Sempre considerados apenas um corpinho e pele bonitos, os répteis estão tendo a chance de provar que são mais do que isso. Depois de anos colocando lagartos, cobras e tartarugas como os últimos na escala de inteligência, finalmente cientistas estão emprenhados em estudar a mente dos répteis. E estão ficando muito impressionados.
“As pessoas não estavam muito interessadas na inteligência dos répteis. Achavam que eles agiam puramente por instinto.” diz Gordon Burghhardt, psicólogo da Universidade do Tenessee.
Mas isso está mudando, e estudos mostram que o cérebro dos répteis não é tão primitivo como se pensava. Exemplo disso foi conseguido através de uma experiência realizada pela psicóloga Anna Wilkinson, da Universidade de Lincoln, com o jabuti fêmea Moisés, que consistia em atravessar um labirinto com oito caminhos diferentes de forma eficiente – sem repetir os corredores por onde ela já havia estado. Havia uma recompensa (dois pedaços de morango) para cada corredor percorrido sem repetir.
A bichinha se saiu muito bem, e melhor do que se tivesse escolhido os caminhos aleatoriamente. Estudos realizados posteriormente mostraram que ela não usou o olfato para encontrar os morangos, e sim referências externas, como fazem os mamíferos. “Isso requer uma carga de memória, porque você precisa se lembrar de onde você já esteve”, afirmou Wilckinson.
As coisas ficaram ainda melhores quando a pesquisadora colocou uma cortina preta em volta do labirinto, tirando as referências ambientais. Pois ela adotou uma nova estratégia, escolhendo sempre o caminho que ficava bem ao lado daquele que ela havia acabado de percorrer – uma estratégia fantástica raramente vista em mamíferos.
Estratégia aliada à capacidade de adaptar um comportamento às mudanças externas. Essa flexibilidade já foi notada em pássaros e primatas, e agora se acredita que seja comum aos répteis.
O lagarto Anole sempre conseguia comida atacando insetos por cima. Até que Manuel Leal, biólogo da Universidade de Duke, resolveu complicar sua vida. Ele colocou uma larva bem gostosa dentro de um buraco e cobriu com uma tampa azul. Depois de perceber que o jeito de sempre não daria certo, o que o lagarto fez? Usou a boca para morder e levantar a tampa! Aí, o dr. Leal colocou larvas embaixo de uma tampa azul e amarela e colocou a azul do lado, fingindo ser outro buraco. Mas claro, o lagarto sabia que a tampa que ele tinha que levantar era a colorida e não a outra, dã!
“É realmente incrível que eles resolvam o problema tão rápido e ainda melhor na segunda vez”, disse Burghardt. “Isso é um sinal verdadeiro de aprendizagem”. Ponto para os répteis! Nunca mais você vai olhar aquela lagartixa da mesma maneira, né?