É uma triste realidade. Cidades outrora prósperas, mas destruídas pelo tempo. Nem crianças correndo nas praças, nem automóveis lotando os cruzamentos. Elas estão vazias. São cidades fantasmas. Algumas foram destruídas por acidentes nucleares, outras foram inundadas por lagos de hidrelétricas. Confira.
No velho oeste ela nasceu…
Bodie fica na Califórnia, EUA. Ela é uma das seis mil cidades construídas no oeste americano durante a Corrida do Ouro, no caminho para o Alasca. Ao contrário das outras, no entanto, parte da cidade sobreviveu: 5% das construções de Bodie, mesmo feitas de madeira, continuam de pé, tendo sobrevivido a incêndios, tempestades de neve e muito vandalismo.
No século XIX, a cidade, fundada em 1859, chegou a ser o segundo centro urbano da Califórnia, depois de Los Angeles. Em 1879, Bodie tinha dez mil habitantes. Atualmente, pequena parte da cidade continua em pé e recebe turistas durante o ano todo. Objetos pessoais e a decoração das casas dão a impressão de que os moradores fugiram às pressas.
Entre cristãos e muçulmanos
A cidade de Kayakoy fica entre as montanhas Taurus e o Porto de Olu Deniz. Construída nos anos 1700, Kayakov chegou a abrigar 20 mil gregos ortodoxos. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a Guerra Turco-Grega (1919-1922), porém devastaram a cidade.
A derrota grega determinou a fuga de milhares de pessoas, apavorados com a violência turca. A solução foi a evacuação da área. Os residentes gregos, que haviam convivido pacificamente com os turcos, foram obrigados a deixar Kayakoy. Até 1923, 200 mil pessoas deixaram a cidade.
From Russia, with love
Trata-se de uma mina de carvão vendida pela Suécia para a Rússia em 1927 (então União Soviética). Pyramiden (a pirâmide) foi fundada em 1910, já teve 1.000 habitantes, mas foi abandonada em 1998, pela estatal russa Arkitikugol Trust.
Os edifícios da cidade continuam exatamente da forma como foram abandonados, no final do século XX. É possível conhecer Pyramiden em visitas de barco (uma espécie de motocicleta desenvolvida para andar em espaços com neve). As instalações da mina ficam no monte Billejorden, na ilha de Spitsbergen, e prometem durar mais de 500 anos, graças ao clima muito frio da região.
Ford no Brasil
Não é uma cidade, apenas um distrito do Município de Aveiro, no Pará, às margens do rio Tapajós, um tributário do Amazonas. O projeto Fordlândia foi uma vasta área adquirida pelo empreendedor Henry Ford, em 1927. O projeto foi oficialmente encerrado em 1945, em um acordo entre a montadora e o governo federal.
A terra da região era infértil e a plantação das seringueiras – matéria prima para os pneus da Ford – seguiu uma regra totalmente contrária à natural. Na mata, seringueiras ocorrem com metros de distância, e isto evita a proliferação de fungos. A produção foi um tremendo fracasso, causando um prejuízo de mais de 20 milhões de dólares.
Era uma vez no passado
A antiga cidade de Pompeia, a 22 quilômetros de Nápoles, no sul da Itália, foi sepultada pelo vulcão Vesúvio em 79 d.C. e se manteve oculta até 1748. Cinza e lama protegeram as construções e objetos da cidade; o tempo moldou também os corpos dos últimos habitantes.
Pompeia foi habitada por 2,5 milhões de habitantes e é até hoje uma das atrações turísticas mais populares da Itália. A cidade foi fundada no século VII a.C., pelos oscos, e era um porto seguro para gregos e fenícios. Com suas casas, banhos e o fórum, a cidade era bem movimentada.
Acidente nuclear
Prypiat é uma cidade na Ucrânia, perto da fronteira com Belarus. O município documenta bem a fase tardia da União Soviética, com prédios que não seguros nos próximos 900 anos, em função do acidente nuclear de Chernobyl. Cientistas acreditam que os elementos radioativos não permitirão que, no próximo milênio, a região possa ser habitada.
Prypiat tem uma história recente: foi fundada em 1970, como cidade-dormitório para a Usina de Chernobyl, sepultada em 1986. Atualmente, a cidade tem apenas três habitantes, idosos que se recusaram a deixar Prypiat. Além deles, apenas alguns pesquisadores, cientistas e membros do exército permanecem no local. Em 2006, a banda Pink Floyd usou a cidade como palco do clip “The Division Bell”.
Mais de Chernobyl
O acidente de 1986 é considerado o maior acidente nuclear da história. É o causador de 56 mortes imediatas, e quatro mil pessoas faleceram posteriormente, por conta da tragédia.
Dias depois do Dia D
Uma vila francesa, Oradour-sur-Glane, foi completamente destruída em um dos mais terríveis massacres ocorridos na Segunda Guerra Mundial. As ruínas permanecem intactas, exatamente da forma como foram deixadas em 10 de junho de 1944, pelos soldados alemães nazistas.
Nos restos das habitações de Oradour-sur-Glane, é possível identificar objetos como panelas, máquinas de costura e carros queimados. A cidade foi mantida assim sob as ordens do marechal Charles de Gaulle, após o fim da guerra, como símbolo das atrocidades da guerra. Até hoje, no entanto, não se conhece a motivação dos alemães para transformar Oradour-sur-Glane em uma cidade fantasma.
Guerras e mais guerras
A história de Belchite, na Espanha, se confunde com as guerras espanholas. No início do século XIX, o exército real foi derrotado pelas forças francesas na Guerra Peninsular (1807-1814), um conflito entre o primeiro império francês e os espanhóis e seus aliados, em um episódio conhecido como a “Guerra da Independência Espanhola”.
Belchite ficava na Província de Zaragoza. O golpe mais duro ocorreu em 1937, durante a Guerra Civil espanhola, que conduziu Francisco Franco Bahamonde, o “generalíssimo”, ao poder, de onde se apeou apenas com a morte, em 1975. As ruínas da cidade foram mantidas por ordem de Franco, como memorial de guerra. Dois anos depois, uma nova Belchite foi fundada, a poucos quilômetros da cidade original.
No sul da África
A Namíbia é um país que faz limites com Angola, Zâmbia, África do Sul, Zimbábue e o oceano Atlântico. Kolmasnkop, construída em 1908, é uma cidade fantasma do país. A constituição do município ocorreu por conta da corrida por diamantes. O nome da cidade é derivado de Johnny Coleman, que abandonou uma carroça de bois em frente à antiga instalação.
A cidade ficou destroçada pela Primeira Guerra Mundial. Em 1920, Kolmanskop já estava totalmente vazia. Por ser vizinha a um deserto, o vilarejo abrigava pouco mais de 400 habitantes, que rapidamente se afastaram da cidade. A areia invadiu o local. O último morador deixou a cidade em 1956.