A canonização concede o status de santo a um fiel que já é beato. Com a canonização, o novo santo pode ser cultuado nas igrejas. Para tanto, é preciso comprovar que o candidato tenha realizado ao menos dois milagres, que são fatos extraordinários e sobrenaturais. O santo não faz o milagre por si, mas intercede junto a Deus para a concessão da graça.
No início do Cristianismo, muitas pessoas receberam o título de santo. Quase todos os personagens “do bem” do Novo Testamento são considerados santos e eram cultuados popularmente, como os apóstolos, os pais de Jesus, etc. Há até figuras míticas com o título: Santa Brígida, por exemplo, seria a deusa celta Brigita; a existência de São Jorge só aparece em textos lendários e apócrifos; Santa Lúcia (ou Luzia) seria a personificação da luz sagrada. O primeiro a ser canonizado pela Igreja foi um bispo alemão, Ulrico, pelo papa João XV, em 993.
Atualmente, o processo de canonização segue normas rígidas. A diocese onde o candidato viveu faz o pedido, que é examinado cuidadosamente por um colégio de altos membros do Vaticano. Em 2008, o Vaticano tornou pública a instrução “Sanctorum Mater”, uma lista de procedimentos a ser obedecida. Nela, é preciso comprovar que o fiel teve vida digna e santa e que nenhum ato praticado impede o culto. A seguir, são avaliadas as provas documentais do milagre (por exemplo, laudos médicos, em casos de cura), as testemunhas do fato. Em caso positivo, tem início o processo propriamente dito.
Um membro da Santa Sé assume a função de postulador: cabe a ele recolher o máximo de informações para legitimar a causa, enquanto outro se torna promotor da fé, cuja função é contrapor argumentos, para que não reste nenhuma dúvida. Com o milagre comprovado, o fiel assume o status de beato. Para a canonização, é preciso a identificação de ao menos mais um fato sobrenatural. Só o papa, em missa solene, pode declarar a santificação.
Como é natural, apenas católicos, que tenham recebido os sacramentos, podem ser canonizados. Esta é uma das razões por que muitas figuras reverenciadas do Antigo Testamento, como os patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, não recebem o tratamento de santo. Apesar disto, a canonização é apenas o reconhecimento formal de que um fiel alcançou o Paraíso, onde todos, de acordo com a Igreja, são santos, por terem praticado as virtudes teologais – fé, esperança e caridade – durante a vida.