O mar Morto é alimentado pelo rio Jordão, celebrizado pelas pregações de João Batista nos tempos evangélicos. Situa-se ao lado da Cisjordânia, território destinado à nação palestina pela Organização das Nações Unidas em 1948, ocupado por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967. É um lago estreito e alongado, com 18km de largura e 68km de comprimento. Em terra firme, é o ponto mais baixo da Terra, 417 metros abaixo do nível do mar.
Os sais do mar Morto
A água deste mar é a mais salgada do mundo: o teor de sal fica entre 28% e 35% (no verão, quando praticamente não chove – o mar Morto fica numa região praticamente desértica), enquanto nos oceanos mais salgados varia entre 3% e 6%. O motivo é que o lago é totalmente isolado de outros mares; suas águas se evaporam rapidamente por causa das temperaturas muito altas da região e os minerais vão se depositando no leito e nas margens.
Enquanto, em qualquer outro local do planeta, é possível extrair 35 gramas de sal por litro de água (em média), o mar Morto fornece quase 300 gramas. Em um ano inteiro, a precipitação pluviométrica na região é equivalente à de um dia chuvoso em São Paulo ou no Rio de Janeiro.
As águas são ricas em enxofre, magnésio, potássio, iodo, bromo e cálcio. Por ironia, é justamente esta riqueza mineral que dá origem ao nome do lago: nenhuma espécie de vida consegue sobreviver neste ambiente. Mesmo as algas acabam saturando-se de sais. O mar Morto é colonizado apenas por microrganismos.
A paisagem é bastante desolada, mas a salinidade do mar Morto impede o afundamento de qualquer corpo que se atire sobre ele e, por isto, suas águas são muito procuradas por banhistas, que passam horas boiando e beneficiando-se das propriedades medicinais, que beneficiam pele, cabelos e unhas, além de serem indicadas para tratamento auxiliar de problemas ósseos e sanguíneos.
O mar vai virar sertão
Desde a implantação do Estado de Israel, logo após a Segunda Guerra Mundial, o mar Morto perdeu um terço do seu volume. A população da região aumentou geometricamente, com a vinda de colonos judeus de várias partes do mundo e as águas doces do rio Jordão – única fonte de água potável da região – foram fortemente exploradas, com a abertura de canais para irrigação e abastecimento das cidades.
Cientistas de várias partes do mundo estudam formas de preservar este mar, em função de suas características históricas e também por questões financeiras, já que o mar Morto é cercado por balneários e pousadas, tornando-se assim um forte polo econômico.
Pesquisa-se a possibilidade da construção de um canal entre o mar Vermelho (entre o Sinai e a península Arábica) para alimentar o mar Morto e impedir sua desertificação. As condições instáveis da região, pontuadas por conflitos entre Israel e os países árabes, dificulta as possibilidades do trabalho.
As propriedades da água
Os sais do mar Morto possuem formulação semelhante à da pele humana, mas numa concentração muito maior. Por isto, a indústria cosmética utiliza, há cerca de dez anos, os minerais encontrados no lago para a produção de sabonetes, cremes e desodorantes. As propriedades antitranspirantes permitem a reposição de células da cútis e selam a sua umidade, tornando a pele mais macia, saudável e livre de odores desagradáveis.
A composição semelhante garante também a hidratação e nutrição da epiderme, a camada mais superficial da pele. Os sais garantem a sintetização de proteínas, a redução da oleosidade e a renovação das células, além de uma textura mais suave.
O cálcio presente na água é um excelente auxiliar no tratamento da acne e até da psoríase. Os minerais têm ação cicatrizante, antisséptica e anti-inflamatória, contribuindo para reduzir espinhas e cravos. Já existem diversos produtos no mercado fabricados com sais do mar Morto. É preciso pesquisar, no entanto, para verificar se os sais não estão apenas na propaganda, e não nos cosméticos.