Tudo começou quando domesticamos nossos primeiros animais, como vacas, cabras e ovelhas, há aproximadamente 12 mil anos. Entretanto, entre a ordenha manual e a procura pela lata preferida de leite em pó na gôndola do supermercado, muita coisa mudou, mas o alimento continua sendo nosso fiel companheiro. Dúvida comum de muitas pessoas, veja como é feito o leite em pó.
O leite é um dos alimentos mais importantes para a humanidade. Ao contrário dos demais mamíferos, que só mamam quando filhotes – o alimento garante a alimentação e os nutrientes necessários para o desenvolvimento, até que as crias tenham adquirido autonomia suficiente para caçar e coletar – o homem bebe leite durante toda a vida.
O leite é uma fonte razoável de proteínas e carboidratos. Quando ocorriam faltas esporádicas de carne de caça e de grãos, nossos ancestrais começaram a tomar a bebida esporadicamente. Isto ocorreu no Oriente Médio e, graças a esta gulodice (e curiosidade), as populações locais se tornaram mais resistentes ao diabetes tipo II e mais tolerantes à lactose.
Com a capacidade de ingerir maiores teores de glicose, estes grupos se tornaram mais fortes e rápidos (a glicose é uma substância fundamental para a produção de energia nas células); ainda se discute se ocorreram alterações significativas no cérebro e nas funções mentais. Seja como for, foi no Oriente Médio que surgiu a história.
Transformando líquido em leite
Durante muito tempo, o leite, em função da facilidade de deterioração, só pôde ser consumido nas regiões de criação de gado. Quem estava longe tinha de se contentar com manteiga e queijo, cuja vida útil é bem maior. Na América, apenas os incas tinham o privilégio da bebida (de lhama); Na Europa, apenas com a Revolução Industrial – e consequente melhoria das estradas e dos meios de comunicação – o leite se tornou popular.
O leite em pó é obtido a partir de um processo de desidratação. A bebida é composta por 90% de água. A técnica demanda tempo, para que as proteínas do leite não sejam perdidas. O processo é realizado basicamente em três etapas. Na primeira delas, a matéria-prima é pré-aquecida a 45°C e colocada em uma centrífuga, para separar a gordura, que, em seguida, é devolvida de acordo com o desejado para a produção final (leite gordo ou magro).
Em seguida, o produto é submetido a duas pasteurizações, para eliminação dos fungos e bactérias (o leite, como qualquer outra secreção animal, é rico em colônias de microrganismos). Chega então a segunda etapa: a concentração. O produto escorre por uma série de tubos cheios de vapor d’água em uma máquina chamada concentrador tubular. A temperatura nunca atinge os 100°C, para evitar que o líquido entre em ebulição.
Depois de passar pelos tubos, o leite se torna pastoso. Neste momento do processo, basta adicionar açúcar para obter leite condensado. Para chegar ao leite em pó, é necessária a etapa final: a secagem. A massa é borrifada por uma fina nuvem de gotas em uma câmara cheia de ar quente e seco.
Ao tocar o piso, o teor de água no leite já é praticamente nulo. Um ciclone de separação se encarrega de enviar o pó para os silos de estocagem (onde entra por peneiras), isolando o produto do ar através da força centrífuga.
Para o leite em pó vitaminado, é o momento de adicionar sais minerais (como ferro) e vitaminas A e D, o que aumenta o valor nutricional do produto final. O leite em pó instantâneo recebe lecitina de soja, que facilita a dissolução no momento do preparo.
As vantagens do leite em pó
O leite em pó pode apresentar diferentes teores de gordura, de acordo com a quantidade de leite líquido empregada em sua produção. Desta forma, a partir da mesma matéria prima, podem ser obtidos produtos integrais, parcial ou totalmente desnatados. Qualquer que seja o produto final, no entanto, a quantidade de proteína não se altera.
O leite em pó é mais facilmente transportável do que o produto in natura, o que facilita inclusive sua distribuição em projetos sociais (escolas, creches, promoção de famílias, etc.) e de apoio humanitários (para abastecimento de populações isoladas por conflitos bélicos, por exemplo).
O prazo de validade também é bem maior. Enquanto o leite pasteurizado (vendido em garrafas ou saquinhos) tem durabilidade de três a cinco dias (com a embalagem fechada e sob refrigeração) e o leite UHT – ou leite de caixinha (submetido à chamada ultrapasteurização, sob temperaturas que atingem os 150°C e embalado com diversas camadas de proteção) – pode ser armazenado por até quatro meses (em ambiente seco, sem necessidade de refrigeração), o leite em pó pode ser estocado por até 18 meses (o prazo varia de acordo com o fabricante). Uma vez aberto, no entanto, a validade é bem menor: cerca de 30 dias, já que o produto passa a entrar em contato com o ar ambiente.