O território peruano, conhecido pelos tesouros incas, cultura considerada como os principais artífices do maior Estado da América pré-colombiana, abrigou a civilização de Caral, uma das mais antigas do mundo. Caral, 200 quilômetros ao norte de Lima, capital do país, é o império mais antigo das Américas, contemporâneo do Egito, China e Mesopotâmia. As ruínas de Caral só foram descobertas em 1949.
“Peru”, em idioma quíchua, significa “abundância” e indica a ancianidade da região.
Mesmo assim, o americano Paul Kosok, não pôde determinar a antiguidade do território quando atingiu Chupacigarro, cidade erguida sobre a cidade sagrada de Caral. Coube ao arquiteto peruano Carlos Williams, fazer um levantamento dos sítios arqueológicos do vale do Soube, apenas em 1975.
Made in China
Não é brincadeira: no vizinho Peru, que abriga a maior colônia chinesa da América Latina (a Chinatown de Lima é um dos maiores bairros chineses fora do imenso país asiático), o prato mais popular sofreu forte influência chinesa. É o lomo saltado, um prato à base de carne, tomates e batatas.
Nossos vizinhos levam a gastronomia a sério: existem programas sociais que retiram crianças das ruas para transformá-las em cozinheiros. No Peru, a culinária – conhecida internacionalmente pelo ceviche – é o equivalente ao futebol para os brasileiros.
O Peru também tem uma região (o equivalente peruano dos nossos Estados) chamada Amazonas. No entanto, o território possui apenas 39 mil quilômetros quadrados (pouco maior que Alagoas). Uma curiosidade, nessa região, no Período Cretáceo, viveu o carnotauro, um grande predador de oito metros de comprimento e três de altura. Pegadas fossilizadas estão lá para confirmar.
Ainda no Peru, com algum esforço, é possível conhecer Choquequirao. No idioma quíchua, significa “berço de ouro” e é o nome de uma cidade irmã de Cuzco, esculpida em pedra pelos incas, a mais de três mil metros acima do nível do mar. São dois dias de trilha para conhecer o tesouro histórico. Na cidade perdida, apenas 30 turistas são aceitos a cada dia – e, ainda assim, na alta estação.
Parente do camelo, a lhama é o animal-símbolo do Peru. É um animal divertido, que foi empregado como montaria pelos nazcas (que colonizaram a região há mil anos) e pelos incas (cuja civilização foi destroçada pelos conquistadores espanhóis, a partir do século XVI). No entanto, é melhor não se aproximar destes animais: quando estão irritados, eles chutam, dão coices, atacam com golpes de pescoço e cospem.
A capital
O Aeroporto Jorge Chávez, em Callao, a dez quilômetros de Lima (a capital peruana), é considerado o melhor da América do Sul. No ranking mundial, ocupa a 35ª colocação. Entre os aeroportos brasileiros, nenhum deles figura no Top 100 internacional.
O Circuito Mágico das Águas, em Lima, é uma das principais atrações da cidade. Instalado no Parque de La Reserva, é composto por 13 fontes e foi reconhecido pelo “Livro Guinness dos Recordes”. O circuito, nos dias de apresentação, é animado por efeitos de laser, música e luzes.
O jogo de luzes colabora para transformar o Circuito Mágico das Águas em uma obra de arte, com as luzes multicoloridas. As fontes de água são distribuídas por todo o parque, algumas apenas para admirar, outras para interação com os turistas – é possível até mergulhar nelas. As crianças fazem a festa, mas os adultos não ficam atrás.
O ambiente é natural e, ao mesmo tempo, contagiante. Há túneis de água literalmente impossíveis de reagir à interação. O circuito termina em fontes grandiosas, onde ocorre um show de imagens holográficas, que criam imagens surreais, animado por músicas peruanas. O Circuito Mágico das Águas é considerado o maior conjunto de fontes instalado em um parque público.
O Parque de La Reserva fica no centro histórico de Lima, longe da zona hoteleira. No entanto, há ônibus turísticos para chegar às fontes. O sistema de transportes públicos é caótico – os turistas precisam fugir dele. A entrada é de quatro nuevos soles (a moeda oficial peruana – um novo sol é equivalente a um real).
Táxi especial
Comuns na Índia e no sudeste asiático, os tuk-tuks estão presentes em diferentes cidades do Peru. O transporte é utilizado em curtas distâncias ou em passeios turísticos: os “motoristas” (muitos deles de ascendência chinesa) pilotam os veículos, ou simplesmente puxam os carros, mesmo em dias de Sol quente ou de chuva torrencial.
Os triciclos são uma verdadeira febre no Peru. Uma possibilidade é conhecer as ruínas arqueológicas a bordo de um tuk-tuk. Em Ollantaytambo, por exemplo, as visitas ocorrem apenas nestes táxis. Os condutores, no entanto, ainda não descobriram o potencial turístico: a corrida custa apenas três nuevos soles.
Um tuk-tuk é uma espécie de riquixá motorizado ou movido a tração humana, adotado como atração turística em muitas localidades europeias e até mesmo no Brasil (eles são comuns na região de Ribeirão Preto, SP). O papa Bento XVI adotou um destes veículos para deslocamentos breves, que atualmente está em Portugal e é muito procurado para casamentos.
Ollantaytambo, na região de Urubamba, é uma relíquia inca e a única cidade tipicamente incaica, sem influência da arquitetura europeia, ainda habitada. Em seus palácios, vivem descendentes das casas nobres destroçadas pelos conquistadores espanhóis. A cidade fica 90 quilômetros a sudeste de Cuzco e é um dos pontos de partida para Machu Picchu.
Cuzco significa “umbigo do mundo”, mesmo nome adotado pelas capitais do antigo Império chinês, e foi construída a 3.400 metros acima do nível do mar. A cidade fica no sudeste do vale de Huantay, o vale sagrado dos incas. Alguns arqueólogos costumam atribuir a fundação da cidade a Manco Capac, no século XI ou XII.
O primeiro rei
Manco Capac, filho de Huayna Capac (ou do deus Sol, de acordo com algumas tradições). Ele foi o primeiro rei de Cuzco. Na lenda inty, Manco Capac é filho do deus-sol, enviado pela divindade para trazer um povo dourado destinado a dominar a região.
Na tradição viracocha, ele teria se aliado a povos habitantes da região; uma variação deste mito dá conta de que, enciumado com seus irmãos, Manco Capac teria matado os seus irmãos, tornando-se o único rei de Cuzco. Entre os irmãos, figurava Mama Ocilo, esposa do filho do deus-sol e deusa das mulheres, do casamento, da Lua e da fertilidade.
Depois do fim do império, em 1532, o conquistador espanhol Francisco Pizarro invadiu e saqueou a cidade. A maioria dos edifícios incas foi destruída pelas autoridades espanholas, com apoio da Igreja Católica, mas ainda é possível avistar as muralhas de granito e, especialmente, o Templo do Sol.
Caipirinha
O pisco sour é a caipirinha peruana, feita à base de pisco (com baixo teor alcoólico, de 38%), bebida feita com uvas brancas. O drink leva clara de ovo, suco de limão, pimenta, xarope de açúcar, angostura (um bitter, adicionado tardiamente à bebida) e gelo.
A angostura é produzida exclusivamente em Trinidad-Tobago – mais especificamente, na capital deste país do Caribe, Port of Spain. O destilado foi criado em 1824, na Venezuela (que perdeu a receita), e leva o antigo nome da Ciudad Bolívar.
Milhos, milhos e milhos
O Peru é famoso por cultivar diversos tipos de milho. Ao todo, são mais de 50 variedades do cereal sul-americano. No país, os grãos não se prestam apenas à culinária: são utilizados em refrigerantes: o inka-kola é uma bebida amarelada bastante comum no país.
Apesar de não ser muito consumido no Brasil, o milho é um cereal de excelência. Ele pode ser consumido in natura, em pães e em sucos. No Peru, o milho ainda é produzido para fazer a chicha morada, uma bebida fermentada da época do Império Inca.