É uma reedição da brincadeira do copo e da mesa Ouija, que assombraram (e continuam assombrando) muita gente e já foram objeto de livros e filmes (em “O Exorcista”, por exemplo, os primeiros sinais de que Regan está possuída é quando ela começa a conversar com o Capitão Howdy através de uma mesa Ouija). A evocação da moda recebe o nome de Charlie Charlie Challenge.
Se outras formas de contato com os mortos demoraram décadas para ganhar popularidade, hoje, com as redes sociais, a velocidade de divulgação da nova maneira de entrar em contato com o Além se espalhou rapidamente.
A brincadeira Charlie Charlie Challenge é simples. Basta colocar dois lápis em cruz sobre uma página qualquer e escrever, nos quadrantes formados, duas vezes a palavra “yes” e outras duas, a palavra “no”. Feito isto, é só fazer perguntas a Charlie Charlie (a primeira delas, claro, é se o espírito está presente).
Ao contrário das demais brincadeiras, as questões para Charlie Charlie precisam ser objetivas: os lápis não saem escrevendo respostas completas para os consulentes, nem indicam letras ou números. Apenas giram, para se comunicar com os solicitam que evocam Charlie Charlie desde o mundo de luz – ou, talvez, das sombras.
Será que Charlie Charlie entende português? Já se sabe que ele é ao menos bilíngue, porque consta (sabe-se lá a partir de qual fonte) que ele é mexicano. Quem quiser tentar, pode escrever “sim” e “não” na página. Com alguma sorte, ele responderá também às consultas dos brasileiros.
Onde está Charlie?
Em apenas dois dias, dois milhões de usuários do Twitter mencionaram Charlie Charlie, um espírito (ou demônio, de acordo com relatos de pessoas que o chamaram), através da hashtag #CharlieCharlieChallenge. A “assombração” também está fazendo sucesso no Instagram e no Facebook dos EUA, onde já tem duas páginas “oficiais”.
Charlie Charlie provavelmente voltou ao mundo dos vivos em 2014, através do vídeo “Jugando Charlie Charlie” (postado no Youtube), mas não fez muito sucesso à época. O viral só surgiu há poucos dias, com as primeiras postagens no Twitter, muitas delas informando sobre a forma de entrar em contato com uma entidade sobrenatural mexicana. Desde então, surgiram dezenas de imagens, engraçadas ou amedrontadoras.
Charlie, are you there?
Esta é a fórmula ritual para evocar Charlie Charlie. Está em inglês e significa “Carlos, Carlos, você está aí?”. Se o espírito quiser, ele responde. As almas não parecem permanecer à disposição dos vivos durante muito tempo: elas são muito “etéreas”.
Surgiu um problema técnico, no entanto. Certamente, com este nome, ele não é um demônio – talvez, apenas um espírito perdido entre a Terra e o céu. Demônios maias e mexicas têm nomes bem mais complicados, como Mictecacihuatl ou Mitlantecuhtli (que, aliás, não tinham nada de demônios; receberam este status a partir da catequização católica).
Como explicar, então, um mexicano – renascido entre os mortais – respondendo pelo simpático nome “Charlie”? Considerando a nacionalidade, ele deveria se chamar Carlitos.
Brincadeiras à parte, a origem do giro dos lápis é bem mais simples. O jornal inglês “Independent” explica que é apenas a força da gravidade agindo sobre os dois corpos. Veja o vídeo: