Nossa visão geralmente só merece alguma atenção quando apresenta problemas: terçóis e conjuntivites, por exemplo. Mesmo problemas sérios, como miopia, hipermetropia e astigmatismo, só despertam cuidados quando o comprometimento da visão ultrapassa determinados limites e é necessária a adoção de lentes de correção.
No entanto, alguns problemas de visão evoluem lentamente sem apresentar sintomas – como glaucoma, retinoplastia diabética e degeneração macular – e, por isto, é importante tomar alguns cuidados. Consultar um oftalmologista regularmente e submeter-se a um exame completo ajuda a prevenir doenças. Mesmo pessoas míopes demoram a perceber que podem enxergar melhor com óculos ou lentes de contato. É importante lembrar que a prevenção custa menos do que o tratamento.
O histórico de saúde ocular da família também é muito importante. Pais, avós e irmãos que têm ou tiveram problemas com a visão podem indicar males genéticos, que podem ser corrigidos com mais facilidade se forem detectados precocemente.
A alimentação contribui para a saúde dos olhos. Além da cenoura, que todos sabem que favorece a visão, as folhas verde-escuro, como espinafre e couve, são ricas em carotenoides (como luteína e zeaxantina). Estas substâncias reduzem o desgaste natural que ocorre com o avanço da idade. A luteína está presente também na gema do ovo.
Proteger a visão da luz do Sol é muito importante. O uso de óculos escuros de boa qualidade protege contra os raios ultravioleta. Existem óculos com proteção 100% contra os raios UVA e UVB. Na hora de aplicar o protetor solar, evite a região dos olhos. Toda a parte protegida pelas lentes escuras não precisa do produto.
Quem trabalha com computador ou passa muito tempo assistindo TV precisa dar uma pausa para o descanso dos olhos. Manter a visão num ponto fixo diminui o número de piscadas, o que deixa os olhos secos e cansados. A cada 20 minutos, é preciso afastar-se da tela e olhar para um ponto mais distante por ao menos 30 segundos.
Os olhos e o cigarro
O cigarro é altamente prejudicial à saúde, em função das mais de quatro mil substâncias tóxicas presentes em sua composição, e a fumaça atinge rapidamente a região dos olhos. Quanto maior a exposição ao tabaco, maiores as chances de desenvolver catarata, degeneração macular e glaucoma, que são as maiores causas de cegueira no mundo.
Em “Vento de Maio”, o compositor Beto Guedes poetizou “sol, girassol, e meus olhos ardendo, de tanto cigarro”. Eram os anos 1970 e o fumo estava na moda. Os olhos ardendo são o primeiro sinal de uma irritação, que pode legar a lacrimejamento, queimação e prurido.
Há indícios que o tabagismo está relacionado à oftalmopatia de Graves, doença associada ao hipertireoidismo. Crianças expostas à fumaça do cigarro podem desenvolver conjuntivite alérgica e filhos de mães fumantes têm maiores probabilidades de desenvolver estrabismo.
Lentes de contato
Alguns cuidados devem ser tomados no cotidiano. Ao entrar no mar ou na piscina, lentes de contato devem ser retiradas. O cloro e o sal podem ser depositados abaixo das lentes e irritar os olhos. As lentes devem ser higienizadas diariamente com substâncias específicas (as chamadas soluções multiuso), e não com soro fisiológico, situação bastante comum. O soro não limpa nem desinfeta as lentes, propiciando acúmulo de bactérias, gorduras e proteínas, o que pode determinar a alteração da superfície da córnea e os microrganismos podem provocar úlcera (descamação da superfície) e até perda da visão.
Soros fisiológicos industrializados podem conter conservantes tóxicos, que irritam os olhos e, dependendo da forma como são conservados, podem desenvolver colonização de germes. O estojo das lentes deve ser limpo semanalmente e substituído a cada três meses.