeiro dia de cada vez mais romano (um dos mais curiosos) e a palavra calendário inicialmente era apenas a agenda do mês de magistrados e outras autoridades (que sempre começa no dia 1º). Vários povos já realizavam cálculos astronômicos, mas as conclusões ainda eram imprecisas. O artefato mais antigo feito com o objetivo de contar o tempo foi datado de 30 mil anos atrás; trata-se de um registro das fases da Lua.

calendario

A Europa sempre exportou modelos para o restante do mundo, e o atual calendário foi criado lá. Com a globalização, a maioria da comunidade internacional rendeu-se ao calendário solar (também chamado gregoriano ou cristão), mas, para consumo interno, as tradições são mantidas.

É o caso, por exemplo, das folhinhas que se baseiam nos movimentos do Sol e da Lua e determinam o ano novo na China, nos países árabes, em Israel, etc.

A primeira etapa do calendário surgiu, obviamente, com o dia. O Sol nasce pela manhã, descreve sua trajetória pelo céu e finalmente se põe. Manhã, tarde e noite organizam as atividades cotidianas e foram a nossa primeira “agenda”.

O mês lunar

A confusão tem uma causa simples. Em palavras simples, a Lua descreve uma órbita na Terra em 28 dias, as quatro fases da Lua; como ela depende da luz solar para refletir seu brilho, o ciclo vai da completa escuridão – a Lua Nova – até o plenilúnio – a Lua Cheia.

Somente as estrelas são dotadas de brilho próprio, por serem compostos basicamente por hidrogênio e hélio, elementos muito simples (com apenas um ou dois elétrons girando em torno dos núcleos, em constantes fusões e fissões – e explosões atômicas e nucleares, definidas pelo peso: o hélio tem dois elétrons, é mais pesado e, por isso, cai para o centro da estrela).

Quando o hélio se rompe na queda, forma dois átomos de hidrogênio que, mais leves, voltam para a superfície, em um movimento constante: são as explosões solares.

Planetas (como a Terra), satélites (como a Lua), asteroides, planetoides e cometas não têm luz própria e precisam refletir a luz da sua estrela – não por acaso conhecido como rei dos astros. No entanto, a visibilidade do clarão depende da distância entre estes corpos rochosos que se precipitam a velocidades imensuráveis pelo espaço (a Terra, por exemplo, viaja a 107 mil km/h no movimento em torno do Sol). Com a distância, Júpiter e Saturno, os gigantes do Sistema Solar, parecem pequenas estrelas quando estão visíveis.

Acontece que, neste mesmo período, a Terra também gira – afinal, não somos o centro do universo – e mesmo o Sol também circula pelo universo (em direção à constelação de Hidra), com uma velocidade média de 370 km/s. Sol, Terra e todo o sistema solar viajam a um milhão de quilômetros por hora com relação ao centro da galáxia.

Com tantos giros, o mês lunar se torna um pouco mais longo: 29,7 dias. Todos os povos que desenvolveram a caça, o pastoreio e agricultura se ocuparam com os movimentos da Lua. A alternância em períodos quentes e frios, secos e úmidos, determinou as regras de produção, mas, ainda hoje, povos caçadores e coletores não desenvolveram noções de tempo além de dia e estação. Entre os xavantes, um período de cinco ou 50 anos é designado simplesmente como “um tempo longo”.

Tentando contar o tempo

Os egípcios, entre os povos antigos, foram os que mais se aproximaram do ano astronômico (o tempo que a Terra levar para fazer um giro completo em torno do Sol). O calendário helíaco tinha 365 dias (divididos em 12 meses de 30 dias, com outros cinco adicionais).

Já os gregos erraram feio: o calendário da Grécia Antiga era lunar, com apenas 354 dias, mesmo cálculo feito pelos primeiros muçulmanos, que contavam o início do ano a partir da Hégira (data da fuga do profeta Maomé, de Meca para Medina). Os judeus organizaram um calendário com 12 meses de 29 ou 30 dias, com o acréscimo de outro mês a cada dois ou três anos, para “acertar o relógio”.

O calendário romano

Ele é atribuído a Rômulo, lendário fundador da Cidade Eterna (em 753 a.C.) e seu primeiro rei. O calendário romano possuía dez meses, de março a dezembro, com um total de 304 dias. Com o tempo, o ano novo, sempre comemorado no inverno, acabou sendo “transferido” para o outono. Numa Pompílio, o segundo monarca de Roma, reformou o calendário, incluindo janeiro (dedicado ao deus Jano, das tradições e das mudanças) e fevereiro (dedicado ao deus etrusco Februus, da morte e da purificação), com a duração dos meses girando entre 29 e 31 dias.

As diferenças astronômicas, no entanto, continuaram ocorrendo. Para corrigi-las, o general Júlio César determinou que o ano 47 a.C. teria 445 dias. Para impedir erros futuros, a duração dos meses foi definida por lei e foi instituído o ano bissexto, com um dia a mais (em fevereiro) a cada quatro anos. Deu “quase” certo.

Mais uma curiosidade: fevereiro originalmente tinha 29 ou 30 dias, mas, para que agosto (dedicado ao imperador Augusto) não fosse mais curto do que julho (dedicado a Júlio César), um dia foi retirado de fevereiro para ser dado a agosto. Julho e agosto são os dois únicos meses consecutivos com duração de 31 dias.

O calendário atual

Em 1577, o papa Gregório III reuniu um grupo de especialistas para corrigir o calendário juliano. O trabalho durou cinco anos, mas finalmente foi corrigido um erro que deslocava o equinócio da primavera (21 de março, no hemisfério norte) em dez dias.

A bula papal eliminou vários dias. Os católicos europeus foram dormir no dia 5 de outubro e acordaram somente em 15.10.1582. Foi a solução encontrada pelos astrônomos para corrigir os erros. Isto ocorreu porque a translação da Terra dura 365 dias, cinco horas, 48 minutos e 46 segundos – é o chamado “ano trópico”.

O novo calendário manteve os anos bissextos (para corrigir a defasagem de quase um dia a cada quatro anos), mas retirou da regra os anos terminados em 00, mas não os múltiplos de 400 – 1600 e 2000 foram anos bissextos, para corrigir os poucos minutos e segundos. O ano gregoriano, no entanto, continua tendo 27 segundos a mais do que o ano trópico.

A mudança para o calendário gregoriano não foi uma unanimidade. Inicialmente aceita por Portugal, Espanha, Itália e Polônia, ele sofreu resistências nos países protestantes, por ser uma decisão dos Estados Pontifícios. Províncias alemãs, como Baviera e Prússia, só aceitaram a nova forma de contar o tempo em 1700. A Grã-Bretanha, apenas em 1752.

Na Suécia, houve tantos problemas que houve até um “30 de fevereiro” para corrigir a situação. Na Rússia, a mudança ocorreu apenas depois da Revolução Comunista (1917) e, na Turquia, em 1926. O Brasil aderiu ao calendário gregoriano juntamente com Portugal, ainda no início do período colonial.