Em todas as partes do mundo, povos desenvolveram tradições diferentes, que podem parecer estranhas e bizarras para nós. Mas, é preciso olhar para nós mesmos, os brasileiros: por exemplo, beijar, abraçar e tocar interlocutores é normal por aqui, são maneiras de demonstrar afeto e carinho pelos amigos.
No entanto, estes hábitos são absolutamente mal recebidos, por exemplo, na Inglaterra e nos países escandinavos. Em contrapartida, beijar os amigos no rosto é um cumprimento usual na Rússia e em outros países eslavos.
Culturas bizarras
A Coreia do Sul e a China são os países que mais consomem carne de cachorro, hábito considerado irracional e extremamente bizarro pelos ocidentais (não se conhecem os hábitos alimentares da Coreia do Norte, um dos países mais fechados do mundo, mas devem ser semelhantes aos da sua vizinha de península).
Na China, anualmente ocorre o Festival da Carne de Cachorro, na região de Yulin. É uma comemoração ao solstício de verão (que marca o retorno dos dias quentes), que, no hemisfério norte, ocorre no dia 21 de junho.
Os cães são muito apreciados também na mesa do Alasca, norte do Canadá, Groenlândia e Sibéria. Pode parecer bizarro, mas, comer a carne dos cachorros de trenós, como huskies siberianos, malamutes, esquimós canadenses e samoiedas pode ser a única fonte de proteína nos rigorosos invernos destas regiões. As baixas temperaturas são comuns durante o ano todo.
O Havaí é conhecido pelas erupções vulcânicas, praias, ondas desejadas pelos surfistas do mundo inteiro. É um destino turístico bastante requisitado, especialmente pelos Estados continentais dos EUA. No entanto, nem só de turismo vive o 50º Estado americano: no arquipélago, é comum o consumo de carne de gatos.
O mesmo hábito pode ser conferido na Suíça, Vietnã, Taiti e outras ilhas da Polinésia (Oceania). Estas nações também não perdoam os cachorros – todos vão para as panelas. O consumo é maior no verão, pois os cortes são considerados refrescantes.
Dieta rigorosa
Os massais, que vivem no Quênia e no norte da Tanzânia, preservam muitas tradições. Trata-se de um povo que congrega mais de 800 mil habitantes, bastante conhecidos por habitar regiões próximas a reservas naturais mundialmente conhecidas. Devido à sua natureza nômade, são o único grupo autorizado a transitar livremente entre os dois países africanos.
Os massais entram nas curiosidades bizarras em função dos seus hábitos alimentares: eles consomem apenas 300 calorias diárias – no Ocidente, nutricionistas recomendam o consumo entre duas mil e duas mil e duzentas calorias por dia, para pessoas adultas.
Pescoço sexy
Em uma região da Tailândia (sudeste da Ásia), alongar o pescoço é considerado um atrativo sexual. A partir da puberdade, as meninas passam a usar aros metálicos (de cobre), que vão aumentando em número, até que se crie o “pescoço de girafa” (que pode atingir 30 centímetros).
Estas mulheres pertencem à tribo Karen Padaung, um grupo étnico que fugiu da vizinha Myanmar, para escapar da truculência do regime militar. A tribo se abrigou no noroeste da Tailândia, uma região montanhosa. Atualmente, as mulheres-girafa se tornaram uma atração turística: elas se deixam fotografar e vendem suvenires para os visitantes.
Ainda sobre a Tailândia: a gastronomia do país é bastante sofisticada, rica em sabores e aromas que mesclam o doce e o picante. No entanto, nem só disto vive a culinária do país asiático: os tailandeses praticam a antropoentomofagia. Especialmente nas cidades do interior.
O “palavrão” citado acima designa o costume de alimentar-se com insetos. No norte do país, os cidadãos se deliciam com grilos, larvas, ovos de formigas, etc. Parece bizarro? No Brasil, formiga frita (a içá, uma espécie que cria asas no período de acasalamento) é um petisco apreciado em diversas regiões.
Isto não deve parecer estranho: a cada dez animais do planeta, oito são insetos. E, destes, 62% são besouros, cujas larvas são muito apreciadas na região Norte do país – elas são, inclusive, utilizadas em treinamentos de sobrevivência na selva, pelos soldados brasileiros.
Algumas curiosidades sobre os insetos, cujo consumo pode ser considerado bizarro: quatro larvas de mariposas fornecem um quantum de proteínas equivalente a 250 gramas de um corte bovino; a formiga-cortadeira tem 45% de proteínas, contra 23% dos cortes de frango e 20% da carne de vaca. Os insetos são ricos em gordura insaturada, proteínas e sais minerais: tudo depende dos hábitos alimentares, que podem incluir folhas, cascas de árvores, raízes e seiva. Os insetos podem ser a solução da fome no mundo.
Mais animais asquerosos
Na França, é comum comer escargot, uma espécie de caracol gigante. Trata-se de uma iguaria presente nos cardápios de praticamente todos os restaurantes internacionais. Estes moluscos gastrópodes, parentes das lesmas (que não possuem concha), apresentam ampla distribuição geográfica, estando presentes em todos os continentes.
No Brasil, o termo “caracol” é reservado para as espécies terrestres. As aquáticas, tanto fluviais quanto marítimas, são conhecidas como “caramujos”. No entanto, os caracóis que habitam os nossos quintais não são considerados como fonte de alimentação.
O escargot, no entanto, é considerado um prato sofisticado. Os animais, antes de serem abatidos, recebem uma dieta de vinho branco e ervas aromáticas; salsinha, cebolinha e tomilho são as mais empregadas – eles são temperados ainda em vida.
Boi na linha
Na Índia, as vacas são consideradas animais sagrados. A tradição nasceu com o Hinduísmo (também conhecido como Sanatana Dharma), uma das principais religiões do país, professada desde o século XIII a.C. No entanto, existem textos de 1500 a C. com comentários sobre a fertilidade dos bovinos e o “Manusmriti”, um dos textos sagrados da religião, escrito no século I a.C., segue afirmando a sacralidade das vacas.
Nos séculos seguintes, o status religioso bovino foi se sofisticando. Para parte dos hindus, a vaca é “mais pura” do que os brâmanes, a casta de sacerdotes situada no topo da pirâmide social indiana. Se você for conhecer a Índia, prepare-se para ficar preso no trânsito, se alguma vaca decidir descansar nas ruas – e isto acontece mesmo nas grandes cidades, como Calcutá e Mumbai.
Tradições bizarras
Os aghoris, habitantes da Índia, são adoradores de Shiva (um dos deuses da trimúrti ou trindade hindu, composta também por Brahma e Vishnu). É a divindade destruidora ou restauradora. Para este grupo étnico, não é considerado tabu beber, drogar-se ou comer carne.
Um hábito bizarro dos aghoris diz respeito aos cadáveres: ao encontrar um deles, os membros da tribo meditam (em cima do corpo) e, em seguida, retiram determinados órgãos – como o fígado e o coração – para devorá-los em seguida. a tribo também tem o costume de usar crânios humanos como taças para bebidas sacramentais.
Os aghoris vivem perambulando e esmolando pela Índia, cobertos de cinzas – eles são nômades, e muitos vivem em cemitérios – inclusive dentro de tumbas. A maioria dos indianos tem medo deles e cede dinheiro e mantimentos. A kapala – o copo feito com crânios – é a sua principal característica.
Arremesso de bebês
Ainda na Índia, em Solapur (Maharasthra), é costume arremessar, anualmente, bebês de uma torre de 15 metros de altura. É uma tradição que já dura 500 anos. O objetivo é fazer com que as crianças cresçam fortes e saudáveis; além disto, a cerimônia garante prosperidade para toda a família.
No chão, um lençol seguro por 15 homens impede (quase sempre) que as crianças aterrorizadas se machuquem. Os pais escalam as muralhas do templo hindu, com os bebês repousados em um balde. O ritual é cumprido com crianças com menos de dois anos de idade.
O vídeo mostra o arremesso de bebês.
Direto da Amazônia
Os sateré-mawê são conhecidos desde o século XVII, quando os padres jesuítas chegaram a Tupinambarana, um conjunto de ilhas no leste do Amazonas. Entre os hábitos da tribo indígena, constava a tradição de defumar os cadáveres, para mumificá-los.
Os missionários católicos conseguiram fazer a tribo abandonar o hábito e adotar o enterro dos entes queridos mortos. Os sateré-mawê, no entanto, mantiveram um estranho rito de passagem (da infância para a idade adulta): os jovens do sexo masculino, ao atingir os 13 anos, precisam vestir uma luva de palha infestada por formigas-tucandeiras (carnívoras) e aguentar as picadas por 15 minutos.
Depois disto, os jovens são considerados adultos: podem se casar e participar das caçadas e eventuais batalhas contra inimigos. As feridas das tucandeiras podem causar febre, cãibras e vermelhidão nos olhos. Em alguns eventos, podem determinar a morte.
Contos das Arábias
Husain ibn Ali (626-680), neto de Maomé, foi o primogênito de Ali ibn Abi Talib, quarto califa do Islã sunita. Ele considerou o califado omíada injusto e deixou Medina, dirigindo-se a Meca. A pedidos, o missionário tentou retornar, mas foi decapitado pelos omíadas em Karbala (todas são cidades da Arábia Saudita).
Até hoje, alguns muçulmanos cultuam a morte de Husain ibn Ali. Os fiéis se chicoteiam em plena rua (com navalhas) e alguns fazem cortes, na cabeça, com facas afiadas. A tradição, chamada de Facam, é praticada