No sul da península de Kamchatka, na parte oriental da Rússia, a natureza formou um belo espetáculo: uma caverna de gelo que se estende por quase um quilômetro. A região apresenta forte atividade sísmica (em 2003, um terremoto de magnitude 6,5 graus na escala Richter abalou a península) e vulcânica. E é justamente um vulcão, o Mutnovsky, o responsável pela caverna: em suas encostas flui uma corrente de água quente, que se tornou subterrânea e escavou o gelo glacial. A curiosa formação é explicada pela combinação de invernos longos e rigorosos com as fontes termais.
Por definição, uma caverna de gelo deve ter camadas de neve depositadas durante todo o ano e a temperatura, ao menos em alguns trechos, deve permanecer sempre abaixo de 0°C. A caverna de Kamchatka é totalmente forrada por neve e, em toda a sua extensão, a temperatura é negativa, mas a amplitude térmica permite que parte do gelo se derreta no verão, permitindo a formação de estalactites, estalagmites e colunas.
Em 1997, a Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura (UNESCO) classificou a península como um dos patrimônios naturais da humanidade, em função de seus montes, lagos, rios e praias. O Ocidente, no entanto, só descobriu Kamchatka depois da queda da União Soviética, em 1990, quando as repúblicas que a formavam se tornaram independentes.
O governo comunista proibia o acesso de estrangeiros e mesmo da população local à região, por muito tempo utilizada para testes de alcance e precisão de mísseis.
Diversas bases militares foram instaladas no local durante o período da revolução.
A proibição, no entanto, teve um efeito positivo: a preservação da flora e fauna locais, que ficaram praticamente intocadas e hoje são objeto de atração de muitos turistas. Por causa do aquecimento global, nos últimos anos as geleiras que cobrem os vulcões de Kamchatka estão se derretendo. O teto da caverna de gelo está tão fino que a luz do Sol consegue penetrá-lo, formando jogos de luz sobre as estruturas geladas.
A melhor época para visitar Kamchatka e sua caverna é no verão do hemisfério norte, entre junho e setembro. A Rússia não exige visto de entrada para brasileiros, para estadas de menos de seis meses, mas o turista deve viajar com seu passaporte com validade mínima de seis meses, passagem de volta, comprovantes de hospedagem, seguro de saúde e cartão de crédito internacional, com a última fatura, para demonstrar que tem condições de arcar com as despesas da viagem. É possível deslocar-se de Moscou para Petropavlovsk, a maior cidade da península de Kamchatka, por via aérea ou ferroviária.