A dieta do Dr. Atkins foi desenvolvida durante os anos 1960. Robert Atkins, médico cardiologista americano, publicou em 1972 o livro “A Dieta Revolucionária do Dr. Atkins” (revisado em 1992). A dieta consiste basicamente na redução drástica da ingestão de carboidratos (arroz, feijão, massas e doces) e o aumento do consumo de proteínas (carnes, ovos, peixes, aves e queijos, especialmente os amarelos).
De acordo com o médico, falecido em 2003 – mas cujos negócios – clínicas de emagrecimento e produção de suplementos alimentares – continuam mantidos pela família, a dieta deve eliminar 98% dos carboidratos nas refeições. Com isto, o organismo começa a utilizar a gordura corporal para obter energia. Este processo é chamado cetose.
A glicose – substância mais simples no processo de digestão dos carboidratos – é fundamental para o metabolismo dos seres vivos, das plantas ao homem. Levado pelo sangue arterial, o gás oxigênio, aliado à glicose, é o combustível para todas as células.
A respiração celular ocorre quando as mitocôndrias (organelos das células) absorvem a energia gerada pela “queima” da glicose. Esta energia é responsável pela multiplicação adequada das células, que desenvolvem as diversas atividades necessárias ao organismo: respiração, digestão, excreção, etc.
No entanto, a ingestão excessiva de carboidratos, associada ou não ao consumo de proteínas, impede o organismo de processar toda a quantidade. Em resultado, surgem depósitos de gordura, especialmente nos braços, abdômen, quadris e coxas: é a famosa barriguinha de chope, sobrepeso e obesidade.
Para combater estes males, Atkins desenvolveu sua dieta. Nos primeiros 14 dias, a supressão de carboidratos é dramática: apenas 20 gramas diárias. Mesmo assim, como a ingestão de calorias não tem qualquer limite, os adeptos “aprendem” a consumir mais proteínas a cada refeição, o que garante a sensação de saciedade.
Nas semanas seguintes, é permitido o consumo de 40 gramas de carboidratos. Atkins afirmava que, quando o organismo está em cetose, a sensação de fome simplesmente desaparece, o que leva a uma rápida perda de peso (este fato talvez explique a resistência de manifestantes políticos, que aderem à greve de fome como forma de protesto).
O método garante também que, com o passar das semanas, a dieta “ensina” o organismo a utilizar os depósitos de gordura corporal como principal fonte e energia, ampliando a cota de glicose gasta pelo cérebro, melhorando o raciocínio e a capacidade de tomada de decisões.
Como é feita a dieta
No café da manhã, pode-se abusar de queijos, embutidos e ovos, mas os pães e achocolatados devem ser eliminados. Café, leite e chá também são permitidos. O consumo de frutas deve ser limitado e, caso atinja três porções (um copo de suco de laranja, por exemplo), qualquer fonte de açúcar deve ser evitada durante o resto do dia.
Almoço e jantar devem se reduzir a carnes vermelhas, aves, peixes, verduras e embutidos. Todas as massas e os tubérculos, como batata e mandioca, ficam fora do cardápio, assim como as leguminosas (ervilha, grão de bico, lentilha e milho).
A dieta do Dr. Atkins permite perda de peso de até 8kg no primeiro mês. Porém, há perda também de massa muscular, além da redução da gordura corporal.
Argumentos contrários
A crítica principal à dieta do Dr. Atkins é que ela não promove uma reeducação alimentar – quem opta por este regime não reaprende a alimentar-se adequadamente.
Isto pode determinar o famoso efeito sanfona: logo depois de perder peso e retornar à rotina, é quase certo que a pessoa recuperará o peso, tentará novas dietas e entrará num círculo vicioso de engordar e emagrecer.
Apesar de prever verduras, a dieta desaconselha o consumo de frutas e legumes, o que leva à baixa ingestão de fibras, prejudicando o funcionamento dos intestinos e criando condições para o desenvolvimento de prisão de ventre – que provoca o chamado efeito estufa – e várias outras doenças.
Para os brasileiros, a dieta do Dr. Atkins se afasta muito do padrão alimentar: não comer arroz e feijão, por exemplo, é algo impensável para a maioria. Entre nós, o retorno ao consumo de cereais e frutas, baratas e disponíveis durante todo o ano, pode significar rápido ganho de peso.
A cetose não é um processo instantâneo: pode durar dias para que o metabolismo passe a usar a gordura corporal para gerar energia. Como o cérebro e o coração são prioritários, quem se submete à dieta pode experimentar dores musculares e problemas de digestão e excreção, além de tonturas, vertigens e variações súbitas de humor.
Por fim, o método não é indicado para mulheres grávidas e pessoas com deficiência renal. Os rins são bastante exigidos no início da dieta, para eliminar os resíduos resultantes da queima da gordura corporal e, no caso das gestantes, pode eliminar nutrientes importantes para o feto.
Quem está acima do peso – fator que, no médio prazo, pode causar várias doenças cardiorrespiratórias, vasculares e também o diabetes – deve preferencialmente procurar um endocrinologista e um nutricionista para submeter-se a um programa de reeducação alimentar: é a melhor forma de perder peso, sem perder a saúde.