Até alguns anos atrás, a imagem que vinha à mente quando se falava em aquário era o tanque “bolinha”, com apenas um ou dois peixes dourados, os kinguios, que são muito resistentes. Os praticantes do hobby quase nunca instalavam bombas de aeração, para melhorar a qualidade da água: de tempos em tempos, trocavam todo o volume do aquário e repunham os animais.
Hoje, aquariofilistas sabem que montar um aquário é uma tarefa bem mais complexa e sua manutenção requer alguns cuidados. Mesmo assim, a montagem pode ser feitas em apenas algumas horas, mas não pode introduzir os peixes imediatamente. Especialistas recomendam que sejam aguardados três dias, para o sistema entrar em equilíbrio. Antes dos peixes, é preciso medir o pH (nível de acidez da água).
A primeira providência é garantir que o tanque não tem vazamentos. Coloque-se sobre uma superfície seca forrada com jornal e espere uma ou duas horas. Caso não haja problemas, esvazie o aquário, seque-o e instale-o no local definitivo, que precisa estar próximo a uma tomada. É a hora de instalar o sistema de filtragem.
Os filtros do aquário
Os filtros biológicos são instalados primeiro. São placas perfuradas sob as quais a sujeira e restos de alimentos ficam depositados. Toda a superfície do aquário deve ser coberta pelas placas. As torres de ar, também chamadas de elevadores, vêm em seguida (talvez seja preciso reduzi-las, de acordo com a altura do aquário), realizada a tarefa, conecta-se os tubos de ar à placa biológica e ao filtro externo, que realiza a filtragem mecânica e química.
Em geral, os filtros externos utilizam fibra de vidro e carvão ativado para retirar os resíduos da água. Estes elementos devem ser trocados periodicamente. Para um aquário de 50 litros (50cm de comprimento, 30cm de largura e 35cm de altura), tamanho ideal para iniciantes por requerer menos manutenção, a troca pode ser realizada mensalmente.
A decoração
Sobre as placas biológicas, coloque uma camada de cascalho de 2cm, cuja cor e tamanho ficam à escolha do novo aquariofilista. Recomenda-se, no entanto, que sejam usados tons neutros, semelhantes aos encontrados nos rios e lagos, fator que ajuda a não estressar os peixes. Pedras calcárias tornam a água mais alcalina, enquanto galhos de madeira a acidificam. É preciso cuidado com a madeira, que pode apodrecer e soltar lascas, e os peixes comem tudo o que encontram pela frente.
O aquário está pronto para receber a água, que deve ser tratada com anticloro, para não ficar turva. Normalmente, a proporção é de uma gota do anticloro para cada litro de água, mas, de qualquer forma, consulte as recomendações do fabricante.
Ligue o filtro, e certifique-se de que a água está circulando entre o tanque e o filtro externo. Caso se formem bolhas, é possível que haja folgas nas emendas das torres. É preciso vedá-las, porque os peixes podem engoli-las e desenvolver uma doença chamada embolia gasosa, que leva à morte. Em locais mais frios, é preciso instalar também um termostato, para manter o aquário – que é um microssistema ecológico – aquecido.
Os aquários devem ser fechados, para evitar que a poeira contamine a água. Em geral, os modelos vendidos nas pet shops já vêm com tampa e uma estante para as lâmpadas, que devem ser frias (fluorescentes, brancas ou de vapor de sódio), para não alterar a temperatura da água.
Os habitantes do aquário
Com o tanque pronto, podem ser introduzidas as plantas. Se o aquariofilista decidir criar peixes herbívoros, é preciso deixar as raízes abaixo das placas biológicas, pois eles arrancarão tudo o que estiver plantado. Em aquários maiores, é preciso organizar uma “fazenda” de plantas aquáticas. Basta um tanque sem aeração, para criar as plantas e transplantá-las já adultas para o aquário.
Se o aquário for habitado por peixes herbívoros, as plantas vão se desenvolver rapidamente e é preciso podá-las periodicamente, para impedir o crescimento exagerado. Evite instalar o aquário em locais ensolarados, porque isto acelera o desenvolvimento.
As plantas tornam o aquário mais bonito, mas sua função principal é oferecer “esconderijos” para os peixes, que têm hábitos diferentes de acordo com as espécies – alguns são rápidos e nunca param de se movimentar, como os neons, enquanto outros exibem movimentos vagarosos, como os acarás (bandeira, marmorato, disco), mas podem conviver em tanques maiores. Aliás, a combinação de neons e acarás no mesmo aquário confere um visual muito bonito.
No entanto, os acarás são peixes mais delicados e requerem maiores cuidados, como a correção dos elementos-traço presentes na água (ferro, zinco, cobre, flúor, bromo e selênio). Estes pequenos animais também precisam receber uma porção de artêmias (larvas de camarão) uma vez por semana.
Outras espécies são mais fáceis para os criadores iniciantes. Kinguios e carpas, apesar de muito bagunceiros, são muito resistentes a variações de temperatura e das características da água, mas, se for esta a opção, é melhor utilizar plantas artificiais, porque eles destroem tudo o que estiver plantado. Também costumam arrastar as pedras do fundo do aquário, e é preciso reorganizá-las, para não deixar o filtro biológico exposto.
Cascudos, coridoras e caramujos contribuem para a limpeza do aquário. Não são animais bonitos, mas alimentam-se dos fungos e algas que recobrem o cascalho e as paredes com aquele verde que torna o aquário feio. Algumas espécies de caramujos são hermafroditas e é preciso controlar sua reprodução.
Outras espécies de fácil criação são as espadas e molinésias, que podem ser criadas no mesmo tanque. As espadas são vermelhas e as molinésias, pretas ou prata, o que confere um visual agradável ao aquário. Molinésias são os peixes de mais fácil reprodução em aquários.
A manutenção
É preciso cuidado com a alimentação. Uma pitada diária de ração seca é suficiente para uma população de 15 peixes. Existem opções para realçar as cores, induzir o cio (ciclo reprodutivo), além das indicadas para alevinos (filhotes) e para engorda.
Mensalmente, é preciso trocar um terço da água do aquário, que deve ser introduzida, para não prejudicar o equilíbrio. Se tudo estiver funcionando corretamente, não é preciso lavar o aquário. No caso de acúmulo de algas, um chumaço de algodão é suficiente para retirá-las, mas, se o nível de acidez estiver controlado, isto não será necessário.
Em caso de queima do termostato ou do filtro externo, a troca deve ser imediata. Alterações de temperatura e das características da água provocam a baixa da imunidade dos peixes, expondo-os a doenças quase sempre fatais.
Uma última dica: ao trazer os peixes para casa, deixe-os ainda no saco plástico, boiando sobre o aquário. Aguarde 30 minutos antes de soltá-los, para equilibrar a temperatura, e resista à tentação de superlotar o aquário, para não irritar os animais e provocar brigas.