“Só no Brasil”. A expressão geralmente tem conotação negativa, referindo-se às muitas negociatas políticas e ao jeitinho brasileiro. No entanto, o país tem muito para mostrar: um dos maiores litorais do mundo (mais de sete mil quilômetros em linha reta, aumentados para 9,2 mil quilômetros, quando são consideradas as saliências e reentrâncias), florestas, matas de cerrado, cachoeiras incríveis. O Brasil também tem muitas curiosidades.
Fala, Brasil!
A língua portuguesa é o quinto idioma mais falado no mundo. Com cerca de 280 milhões de habitantes (200 milhões vivendo no Brasil), é também o terceiro mais falado no hemisfério ocidental e o mais falado no hemisfério sul.
No Brasil, ainda são faladas 180 línguas indígenas, a maior parte delas nas regiões Norte e Centro-Oeste (na época do Descobrimento, eram mais de mil, falados por mais de seis milhões de habitantes nativos). Apenas 24 delas têm mais de mil falantes e 25, menos de 50, o que coloca todos estes idiomas em risco de extinção. Em alguns redutos colonizados por europeus, o italiano e o alemão são largamente empregados. Restam apenas 350 mi índios vivendo no território brasileiro.
Alta tensão
O Brasil é campeão mundial de queda de raios. Dos 3,1 bilhões de relâmpagos que golpeiam 100 milhões caem em nosso país. Os dados são do INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – que monitora os céus brasileiros desde 1989 a 30 quilômetros de altura, com instrumentos potentes.
Os raios brasileiros são também “especiais”: mais da metade dos fenômenos que atingem a região Sudeste apresentam carga positiva, fato que surpreendeu os cientistas, uma vez que 90% dos raios, em escala mundial, têm carga negativa. Mais de cem brasileiros morrem todos os anos, atingidos pelos relâmpagos que atingem o solo.
A velha senhora
O habitante mais velho do Brasil é um jequitibá-rosa de 3.200 anos. A árvore “mora” no Parque Estadual de Vassununga, em Santa Rita do Passa Quatro (SP), tem 40 metros de altura e três metros de diâmetro. No Parque Estadual dos Três Picos (RJ), outro espécime já ultrapassou os mil anos.
Outro jequitibá-rosa leva outro título: a árvore mais alta da mata Atlântica. Ela fica em João Neiva (ES) e tem 11,85 metros de circunferência. A espécie é símbolo do Espírito Santo e de São Paulo.
Voando baixo
Com dois mil pousos e decolagens a cada dia, a frota de helicópteros de São Paulo superou, há 18 meses, a de Nova York. A cidade possui a maior frota do transporte do mundo todo, de acordo com a Associação Brasileira de Pilotos de Helicópteros.
São cerca de 600 aeronaves registradas, pouco menos de 300 helipontos e 3.700 pilotos habilitados. O Brasil possui a segunda frota do mundo (entre jatos, turbopropulsores e helicópteros), com mais de 1.600 aeronaves, perdendo apenas para os EUA.
Para preservar
A Amazônia, que se estende por nove países, representa mais da metade das florestas tropicais remanescentes do planeta, com 5,5 milhões de quilômetros quadrados – trata-se do maior bioma equatorial terrestre. Pode parecer impossível, mas a Amazônia já foi um imenso campo semiárido, há 12 mil anos. Com o desmatamento e as mudanças climáticas, a região pode passar por um processo de desertificação, com danos em escala global.
Já foram catalogadas 2,5 milhões de espécies de insetos, dezenas de milhares de plantas (ao menos 40 mil), 1,2 mil de aves, 400 de mamíferos, 460 de anfíbios, 400 de répteis e 3.000 de peixes (nos rios amazônicos há 15 vezes mais espécies do que em todos os rios da Europa). Em cada quilômetro da floresta, vivem mais de 1.000 árvores. Biólogos acreditam que menos da metade das espécies já tenha sido observada.
Dance sem parar
Manchester brasileira, cidade das flores, dos príncipes, das bicicletas. Joinville, o maior município de Santa Catarina, tem muitos epítetos, mas talvez o que melhor a descreva seja cidade da dança. Todos os anos, em julho, são recebidos mais de seis mil bailarinos que apresentam espetáculos de balé clássico, dança contemporânea, jazz, sapateado e danças urbanas.
O Festival de Dança de Joinville é o maior do mundo. Mais de 30 países são representados nas apresentações. A cidade tem tradição na arte: abriga a única escola do Bolshoi fora da Rússia, mantém a impressionante mostra de dança há 32 anos e recentemente passou a sediar um festival de música instrumental, o Joinville Jazz Festival.
Mania de grandeza
A maior bandeira hasteada do mundo fica na Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF). Tem 286 metros quadrados e é confeccionada com náilon de paraquedas. Os ventos da capital federal, no entanto, não permitem longa vida para o símbolo.
A bandeira (que está Livro Guiness dos Recordes) se rasga com facilidade e, por isto, precisa ser trocado todos os meses, em cerimônia solene no primeiro domingo de cada mês. As unidades da federação se revezam na confecção da nova bandeira.
Herança do ouro
O teatro mais antigo do Brasil fica em Ouro Preto (MG), uma das principais cidades do Ciclo do Ouro, no século XVIII, e berço da Inconfidência Mineira. A casa se espetáculos está em funcionamento desde 1769 e a sua idade já foi atestada pelo Guiness.
Batizada originalmente de Casa de Ópera de Vila Rica, a construção custou 16 mil cruzados – uma fortuna para a época. Uma das inovações do atual Teatro Municipal foi substituir atores travestidos, comuns na interpretação de papéis femininos, por atrizes.
Trenzinho caipira
Entre São João D’El Rey e Tiradentes, cidades setecentistas mineiras, circula a maria-fumaça mais antiga ainda em atividade. Quem faz a viagem chega sempre à mesma conclusão: as antigas locomotivas continuam com o mesmo charme.
O trajeto de 12 quilômetros é cumprido em 35 minutos e pode ser feito aos sábados, domingos e feriados. A locomotiva 41 da Estrada de Ferro Oeste de Minas puxa oito vagões sobre a bitola mais estreita do país, com 76 centímetros. Inaugurada em 1881, tudo o que restou da Oeste de Minas é este trecho. A máquina em atividade foi construída em 1912.