A humanidade sempre foi curiosa e transpôs diversas serras e cordilheiras para encontrar terras férteis ou fugir de inimigos. Arqueólogos encontrar o fóssil de um homem de mais de cinco mil anos – que ficou conhecido como Otzi –, em plenos Alpes italianos. No entanto, veio a Idade Média e foram criadas muitas lendas sobre os habitantes de cumes de montanhas, que amedrontaram os europeus. O alpinismo surgiu apenas em 1786 e tem data de aniversário: Sete de Agosto.
Em 1760, o naturalista e geólogo francês Horace de Saussure, considerado o pai do alpinismo, estava determinado a calcular a altitude do monte Branco, o ponto mais alto da Europa, e prometeu uma recompensa a quem conseguisse atingir o cume. Mas foram necessários 18 anos para que Michel Paccard e Jacques Balmat conseguissem vencer os 4.810 metros da montanha, que fica na fronteira da França com a Itália. Como a montanha fica nos Alpes, a prática recebeu o nome de alpinismo e, em tese, é praticada apenas nesta cadeia.
Os Alpes são um dos grandes sistemas de cordilheiras do mundo: cortam a Áustria, Eslovênia, Itália, Suíça, Liechtenstein, Alemanha, França e Mônaco. São mais de 190 mil quilômetros quadrados.
Voltando um pouco na história
Na desencontrada geografia da Idade Média, os picos dos montes abrigavam ora anjos, velando pelos homens, ora demônios, tentando a humanidade para arrastá-la para o inferno. No século XIV, seis religiosos foram encerrados pelas autoridades de Lucerna (Suíça), por terem tentado escalar um monte da região. Com o Renascimento, no entanto, a humanidade voltou a se interessar pelo estudo da natureza.
O alpinismo nasceu, ainda sem este nome, já no século XVI, quando aventureiros se esforçavam por alcançar os topos do mundo. A Renascença surgiu com novos conceitos, rejeitando o sobrenatural e colocando o homem no centro do mundo. Isto influenciou todas as práticas. Viagens através das montanhas, relatadas em diversos livros pelos aventureiros, mostram o início de uma comunhão do homem com a natureza.
As características
Diferentemente de muitos outros esportes, no alpinismo o atleta não compete com adversários, mas com suas próprias forças: ele quer superar seus próprios limites. Por isto, pode ser praticado por atletas solitários, mas, por questões de segurança, são organizados grupos para a prática.
O alpinismo é a prática de caminhadas pelas montanhas e, ao contrário do que se imagina, não inclui necessariamente a escalada até os cumes. Mesmo assim, é sempre necessária a presença de um guia experiente para as travessias. Existem vários níveis de dificuldade: os mais fáceis podem ser feitos adolescentes e idosos saudáveis. Para a escalada, são necessários equipamentos: cordas dinâmicas, cadeirinhas (baudriers), mosquetões, ascensores, freios, friends e camalots, marteletes, estribos, etc., além de capacetes, sapatilhas e roupas especiais, para se proteger do frio.
A história continua
No entanto, no alpinismo, a superação é a marca principal. Depois de terem atentamente explorado os Alpes, os alpinistas voltaram os olhos para outras partes do planeta.
Em 1899, o geólogo alemão Hans Meyer escalou o monte Kilimanjaro, entre Tanzânia e Quênia, com 5.900 metros de altitude. O nome do monte, na língua local (Kilima Njaro), significa “montanha branca”, por causa da neve eterna que recobre seu cume.
Em 1897, um grupo de alpinistas ingleses (deveriam ser chamados de montanhistas), atingiu o cume do monte Aconcágua, entre Argentina e Chile, o ponto mais alto das Américas.
Em 1906, um grupo de italianos escalou o monte Margherita, na fronteira entre Uganda e República Democrática do Congo. Não é o ponto culminante da África, mas era considerado inalcançável, em função de suas escarpas e fendas.
O desafio final estava na Ásia, no Himalaia: o monte Everest, entre a Índia e o Nepal, com seus incríveis 8.848 metros. Entre 1921 e 1953, mais de dez excursões tentaram ficar a bandeira de seu país no cume. Finalmente, o inglês Edmund Hillary e o nepalês Tenzing Norgai conquistaram o Everest. Em 1991, o brasileiro Waldemar Niclevicz repetiu a façanha.