O Brasil gera cerca de 90 milhões de toneladas anuais de lixo, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 40% deste volume são depositados nos famosos lixões dos municípios e apenas 10% são reciclados, na maioria vidro, alumínio, plástico e papel. Mas é possível reciclar também o lixo orgânico, que representa a imensa maioria dos resíduos produzidos pelas residências, através da compostagem.
A compostagem é um método de tratamento de resíduos sólidos – restos de comida, talos, cascas, etc. e também jornais, madeira, grama e folhas caídas no quintal – através da sua decomposição por microrganismos, na presença de oxigênio. Pode ser feita ser muito trabalho em qualquer local e produz um composto fertilizante (o húmus) que pode ser utilizado em jardins, floreiras, hortas e pomares. O produto da compostagem auxilia também a reduzir os adubos químicos – os famosos agrotóxicos –, preservar mananciais e terras e melhorar a qualidade dos alimentos que chegam ao mercado.
Para a compostagem, são necessários, além do lixo orgânico, terra, que é fonte de microrganismos, água e ar, condições fundamentais para a sobrevivência e reprodução. Os germes decompõem as grandes cadeias de carbono, transformando-as em moléculas mais simples, através da respiração aeróbica. Isto produz o húmus, rico em fibras, potássio, nitrogênio e fósforo, componentes inorgânicos.
Através da respiração, os microrganismos liberam dióxido de carbono e calor. No interior das pilhas de compostagem, a temperatura pode atingir 66°C. Remexendo e regando o material uma ou duas vezes por dia – uma camada de terra, o lixo e outra camada de terra –, ele se decompõe em duas ou três semanas e não produz cheiro desagradável.
Antes de retirar o húmus, é possível depositar outras camadas de resíduos e terra (sempre mais espessa que a do lixo), mas, para isto, será necessário um local com sistemas de gavetas, para retirar o material mais antigo, que fica no fundo. Se a pilha ficar muito alta, podem-se inserir tubos de PVC com várias perfurações, para garantir a oxigenação do sistema.
Fazer a compostagem é simples. A pilha pode receber luz do Sol, mas não durante o dia todo, para não secar, situação em que surgem os aromas ruins. É preciso providenciar uma boa drenagem: a terra não pode ficar encharcada, nem acumular água. Se os resíduos forem triturados previamente, a decomposição será mais rápida.
Carne, leite e derivados devem ser liquidificados, porque a gordura animal é um dos principais causadores do fedor.
Ervas daninhas, capim, galhos de árvores, etc., também precisam ser moídos previamente e não devem representar a maior parte da compostagem; do contrário, aumentarão a quantidade de nitrogênio no material. A escala ideal é de 30 partes de carbono para uma parte de nitrogênio.
Quem mora no litoral, em locais em que é permitida a colheita de algas, estas plantas podem ajudar bastante no processo de compostagem. É preciso lavá-las, para remover o sal, picá-las e misturá-las à pilha. Elas são uma excelente fonte de carbono.
As minhocas são excelentes auxiliares da compostagem: elas abrem túneis que arejam o material e, com uma boa colônia, o tempo de reciclagem chega a se reduzir à metade. Lojas de produtos para jardinagem costumam disponibilizar minhocas, mas elas podem ser encontradas em qualquer terreno.
Na compostagem, não devem ser adicionados os seguintes materiais: resíduos humanos ou dos animais de estimação, porque podem adicionar parasitas à mistura, restos de plantas que tenham morrido por alguma infestação ou infecção, cinzas de carvão e papel brilhante (tóxicos aos microrganismos) e, de preferência, plantas adubadas com pesticidas.
Para saber se o processo está correto, basta atentar a alguns detalhes: a compostagem nunca cheira mal. Ao ser regada, ela deve exalar o “cheiro de chuva”. Em dias frios, é possível ver uma bruma sobre a pilha: significa que os microrganismos estão fermentando e decompondo o material orgânico. É possível inclusive identifica bolhas de dióxido de carbono, especialmente ao nascer do Sol.
Colher o húmus requer algumas condições. Numa grande pilha, em que o material é retirado de baixo para cima, basta medir a temperatura com um termômetro de farmácia. Se estiver abaixo de 38°C, o adubo está pronto. O volume se reduz pela metade ou até três quartos, a cor é marrom escuro ou preto e a textura é macia (e não esfarelada).
O adubo pode ser usado para melhorar o terreno, aumentar a atividade dos microrganismos no solo, enriquecer os nutrientes da terra, corrigir o pH, isolar as diferenças de temperatura da terra sob as plantas e aumentar a resistência contra doenças e ataques de insetos. O resultado é um jardim mais bonito e saudável. O material também pode ser doado para instituições beneficentes; muitas delas revendem o produto.