É relativamente comum perceber que estamos retendo líquidos. A pressão no abdômen e as pernas inchadas ao final do dia, sinalizadas pelas marcas deixadas pela pressão do cós das calças, das meias ou dos sapatos, são exemplos de retenção de líquidos – ou de edema, na terminologia médica.
O edema é resultante do extravasamento de líquidos pobres em proteínas, que sai dos vasos sanguíneos e se espalha pelos tecidos subcutâneos. É este líquido que confere o aspecto brilhante da pele, que pode ser compressível por peças do vestuário e mesmo pela pressão dos dedos, deixando marcas e sulcos transitórios.
Um teste simples para reconhecer a retenção de líquidos: pressione a panturrilha com o polegar durante cinco segundos. Se a região que foi apertada ficar esbranquiçada e demorar alguns instantes para voltar ao normal, é sinal de que o problema está instalado.
As causas que levam a retenção de líquidos
Na maioria dos casos, a retenção de líquidos tem causa local, como a circulação sanguínea insuficiente. O corpo humano apresenta mecanismos bastante complexos para manter o equilíbrio dos líquidos. No entanto, variações da pressão sanguínea, da quantidade de sais no sangue, ação da força da gravidade e sedentarismo podem favorecer o aparecimento da retenção de líquidos.
Problemas renais, cardíacos e hepáticos favorecem a retenção de líquidos. Doenças da tireoide, excesso de sal, reações inflamatórias e alguns medicamentos, como os anti-hipertensivos, também provocam o problema. Muitas mulheres registram a retenção durante as alterações hormonais provocadas pelo ciclo menstrual.
A retenção de líquidos afeta 80% das mulheres. Alguns dias antes da menstruação, os seios ficam maiores, os pés incham e a cintura abdominal cresce a ponto de algumas roupas – como aquele jeans preferido – não servirem mais. Os saltos altos contribuem para complicar ainda mais a situação.
O inchaço assimétrico (somente uma perna ou um pé) pode ser sinal de trombose venosa profunda, que é a formação de coágulos sanguíneos em uma ou mais veias nos membros inferiores. Estes coágulos bloqueiam o fluxo do sangue e causam dor e inchaço. Em alguns casos, os trombos (agregações de plaquetas provocadas por fibrina) podem migrar para outras regiões do corpo, podendo atingir inclusive o coração e o cérebro.
Como cuidar?
Em primeiro lugar, é preciso beber muita água. Isto favorece a produção de urina – e as idas ao banheiro reduzem a retenção de líquidos, especialmente na região abdominal. Além disso, melhora a circulação e reduz as toxinas.
A hidratação externa também bastante é benéfica. Cremes hidratantes (dê preferência aos que têm mentol ou cânfora em sua formulação) por todo o corpo e a inalação de óleos essenciais inibem a retenção de líquidos.
Exercícios físicos são excelentes. Fortalecem a circulação linfática e sanguínea e impedem os inchaços provocados pela retenção de líquidos. Além disto, contribuem para a perda de peso, outro fator que contribui para a formação dos edemas.
No período pré-menstrual, ocorre um aumento da progesterona. Na eliminação do sangue, os hormônios são autorregulados e tudo volta ao normal. No entanto, é possível eliminar estes sintomas com a adição, no cardápio, de vitamina E, presente nos óleos de gérmen de trigo, linhaça, girassol e cártamo e nas frutas oleaginosas, como amendoim, nozes, amêndoas e avelãs. O ácido gamalinoleico, geralmente vendido em cápsulas, também combate o inchaço.
Os anticoncepcionais também são fatores de retenção de líquidos e do consequente inchaço. Apesar de o teor hormonal ser baixo – as pílulas dos anos 1960 continham 80 microgramas de estrogênio; atualmente, não passam de 15 –, o uso contínuo, condição comum à maioria das mulheres em idade fértil, provoca o edema.
É preciso consultar o médico para verificar a possibilidade de trocar o medicamento; um produto com menor teor de hormônios reduz a possibilidade de retenção de líquidos. Alguns anticoncepcionais trazem um componente diurético.
Já dissemos que a retenção de líquidos está diretamente relacionada à força da gravidade. Desta forma, passar muito tempo sentado determina a retenção de líquidos. É necessário oferecer algumas pausas ao corpo: fazer exercícios é ideal, mas, caso isto não seja possível, levantar-se da escrivaninha e dar alguns passos – uma vez a cada 30 minutos – facilita a situação.
Mudanças no cardápio
Alimentos com propriedades diuréticas são inimigos da retenção de líquidos. Aipo, alface, cenoura, cebola, aspargo, tomate e pepino devem entrar na dieta. As frutas são fundamentais: mamão, melão, melancia, abacaxi, coco, limão, maçã e pera são diuréticos naturais.
As frutas são também necessárias para regular o peso (são boas opções para quem está de dieta), controlam o açúcar no sangue e, desta forma, contribuem para reduzir o risco de doenças cardiovasculares. As fibras obtidas auxiliam no funcionamento dos intestinos, produzindo fezes mais secas e consistentes, fator que inibe a retenção de líquidos.
No caso de a alimentação ser deficiente, em função de dificuldades no horário e na rotina, suplementos vitamínicos podem ser a solução. A vitamina B6 é conhecida por seus efeitos sobre a retenção de líquidos (especialmente em casos ligeiros, como ocorre na tensão pré-menstrual).
Complexos de vitamina D, vitamina B1 e vitamina B5 também são bons auxiliares. O mesmo ocorre com os suplementos de sais minerais, como cálcio, manganês, magnésio e potássio, que são antidiuréticos suaves e liberam a água em excesso do organismo.
Vale lembrar que todos estes nutrientes estão presentes em alimentos naturais, que devem ter preferência na hora do consumo: frutas frescas, peixes de águas frias (como atum, salmão e sardinha), folhas verde-escuro (como a couve e o espinafre), grãos integrais e carne vermelha.
Os salgadinhos são sempre uma tentação, mas é necessário manter alguma distância. Nada contra, mas é preciso deixar as batatas chips, amendoins torrados e salgados e os preparados de milho (o milho passa longe) para ocasiões especiais. Talvez, a cada 20 ou 30 dias.