Algumas pessoas acham charmoso, outras acendem o sinal amarelo quando elas aparecem na pele. No entanto, as pintas são simplesmente a aglutinação na epiderme de vários melanócitos, células que produzem o pigmento que dá cor à nossa pele (a melanina); quando isto ocorre, e também em função da diferença de produção, surgem pequenas manchas mais ou menos escuras, do castanho-claro ao quase preto.
Na verdade, todas as pintas são tumores – agrupamentos desordenados de células –, mas são tumores benignos: são delimitados, de crescimento lento (quase imperceptível) e não afetam tecidos adjacentes.
Muitos de nós produzimos pintas desde antes de nascer, em quantidades diferentes, e em muitos elas nunca aparecem. A menos que as pintas apresentem alterações como crescimento exagerado, mais de uma cor, formato ou bordas irregulares ou protuberâncias na pele já na sua eclosão, são totalmente inofensivas e bastante comuns; o acompanhamento, porém, mesmo em casa, é sempre necessário.
Os melanócitos ficam na chamada camada basal (entre a epiderme e a derme, as duas estruturas mais superficiais que formam a pele).
Estas “fábricas de pigmentos” estão em constante e rápida divisão: as células mais antigas são simplesmente empurradas para fora pelas mais jovens, já que todos os melanócitos se dispõem lado a lado, em uma única camada.
Mas esta não é a explicação para as pintas: as estruturas mortas são expelidas com o sebo. Ainda não são completamente conhecidos os motivos do surgimento das pintas, mas é certo que há um componente hereditário. Em alguns casos, as pessoas passam toda a vida com apenas as marcas com que nasceram. Em outras, elas aparecem mais comumente em pessoas jovens (o pico ocorre durante a adolescência), provavelmente porque a quantidade de produção de melanina decai com a idade.
Quando as pintas se tornam um problema
O nome técnico das pintas é nevo melanocítico. Como já foi dito, elas não representam imediatamente problemas de saúde, mas, caso as pintas se multipliquem excessivamente, é preciso consultar um dermatologista, já que isto é considerado um sinal precursor do melanoma, um tipo de câncer que atinge o tecido epitelial.
O melanoma responde por um em cada 20 casos de câncer de pele e é considerado o mais maligno pelos especialistas (os demais tumores com maior incidência são o carcinoma basocelular e o carcinoma de células escamosas). De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de casos de melanoma tem aumentado entre 4% e 6% a cada ano no mundo todo.
Estudos indicam que 70% dos casos são do subtipo superficial, que é a neoplasia menos agressiva. A avaliação das lesões obedece a uma regra simples: ABCDE. “A” significa assimetria, “B”, bordas salientes, “C”, coloração variada, “D”, diâmetro maior do que seis milímetros e “E”, evolução acelerada: pintas que mudam de formato, relevo ou cor em um prazo de até três meses. Prurido, sangramento e ardência são sinais de que já passou da hora de se submeter a uma avaliação médica.
No entanto, alguns pacientes não apresentam nenhum destes sintomas. Então, é preciso recorrer à biópsia. O método mais comum é o de excisão, em que podem ser totalmente extraídos tumores de até dois centímetros de área na superfície da pele. Outras possibilidades terapêuticas são a crioterapia (congelamento das células cancerosas com nitrogênio líquido) e tratamento a laser, além da cirurgia clássica, com uso de bisturi, sob anestesia local. Geralmente, este procedimento é ambulatorial e o paciente recebe alta em poucas horas. A retirada dos pontos ocorre em até sete dias.
Existem casos documentados de melanomas diagnosticados na infância que não apresentaram qualquer evolução, o que significa que ainda serão necessários muitos estudos até que se conheçam todos os mecanismos deste câncer de pele. O que se sabe até agora é que a doença é mais comum em pessoas de pele clara (com exceção do melanoma acral lentiginoso) e parece estar relacionada à exposição ao Sol. A maior incidência é até os 30 anos, tornando-se mais rara com o avanço da idade.
Remoção estética
Dermatologistas afirmam que a remoção cirúrgica das pintas só deve ocorrer quando elas representam risco real para a saúde. Em outros casos, ela é contraindicada, porque na imensa maioria dos casos, ocorrerá apenas a troca da pinta por uma pequena cicatriz. O procedimento só é adotado quando elas atingem grandes extensões da pele, realmente prejudicando o aspecto. Seja como for, trata-se de uma intervenção médica e só deve ser realizada por um especialista, em ambiente seguro.
A exposição ao Sol parece favorecer a proliferação das pintas, especialmente no rosto. Mesmo benignas, muitas pessoas consideram que elas prejudicam o visual. Quem pensa assim deve se proteger sempre ao sair, com protetor solar, chapéus e óculos escuros. A hidratação constante e, em alguns casos, o peeling de cristal, também são fatores de prevenção.