A mata Atlântica começou a ser formada a 50 milhões de anos, quando a América do Sul já estava isolada e as espécies começaram a se desenvolver localmente. O que sobrou da mata – apenas 7% – apresenta a maior biodiversidade de árvores do mundo: técnicos do Jardim Botânico de Nova York (EUA) identificaram 450 espécies de árvores em um só hectare de floresta, na Reserva Biológica do Uma, na Bahia.
As principais características da mata Atlântica são a presença de árvores de médio e grande porte, que formam uma floresta fechada e densa, rica biodiversidade, microclima específico, graças às grandes formações vegetais, que geram sombra e umidade e fauna com presença de diversas espécies de mamíferos, anfíbios, aves, insetos, peixes e répteis. Na serra do Mar, forma-se uma constante neblina.
Alguns povos indígenas ainda habitam a mata Atlântica, entre eles, os Kaingang, Terena, Potiguara, Kadiweu, Pataxó, Krenak, Guarani, Caiová e Tupiniquim.
O primeiro parque ambiental da mata Atlântica foi criado em 1937, pelo governo Getúlio Vargas: é o Parque Nacional de Itatiaia, entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais, que abriga 360 espécies de aves (como gaviões, codornas e tucanos) e 67 de mamíferos (como pacas, macacos, preguiças e o simpático lobo-guará). Os animais vivem protegidos numa área de 30 mil hectares.
Parte da mata Atlântica foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura – UNESCO – como Reserva da Biosfera, o início dos anos 1990. É um trecho de 290 mil quilômetros quadrados, espalhados pela costa brasileira.
A queima da floresta para abrir áreas de plantio, ainda comum, teve início no século XVI. Uma orientação do padre jesuíta André Antonil, de 1711, definiu as regras para o cultivo de cana-de-açúcar: “roça-se, queima-se e limpa-se, retirando tudo o que pode servir de embaraço”. No caso, a própria mata era o “embaraço” para a atividade agrícola.
O Ciclo do Café, a partir do século XIX, provocou mais estragos na mata Atlântica. Em São Paulo, local em que a planta melhor se adaptou inicialmente, a cobertura vegetal cobria 68% do território. Hoje, menos de 5% resistem. Mesmo assim, a floresta dá sinais de vitalidade: em plena Paulista, uma das avenidas mais movimentadas do mundo, resta um trecho de mata: é o Parque Trianon.
A mata Atlântica começou a destruir ainda antes do estabelecimento das capitanias hereditárias no país: logo depois do Descobrimento, Portugal estabeleceu entrepostos no litoral nordestino, para a extração de pau-brasil, árvore nativa da mata, utilizada para a produção de tintura para tecidos.
Quando Cabral chegou ao Brasil, a imponência da mata costeira atraiu a atenção do escrivão da esquadra, Pero Vaz de Caminha, que imaginou ter chegado a um lugar paradisíaco. Na sua famosa carta ao rei português Manuel I, Caminha relatou que era uma onde “em se plantando, tudo dá”.
Um símbolo da mata Atlântica
O mico-leão-dourado já esteve à beira da extinção iminente. Na década de 1970, contavam-se apenas 200 animais na natureza. Com os programas de preservação, a população, apenas no Rio de Janeiro, é de 1.000 espécimes, mas a espécie ainda não está a salvo.
Os micos-leões-dourados vivem em pequenos bandos e não se adaptam a florestas secundárias – áreas degradadas que foram reflorestadas. Eles também estabelecem territórios relativamente grandes para coleta de alimentos e, portanto, demandam imensas áreas para sobreviver.
Além dos dourados (que vivem na mata da baixada do Rio de Janeiro), outras três espécies de micos-leões povoam a mata Atlântica: os micos-leões-de-cara-dourada (sul da Bahia), os micos-leões-pretos (Pontal do Paranapanema, São Paulo) e os micos-leões-de-cara-preta (região do Lagamar, entre São Paulo e Paraná). Esta última espécie foi descoberta há apenas pouco mais de 20 anos.