Banho tomado, dentes escovados, cabelos penteados, unhas aparadas, roupas limpinhas. Há muito tempo a humanidade descobriu o conceito de higiene – que evitar doenças e torna a convivência interpessoal mais agradável – mas, de alguns fatos, simplesmente não podemos fugir. São as coisas nojentas sobre o corpo humano.
Como seres humanos, precisamos de muita coisa para viver: água, comida, ar. E, para as trocas gasosas que ocorrem nos pulmões, o alimento que precisa ser digerido adequadamente para o fornecimento de nutrientes e a água que lubrifica todas as nossas células, precisamos do auxílio de produções nem sempre muito agradáveis. E, às vezes, muito desagradáveis.
Ele parece muito mais um chafariz
Existe certo preconceito em relação aos espirros: muita gente acredita que não é educado espirrar em público. Elas estão erradas, muito erradas. O espirro é uma forma de defesa do organismo, que elimina bactérias, vírus e sujidades instalados nas vias aéreas.
Para cumprir a sua função, o espirro empurra com toda a força o ar contido nos pulmões, que é expelido de forma violenta pelo nariz e pela boca (eles podem atingir 150 km/h), às vezes acompanhado de catarro – a meleca verde ou esbranquiçada que nos faz passar vergonha. Vale a pena ter um lenço de papel sempre à mão.
Em tempo: prender um espirro pode ser fatal. Há o risco de a pressão gerada nos pulmões e não eliminada com o espirro provocar o rompimento de um vaso no pescoço ou na cabeça. Dependendo da hemorragia, há sério risco de morte.
Baba, baby, baba
É sempre terrível ver uma pessoa cuspindo no chão ou simplesmente deixando escorrer inadvertidamente um fio de baba pelos cantos da boca. Mas isto é quase inevitável: um adulto produz dois litros diários de saliva, substância importante para manter a boca úmida, combater fungos, vírus e bactérias e facilitar a deglutição dos alimentos.
Isto é absolutamente natural, a menos que a baba seja provocada por excesso de produção, problemas e deglutição. Algumas pessoas babam tanto que chegam aspirar a saliva para os pulmões. Nestes casos, o médico precisa ser consultado.
Em todos os demais casos, a baba pode ser nojenta, mas é absolutamente imprescindível para o funcionamento do corpo humano. Ela surge especialmente quando chega às nossas narinas o cheirinho do nosso prato predileto, que literalmente dá água na boca. É um preparo do organismo para o início da digestão.
Não posso nem ver
O sangue é o responsável pelo transporte de nutrientes e oxigênio para todo o corpo. No caminho contrário (dos órgãos para o coração, passando pelas veias), ele retira o gás carbônico, que será eliminado com a expiração. Responde ainda pela condução de células de defesa, no caso de infecções e inflamações.
Uma pessoa adulta tem cerca de 200 mil quilômetros de veias e artérias em seu corpo, por onde passam cinco litros de sangue por minuto. O problema começa quando um trauma qualquer provoca um corte: aí, o sangue faz um espetáculo (se a hemorragia for muito forte, é preciso correr para o hospital). Muitas pessoas sofrem de hematofobia (o medo irracional do sangue). Em caso de acidentes, é conveniente que elas não estejam por perto.
Tirando água do joelho
A urina é um subproduto estéril (na ausência de problemas de saúde), secretado pelos rins, depositado na bexiga e excretado pela uretra. É o método básico que o organismo encontrou para eliminar substâncias químicas solúveis em água e desnecessárias para nós, como ureia, ácido úrico, sais e outros materiais.
Um adulto saudável produz entre um e dois litros de urina diários (o volume mínimo por dia, para um adulto de 70 kg é de meio litro, mas, em caso de desnutrição, a quantidade se reduz bastante).
Esta tal de flatulência
Eles cheiram mal, afastam as pessoas e provocam muita vergonha. Junto com as fezes, talvez sejam as coisas mais nojentas do corpo humano. Mas são, digamos assim, um mal necessário. Os peidos são formados com os gases que ingerimos com o alimento (se forem expelidos pela boca, são arrotos) e também com os gases (especialmente metano – os mais fedidos –, dióxido de carbono e hidrogênio) produzidos na digestão no estômago e nos intestinos: nestes casos, eles só têm uma saída natural: o esfíncter anal.
Uma pessoa produz um litro de peidos – ou flatos – por dia, distribuídos, em média, em 14 estalos, que podem ser sonoros e fedorentos. Pratos com cebola, couve-flor, feijão, repolho e ovos são conhecidos por sua capacidade de aumentar o volume de flatos. Vale o mesmo para alimentos ricos em potássio, como a banana, batata, tomate e abacate. Mas eles não devem ser eliminados da dieta, porque são necessários para uma nutrição balanceada.
Ainda não se sabe por quê, mas temos dois picos diários de puns: cinco horas após o almoço e oito horas após o jantar (por isto, muitas pessoas aromatizam a cama, à noite, quando estão dormindo). Os flatos das mulheres são mais fedidos, porque a concentração de sulfeto de hidrogênio é mais, mas a produção masculina é maior.
Fezes, fiéis aliadas dos puns
Elas podem ser um sério constrangimento, especialmente quando perfumamos o banheiro de um amigo – ou pior – da casa da sogra. No entanto, elas são apenas restos de alimentação não aproveitados pelo organismo. As fezes sempre exalam odor desagradável, mas um cheiro anormalmente ruim pode significar problemas de saúde ou deficiências na dieta.
Uma obstrução intestinal pode causar dolorosas contrações abdominais. Além do desconforto, se o caminho natural estiver bloqueado, pode ocorrer pressão para cima e determinando a ocorrência de vômito fecal, caracterizado pela cor castanha.
Chamando o Hugo
Desconfortos alimentares e excesso de bebida, entre outros motivos, podem causar a violenta expulsão do conteúdo do estômago: o vômito, geralmente precedido por náuseas, tontura, cansaço geral, debilidade, palidez e suores.
Os vômitos também podem ser biliosos, gerados pelo esvaziamento súbito do intestino delgado. Eles chegam com teor amarelo-esverdeado, em função da presença de bílis. Quase nunca representam um risco mais sério, a não ser que venham acompanhados por sangue (a aparência é de café) ou se repitam com frequência. Mas, em qualquer caso, são bem nojentos.
Perfumando o ambiente
Os pés transpiram cerca de seis vezes mais do que as axilas. Esta produção é necessária porque as articulações precisam resistir a muitos choques para sustentar todo o corpo pelo dia todo. Algumas pessoas, no entanto, sofrem com o chulé, o popular cheirinho (nojento, na verdade) que impede a frequência a restaurantes japoneses, saunas e vestiários.
Encontrar o “par perfeito” na balada e perfumar o quarto de motel pode ser bastante constrangedor. O culpado é sempre o chulé, ou, se preferir usar o nome técnico, a bromidrose. Ela é causada pelo aumento das colônias de bactérias, em função das muitas horas com um calçado fechado (ou usado por muitos dias consecutivos). O suor não tem cheiro. As bactérias permanecem na nossa pele naturalmente, alimentando-se de células epiteliais mortas. É um grande favor que elas fazem para a gente.
Lavar e secas bem os pés diariamente, usar um talco antiperspirante, tratar micoses (inclusive preventivamente), fazer um escalda-pés duas vezes por semana e colocar sapatos e tênis para que sejam arejados (uma folha de jornal no interior ajuda a secá-los).
Ainda o suor
Ele pode causar mau cheiro em outras áreas do corpo, especialmente as virilhas e as axilas. O motivo é o mesmo: o aumento do número de bactérias em ambientes normalmente ocultos por roupas e com atritos com outras partes. Cada centímetro quadrado do nosso corpo é habitado por 32 milhões de microrganismos.
É nojento tomar um ônibus e sentar-se ao lado de uma pessoa que se descuidou da higiene, especialmente do desodorante para o banho. Para as mulheres, existem produtos específicos para a região vaginal. É importante não abusar, porém: o suor ajuda a regular nossa temperatura corporal; assim, a quantidade produzida é maior nos dias quentes.
Vai encerar a sala?
Nossos ouvidos produzem quantidades regulares de cerúmen (também chamado de cera do ouvido). Ele protege nossos canais auditivos externos de danos provocados pela água, traumas, infecções e corpos estranhos, que muitas crianças insistem em enfiar orelha adentro.
O acúmulo de cerúmen geralmente é assintomático, mas ele pode gerar perdas provisórias de audição, coceira e desconforto. O ouvido externo é “autolimpante”. Isto significa que as células do cerúmen são naturalmente empurradas para fora. Apesar de surgirem pedacinhos indiscretos de cera do lado de fora do ouvido, isto não significa que o órgão esteja entupido: apenas está fazendo o serviço dele.
Por questões estéticas, no entanto, é conveniente retirar o excesso de cerúmen. Mas esqueça os cotonetes, que só fazem empurrar a cera para dentro do canal. Existem medicamentos para pingar nos ouvidos (eles dissolvem o cerúmen), irrigação com água e, por fim, uma limpeza no consultório do otorrinolaringologista. A limpeza deve ser feita com irregularidade, para a cera não ficar escorrendo pelas laterais.