Por muito tempo, a escrita não foi necessária para o homem. Coletar, caçar, pescar e defender-se eram as preocupações que ocupavam o cotidiano. Certo dia, talvez para demonstrar seu talento, um ancestral nosso resolveu desenhar os lances de uma caçada especialmente difícil. Sem querer, ele produziu uma espécie de escrita: a pictografia.
A partir daí, os desenhos se espalharam. Mostravam cenas do dia a dia: a paisagem, o nascimento de um filho, os primeiros rituais religiosos. Ao mesmo tempo, o homem começava a desenvolver as atividades pastoris e agrícolas.
Foram os excedentes da produção agropecuária que levaram o homem a criar outras formas, que não a pintura, para se comunicar. Ele precisava registrar as trocas, compras e vendas que fazia. Criou a escrita ideográfica, que usa sinais pictóricos (desenhos) pelo seu valor sonoro. Os vestígios mais antigos da ideografia foram encontrados na Mesopotâmia (atual Iraque), há cerca de seis mil anos, no período da civilização suméria. Os hieroglifos egípcios, um pouco mais recentes, são outro exemplo desta escrita.
Os sumérios utilizavam pequenas cunhas, para grafar seus sinais em tabuletas de argila. Por isto, a escrita é conhecida como cuneiforme (em forma de cunha).
Um ideograma representa um fonema: o antigo desenho de uma lança passou a significar apena “la”. Os chineses até hoje usam a escrita ideográfica, que precisa de muitos caracteres para dar conta de todos os sons produzidos pelo idioma: cerca de 20 mil.
A escrita ideográfica representou um grande avanço, mas eram poucos os que dominavam a arte de decifrá-la. Coube aos fenícios trazer uma grande inovação: o alfabeto, cujas letras precisam ser combinadas para representar um som completo (uma sílaba, o famoso B+A = BA).
Os fenícios tinham forte vocação comercial e eram bons marinheiros. Em função disso, difundiram rapidamente o alfabeto pelo mar Mediterrâneo, que foi adotado e aperfeiçoado pelos gregos. Com o crescimento da cultura grega, o alfabeto foi se espalhando pelo mundo conhecido da época.
Os romanos tomaram o alfabeto grego de empréstimo e criaram as letras que são mais utilizadas no mundo atualmente.
Uma curiosidade: uma criança, para se alfabetizar, precisa primeiro criar o interesse pela escrita, o que acontece quando ela observa pais e parentes lendo, anotando recados, fazendo listas de compras. Inicialmente, a criança desenha o que quer representar. Posteriormente, aprende a criar ideogramas. Como os desenhos não conseguem simbolizar certas palavras, como os verbos, passa a usar letras, mas entende que cada letra corresponde a uma sílaba. Só depois passa a escrever alfabeticamente. Os alfabetizandos passam pelas mesmas fases que a humanidade utilizou para desenvolver a escrita.