Uma avalanche se forma quando uma grande quantidade de neve, acumulada em determinado trecho de um monte (em geral, áreas quase horizontais) perde a sustentação para se manter em equilíbrio e cai violentamente, em direção ao sopé da montanha.
Neste movimento, a neve arrasta tudo o que estiver à sua frente: alpinistas, árvores e cochas, e muitas vezes o volume é grande o suficiente para soterrar imóveis próximos ao monte. As avalanches podem ser provocadas por mudanças na frequência e volume de sons, passagem de esquiadores e fortes ventos.
Quando as avalanches arrastam rochas desde o início da precipitação, geralmente são causadas por abalos sísmicos, mesmo que não sejam sentidos. Por isto, em regiões de risco, como as montanhas do Colorado (EUA), os Alpes (Europa) e Andes (América do Sul), existem centros permanentes de prevenção e controle.
Estas estações avaliam periodicamente os riscos, instalam barreiras físicas (que não impedem o avanço das avalanches, apenas atravancam seu movimento, ampliando o tempo necessário para as providências de emergência) e também vasculham os locais de desastre em busca de vítimas.
No início da primavera, ocorrem avalanches de lama, causadas pelo derretimento da neve. Em geral, estes deslizamentos estão relacionados a problemas de erosão do terreno e desmatamento dos aclives das montanhas provocados pela ação humana, mas, em regiões onde tempestades se alternam com nevascas, estas avalanches podem acontecer naturalmente, quando o volume pluviométrico é muito grande.
Como se formam
Para entender como se formam as avalanches, é preciso pensar no formato dos flocos de neve. Em geral, eles são sextavados e sempre diferentes entre si (a tradição diz que não há dois flocos de neve iguais). Com esta forma, os flocos criam saliências e reentrâncias e assim se ligam uns aos outros e criam camadas sólidas, como as que recobrem ruas e estradas de regiões temperadas e glaciais.
Mas existem flocos pontiagudos, que não se entrelaçam com tanta facilidade e formam uma camada instável. Além disto, flocos em suspensão no ar, ao contato com a neve, formam uma espécie de geada, que provoca a precipitação de granizo, também muito instável.
Variações na temperatura também contribuem para a formação de avalanches. Quando a superfície na neve se derrete e voltar a congelar-se, a região fica muito escorregadia, arrastando rochas próximas, que por sua vez arrastam a neve, num verdadeiro efeito dominó.
A temperatura da neve próxima ao solo é de cerca de 0°C, enquanto na superfície do manto ela depende da temperatura do ar, que pode ser bem mais fria no inverno. Assim, várias camadas se superpõem e sua estabilidade varia muito. Por isto, mesmo que aparentemente a camada pareça homogênea, ela pode estar apenas recobrindo outras camadas instáveis, que podem se movimentar a qualquer momento.
Tipos de avalanches
As avalanches podem ser pulverulentas, quando há uma mistura entre ar e neve e, portanto, são mais rarefeitas. O deslizamento depende da densidade e formação dos depósitos de neve à frente e da topografia do terreno. Avalanches pulverulentas atingem altas velocidades, podendo alcançar 360km/h. O volume de neve pode atingir alguns metros de altura.
As avalanches densas (também chamadas maciças ou de placas) são semelhantes a uma corrente; existe um ponto em que a neve se acumula progressivamente, um canal para o deslizamento e um ponto em que a neve é depositada. No seu movimento, pode atingir 100km/h. Elas sempre ocorrem em declives opostos à direção do vento.
Mitos sobre as avalanches
Uma das principais lendas é de que bosques inclinados não sofrem avalanches. Tudo depende das condições de temperatura e umidade e, num bosque muito fechado, pode ser impedida a visão do que está por cima, potencializando os riscos. Em bosques abertos, a ocorrência de avalanches é comum.
De mesma forma, não existem regiões sem avalanches. Mesmo que não haja registros de ocorrências, se na área existem aclives, neve e ventos, as precipitações podem ocorrer.
Também se acredita que o frio intenso impede a avalanche. Isto depende também da umidade do ar. O frio impede que camadas “secas” de neve se precipitem, mas, se elas estiverem úmidas, podem se precipitar. A ausência de neve por vários dias também não impede a avalanche.
Por fim, avalanches dependem de muitos fatores: temperatura, umidade, incidência do Sol, ruídos e também da ação humana: esquis, snowboards e mesmo a cadência de passos pode contribuir para o início ou a ampliação de um deslizamento.