Não apenas no inverno. Na região centro-sul do país, é comum a entrada de frentes frias, seguidas de massas de ar polar, também no outono e na primavera. Algumas raças não se incomodam com a queda da temperatura – até gostam –, mas outras, especialmente as de pelo curto sofrem bastante. É necessário proteger os cães nos dias frios.
São poucas as raças caninas adaptadas às baixas temperaturas: malamute do Alasca, husky siberiano, são bernardo, chow-chow, e outras menos conhecidas no Brasil, como o cão da serra de Aires (que também se dá muito bens nos dias quentes), akita, bernese (cão boiadeiro da Boêmia), pastor da Lapônia e pastor húngaro.
Por outro lado, os cães quase sem pelos (como o pelado mexicano), pinscher, chihuahua, dachsund, doberman, dálmatas, retrievers do Labrador e todas as demais de pelagem curta precisam de proteção. Vale o mesmo para os cães de pequeno porte. Os de pelo longo não precisam de roupas nos dias frios, mas devem se manter abrigados.
Proteger os cães nos dias frios não garante apenas o bem-estar e conforto dos animais. Animais expostos a baixas temperaturas apresentam maiores possibilidades de desenvolver anomalias no sistema imunológico e, com isto, contraem doenças com mais facilidade. A alimentação e a higiene também demandam atenção especial.
Em tempo: aves, répteis e até mesmo peixes se ressentem com a queda da temperatura. Os proprietários responsáveis destes animais devem tomar as precauções necessárias para garantir o conforto e bem-estar dos seus pets.
As providências
Os cães que dormem fora de casa precisam de um abrigo adequado. As pet shops vendem diversos tipos de casinhas, feitas de madeira, plástico e até de papel reciclado. As casas devem ser posicionadas de forma contrária às correntes de ar. É importante revestir o piso e trocar este revestimento regularmente, para evitar o acúmulo de sujeira. Quando o pet não está acostumado a dormir neste acessório, providencie um canto ao abrigo da chuva, vento e umidade, colocando um estrado e, sobre ele, um cobertor, papelão ou folhas de jornal.
Os animais que dormem em casa não sentirão frio se dormirem em caminhas ou colchonetes. O mercado pet oferece uma série de proteções para os cães, inclusive cobertores e edredons, para os mais friorentos – entre eles, os filhotes e idosos.
Mesmo com muitos detalhes, estampas e fitas, as roupas não são “frescura de madame”: elas ajudam muito no conforto térmico dos cães. Mesmo assim, o ideal é escolher modelos mais simples, para não tolher os movimentos dos animais.
Existem modelos em lã, plush, moletom, soft e algodão. Alguns animais não podem usar artigos sintético, outros não suportam a lã. Eles podem desenvolver alergias. O proprietário deve ficar atento. Em outros casos, a trama do tecido pode provocar a formação de nós na pelagem.
Nos dias frios, o gasto energético dos cães (e de todos nós) e, por esta razão, os veterinários recomendam aumentar em 20% a oferta da ração. No entanto, este aumento só é válido para animais que estão em forma; os obesos devem continuar recebendo a porção indicada pelo médico.
Os banhos devem ser reduzidos: a higienização semanal de um cão pode ter os intervalos duplicados, passando para 15 dias. O horário escolhido deve ficar entre 11h e 15h, por ser mais quente. Os animais de pelo longo devem ser enxugados com um secador na temperatura morna e não podem sair imediatamente para o quintal. As pet shops reúnem melhores condições de secagem e, por isto, são mais indicadas para os banhos.
Os passeios não devem ser cancelados, mesmo em dias chuvosos. O ideal também é, sempre que possível, escolher os horários do dia em que a temperatura está mais elevada. Durante o dia, faça o animal se exercitar com mais frequência.
Nas idas ao veterinário ou à pet shop, os cães podem sofrer um choque térmico, caso saiam de um ambiente aquecido para o frio da rua. É conveniente passear durante 15 minutos antes de sair, mesmo que seja apenas da porta do estabelecimento até o carro. É importante lembrar que, no inverno, as tosas muito baixas precisam ser evitadas; dependendo da raça, podem inclusive ser suspensas.
Doenças de inverno
Mal agasalhados, os cães podem desenvolver algumas enfermidades. As mais comuns são a gripe e a tosse dos canis, que apresenta sintomas parecidos com os de um resfriado humano: tosse, secreção nasal e ocular, espirros, febre baixa, falta de apetite e apatia. As gripes podem surgir em qualquer época do ano, mas são mais comuns no inverno.
Não parece ser uma urgência veterinária, mas esta doença, se não receber tratamento adequado, pode evoluir para uma pneumonia e outras infecções bacterianas, virais e fúngicas. Os animais idosos, além do risco das doenças respiratórias, podem desenvolver problemas ósseos e nas articulações, principalmente os que já sofrem com artrite, artrose ou de coluna vertebral.
Quando a umidade relativa do ar está muito baixo, fato comum em São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, os cães também apresentam sintomas semelhantes aos nossos: coceira nos olhos, boca seca, desidratação e dificuldade para respirar.
Apesar de ser um fato comum a todos os cachorros, os animais das raças lhasa-apso, shih-tzu, boxer, pug e buldogue (inglês e francês), que têm a cana nasal curta, sofrem bastante no período e podem precisar de inalação. Nestes dias mais secos, deixe sempre uma vasilha com ar para umidificar o ambiente.
Não se esqueça de visitar a clínica veterinária para que seu cão receba a vacina contra a traqueobronquite, que deve ser renovada anualmente. A doença apresenta rápida evolução, podendo levar a óbito, e não pode ser negligenciada.