É uma complicação difícil de lidar. Um cálculo renal, também chamado de urolitíase, nefrolitíase e calculose urinária, além das dores extremamente fortes, provoca náuseas, vômitos, febre e presença de sangue na urina. A pedra se forma quando algumas substâncias excretadas pela urina – como o cálcio e o potássio – estão presentes no rim em quantidade excessiva. Isto dificulta o trabalho do órgão e permite a formação de pequenos cristais.
O tamanho do cálculo renal influencia na intensidade da dor. Até quatro milímetros, ele pode ser expelido sem sofrimento. Acima deste tamanho, surgem os quadros dolorosos. O cálculo é mais comum entre pacientes do sexo masculino e antigos manuais de medicina descrevem a condição como a mais próxima de um parto que um homem pode experimentar.
O cálculo renal pode se localizar em qualquer ponto do sistema excretor: rins, ureteres, bexiga urinária e uretra. Os rins são duas estruturas anatômicas que filtram o sangue trazido pela artéria aorta; uma vez limpo, o sangue retorna ao coração, pela veia cava.
Quando o cálculo se forma no parênquima renal (a parte funcional dos rins – um milhão de néfrons, que produzem a urina), o paciente não costuma sentir dores, mas quando ele migra para a parte central do órgão ou para os ureteres (canais entre os rins e a bexiga), surgem as primeiras cólicas, fato que exige acompanhamento médico.
A dor provocada pelo cálculo renal geralmente é forte e aguda e ocorre quando as pedras se movimentam. Ela é unilateral (dificilmente são formadas pedras simultaneamente nos dois rins; por esta razão, o paciente continua urinado normalmente) e se estende da região lombar até a região lateral do abdômen (o flanco). Ela se irradia pelo flanco até os órgãos sexuais, em pacientes de ambos os sexos. A posição do corpo não interfere no surgimento nem na intensidade do desconforto.
Como prevenir o cálculo renal
A primeira recomendação dos médicos para evitar um cálculo renal ou auxiliar no tratamento é a hidratação – ao menos dois litros de líquidos a cada dia. Esta providência torna a urina menos concentrada e ajuda na diluição dos cristais. Quem não está acostumado a beber água pode “adotar” garrafas de 500 ou 1.000 ml e deixá-las sempre por perto.
A incidência de cálculos renais é 30% maior em climas quentes. Isto ocorre pela perda maior de líquidos pela transpiração, cuja função é manter a temperatura sob controle. Com esta perda, a urina fica mais concentrada, oferecendo as condições ideais para a doença. Roupas leves, redução de atividades ao ar livre e aumento da ingestão de água reduzem as possibilidades de desenvolvimento das pedras.
Apesar de ser uma tentação para os dias quentes, bebidas alcoólicas provocam desidratação. Uma “loura estupidamente gelada” tem alto poder diurético, provoca o aumento da quantidade de urina quase imediatamente. Com o estoque em baixa, ela fica menos diluída. Quando for beber, intercale os copos de cerveja com um pouco de água. Isto reduz também os efeitos do porre e da ressaca. Bebidas fermentadas oferecem os maiores teores de ácido úrico e dão muito trabalho para o sistema excretor.
O sal é talvez o pior inimigo dos rins. O consumo elevado do tempero obriga maior excreção de sódio e isto pode aumentar a produção de fósforo, cálcio, ácido úrico e oxalatos (sais de cálcio ou de ferro). Este aumento da produção é o cenário ideal para o desenvolvimento de um cálculo renal.
Pacientes com episódios de cálculo renal grave devem redobrar os cuidados com a ingestão de cálcio e de proteínas. A nova dieta deve restringir as carnes, leite e derivados, pois os excessos aumentam a produção de ácido úrico, agravando o quadro. A restrição ao cálcio do leite é apenas para os que desenvolveram pedras deste sal, as mais comuns entre os cálculos renais.
Como tratar o cálculo renal
Em casos de cálculos renais com mais de quatro milímetros, é preciso recorrer a analgésicos, para reduzir as dores, e outros medicamentos para facilitar a expulsão das pedras. Estas drogas devem ser prescritas por um especialista. A automedicação pode inclusive piorar o quadro.
Pedras maiores, a partir de dez milímetros, demandam tratamento cirúrgico, já que são mais agressivas e podem provocar danos nos órgãos. O paciente pode ser submetido a uma litotripsia (emissão de ondas de choque para quebrar o cálculo) ou a cirurgias endoscópicas (retirada da pedra através de sondas e cateteres).
Muitas doenças têm como primeiro sintoma o desenvolvimento de cálculos renais. Gota, doenças inflamatórias intestinais, doenças autoimunes e diversos problemas nos rins. A presença de febre juntamente com as febres indica a probabilidade de inflamações, que podem ser severas. Nestas situações, é preciso buscar auxílio médico com urgência.
Uma vez eliminado o problema, o paciente precisa se submeter a testes de avaliação metabólica. O objetivo é identificar as causas que determinaram o cálculo renal, já que a taxa de recidiva é muito alta. Esta avaliação é fundamental, especialmente quando há suspeita de outras doenças.
Tratamentos alternativos para o cálculo renal
Para cálculos renais pequenos, é possível recorrer a alguns tratamentos caseiros. O suco de agrião diluído em água (na mesma proporção) pode ser tomado pela manhã, em jejum. Caso o paciente sinta ardência ao urinar, é preciso diluir ainda mais o chá. O limite de consumo é de duas xícaras de chá diárias e as grávidas devem evitar este tratamento.
A abóbora, em todos os seus tipos, pode ser incluída no cardápio do dia a dia. Ela pode ser preparada em saladas, sopas, com legumes cozidos (em forma de purê), como acompanhamento para carne se peixes e até sozinha, em cubos ou ralada.
Sucos de melão e melancia podem ser ingeridos em dias intercalados. São frutas altamente hidratantes e os copos podem ser tomados de duas em duas horas, em substituição à água. Preferencialmente, eles devem ser tomados puros (apenas batidos no liquidificador) e sem adição de açúcar.
Para eliminar os cálculos renais, a água de coco pode substituir o melão e a melancia. O tratamento, no segundo dia, pode incluir uma colher (sopa) de azeite a cada 15 minutos, por uma manhã e tarde. Ainda neste dia, um chá de boldo ou camomila são excelentes auxiliares da digestão.
É preciso checar, na urina, se os cálculos estão sendo eliminados. Se o problema persistir, deve ser procurada orientação médica.