Os espanhóis possuem um ditado: “No hay que creer em brujas, pero que las hay, las hay”. A frase parece definir a maior parte das crendices e superstições. O racionalismo fala mais alto, até que o vento sopre uivando, uma sombra inexplicável apareça, gritos surjam na escuridão. Isto – e muito mais – acontece nos cemitérios assombrados.
Não há necessidade de acreditar em fantasmas, mulas sem cabeça e assemelhados. Muitas pessoas visitam cemitérios assombrados – e castelos, casas abandonadas, igrejas desconsagradas, etc. – apenas para sentir medo. Sim, o pavor pode ser uma fonte de renda e um chamariz para o turismo.
O Poltergeist Mackenzie
Trata-se um antigo cemitério escocês. O Greyfriars Kirkyard foi instalado em Edimburgo, na década de 1560, tempo mais que suficiente para a criação de histórias de fantasmas, aparições, luzes inexplicáveis, etc. Desde o início da visitação pública, surgiram os mais diversos relatos, que vão da sensação de calor ou frio, até os traumas por arranhões e socos.
A maioria das ocorrências parecia ocorrer próximo a um mausoléu em especial, última morada de George Mackenzie (mais conhecido como Poltergeist). A sepultura está numa área do cemitério destinada ao sepultamento de pessoas que estavam cumprindo sentença judicial.
No local, houve duas tentativas frustradas de exorcismo. Em uma delas, o oficiante da cerimônia morreu uma semana depois do início dos trabalhos religiosos, de ataque cardíaco. Devido aos ataques constantes, a área foi cercada por correntes e o portão de ferro faculta a aproximação apenas de estudiosos e outras autoridades – o que só faz aumentar a curiosidade popular.
Garotinho simpático
Ele aparece no Cemitério Greenwood, em Decatur (Illinois, EUA). Muitos visitantes descrevem o jovem fantasma como manco e vestido com um roupão grande demais para a sua altura. Às vezes, Michael – este é o nome dele – joga coisas em passantes do cemitério. Observadores afirmam que ele pode correr e tentar derrubar os visitantes.
Um investigador de fenômenos paranormais, juntamente com a mulher, foram agredidos por Michael – inclusive, eles têm registros fotográficos das marcas deixadas pelo fantasminha muito pouco camarada. Ele também atira pedras nos carros que passam em frente do cemitério – e muitos motoristas têm os para-brisas quebrados para comprovar.
Na Cidade Luz
O Cemitério Père Lachaise, em Paris, recebe milhares de visitantes todos os anos. Na necrópole, estão sepultadas muito celebridades, como o roqueiro Jim Morrison, a cantora Edith Piaf e o místico Allan Kardec. Mas existe outro lugar de culto aos mortos que desperta a atenção: é nas catacumbas que estão os segredos mais apavorantes.
As catacumbas são um complexo de corredores – um verdadeiro labirinto com mais de 400 quilômetros de extensão – repleto de ossos humanos. O local, formado pela exploração de pedreiras a partir do século XVIII, é aberto à visitação público desde o século XIX.
Não raro, aparecem fantasmas em fotografias e gravações de vídeos feitas pelos turistas. Também são avistadas luzes fantasmagóricas, sombras indefinidas, etc. A explicação mais provável é que os esqueletos sejam os responsáveis por provocar alucinações, tidas como experiências paranormais.
Forest Lawn Memorial Gardens
Rocky Marciano foi um boxeador americano que se tornou um mito. Em 49 lutas da carreira, venceu todas, 43 delas por nocaute. Marciano foi enterrado em 1969, no Forest Lawn, em Fort Lauderdale (EUA), mesmo local em que sua mulher, Barbara Cousins, descansa em paz desde 1974.
Desde que o corpo do lutador desceu à sepultura, luzes fantasmagóricas podem ser vistas sobre o túmulo, fenômeno ampliado com a chegada ao Além. Muitas aparições são vistas frequentemente e já foram captadas gravações de áudio. As vozes dizem: “deixem-me em paz” e “por favor, volte”.
Forest Lawn é assobrado desde 1953. Um dos fantasmas mais famosos é um rapaz que corre pelas alamedas do cemitério sem sapatos, com calça boca de sino e camisa amarrada na cintura (um perfeito exemplar dos anos 1960).
Diane é uma jovem bela, de cabelos longos, que usa um vestido longo e circula pelos arredores da necrópole. Ela simplesmente surge à frente dos carros e desaparece antes de ser atingida, para alívio dos motoristas (depois de muito susto).
Egipt Valley
Não estamos falando da civilização da Antiguidade, mas de um vale de preservação da vida selvagem em Ohio, EUA. Neste local, em janeiro de 1869, Louiza Catharine Fox foi assassinada. Ela foi casada com Thomas Carr, muitos anos mais velho que a jovem. A união durou 13 anos, apesar dos modos violentos do marido.
Finalmente, a jovem decidiu colocar um ponto final no casamento, fato que não agradou nem um pouco a Carr. Ele aguardou a esposa em um ponto da estrada, aproximou-se e abriu uma fenda no pescoço da vítima, esfaqueou-a várias vezes e atirou o corpo em uma vala.
Muitas pessoas têm visto Louiza chorando em sua sepultura, no Cemitério de Salém. Ela assombra também o local do crime e é o fantasma mais “popular da região”. Mas existem outros. A população local afirma que, se uma maçã for deixada na campa de uma bruxa, este fantasma ajudará a reunir amantes desunidos.
Há também o fantasma de um homem que promete ganhos financeiros a quem jogar moedas em seu túmulo. Outra criatura famosa é o espectro de uma mulher que roga maldições e pragas para quem não oferecer doces. Um fantasma mais peculiar é o de um solteirão, que morreu por volta dos 40 anos. Ele persegue mulheres que circulam no cemitério e tenta beliscar as nádegas das vítimas.
Enquanto isto, no Brasil
Paiçandu é uma cidade do Paraná, com pouco mais de 34 mil habitantes. Fica na região metropolitana de Maringá, no norte do Estado. No município, encontra-se o chamado Cemitério dos Caboclos (atualmente, apenas um pequeno círculo cercado por um muro de pedras).
Durante muitas décadas, até 1950, porém, o Cemitério dos Caboclos foi utilizado para o enterro de mestiços de brancos e índios. Hoje, é empregado em cerimônias da Umbanda e Candomblé. Boa parte dos moradores locais garantem que o local é assombrado e contam histórias sinistras: muitas sombras são avistadas frequentemente no cemitério e imediações.
Motoristas contam terem vistos caboclos andando pelo acostamento, mas nada surge nos retrovisores quando ultrapassam os vultos. Vários acidentes automobilísticos acontecem no local, em número muito superior aos registrados em outros pontos da cidade.
Os caboclos chegaram ao norte e noroeste do Paraná no início do século XX. As transformações ocorridas na produção econômica da região, no entanto, colocaram-nos à margem do desenvolvimento. Pouco a pouco, eles desapareceram – morreram ou mudaram para outras plagas. Aparentemente, os mortos não gostaram de serem abandonados.