Casais famosos sempre inspiraram os mitos, a literatura e as artes. De acordo com a tradição bíblica, Deus criou Adão e Eva, o primeiro casal. Eles comeram a fruta da árvore do conhecimento do bem e do mal, foram expulsos do Paraíso terrestres e assim o pecado entrou no mundo.
Em outra versão (o chamado alfabeto de Ben-Sira), Deus criou Adão e Lilith (a primeira mulher), que fugiu no Éden para não se submeter ao marido, casou-se com Samael – um anjo que teria deixado o céu para conhecer os hábitos da humanidade. Em determinado momento, Lilith teria seduzido Adão e Samael teria tido um caso amoroso com Eva. Este seria o verdadeiro “pecado original”.
Na Grécia clássica
A mitologia grega é rica em casais famosos. Zeus e Hera eram os reis dos deuses, mas a suprema divindade teve diversas amantes, que sempre geraram muitos ciúmes na deusa da família – que vivia perseguindo os filhos nascidos destas “escapadas”. Outro casal famoso é Ares (Marte, para os romanos) e Afrodite (Vênus). Ela era casada com Hefesto (o deus mais feio do Olimpo, que forjava os raios para Zeus), mas teve um caso “caliente” com o deus da guerra. Da união, nasceu Eros (o Cupido). Alguns autores preferem acreditar que Ares, por representar o princípio masculino e Afrodite, o feminino, se unem e geram o amor (Eros): homem e mulher se aliam e nasce o amor: simples assim.
Outro casal grego famoso é formado pelo conde Páris (troiano) e Helena de Esparta, a mulher mais linda do mundo. Páris vai a Esparta em missão diplomática, se apaixona por Helena (mulher do rei Menelau), rapta-a e provoca a Guerra de Troia. Isto ocorreu há cerca de 3.500 anos.
No Egito antigo
Um dos principais casais famosos da mitologia egípcia é a história de Íris e Osíris, um antigo soberano, transformado em divindade após seu assassinato, cometido pelo irmão Set, que usurpou o trono. Ísis, no entanto, conseguiu reconstruir o corpo do marido e concebeu um filho, Hórus.
Já adulto, Hórus se tornou um forte adversário de Set. Por fim, matou o tio, retomou a coroa do Egito e ressuscitou o pai. Por fim, Osíris, Ísis e Hórus se tornaram deuses do panteão egípcio – ou ao menos manifestações de Rá, a divindade principal. O mito data de 3.500 anos e com ele foi introduzida a crença de que os faraós, ao morrerem, tornavam-se deuses.
Na literatura
O mais destacado dos casais famosos é certamente Romeu e Julieta, dois jovens de famílias inimigas – os Montecchios e os Capuletos – que se apaixonaram em um baile de máscaras, sem saber de sua procedência. Romeu matou o primo de Julieta, Tebaldo, e foi expulso da cidade (Verona, na Itália).
O casal – dois adolescentes de 13 e 15 anos, de acordo com a trama desenvolvida por William Shakespeare – não desistiu do seu amor. Os dois já estavam casados pelo frei Lourenço, que tentou ajudá-los. Ele deu um narcótico para Julieta, que fazia parecê-la morta, e mandou um emissário (frei João) para explicar para Romeu a estratégia para que os dois ficassem juntos. Tida como suicida, Julieta não tinha o direito de ser enterrada no campo santo.
João, no entanto, fica preso em outra cidade, da qual não se podia sair em função da peste (muitas doenças determinavam a interdição de cidades europeias na Idade Média). Romeu, sem nada saber, voltou a Verona e encontrou Julieta morta, apenas posta na tumba (sem os ritos fúnebres). Ele estava decidido a morrer a ficar sem a amada. Tomou veneno minutos depois de a jovem finalmente acordar com o fim do efeito do calmante.
Julieta se horrorizou com a visão. Beijou os lábios do marido na tentativa de sugar parte do veneno e, frustrada, tomou a adaga de Romeu a matou-se. Logo em seguida, chegam os pais do jovem e sofrido casal, acompanhados por frei Lourenço, que afirma: “Montecchio, Capuleto, vede a tragédia que se abateu sobre vosso orgulho”. A história é encenada no teatro, cinema e TV desde o fim do século XVI e é fonte de inspiração de diversos romances, inclusive “Inocência”, do visconde de Taunay.
Uma antiga história celta
São várias as versões de Tristão e Isolda, outro par entre os casais famosos. As primeiras notícias remontam ao século VIII e os registros escritos continuam até 400 anos depois – uma das características da literatura medieval é a reconstituição de histórias sob outros pontos de vista.
Tristão era filho dos reis da Cornualha (uma península da Grã-Bretanha). Os pais morreram cedo e ele foi criado por um cavaleiro, de quem se julgava filho legítimo. O jovem foi sequestrado e abandonado na própria península, onde foi encontrado e adotado pelo rei Marco, seu tio, que conta a ele a verdade sobre suas origens.
Com esta revelação, Tristão decidiu retomar seus territórios. Partiu para a Irlanda para enfrentar Morholt, que cobrava tributos do rei Marco. Venceu o oponente em um duelo, mas foi seriamente machucado pela espada do adversário. Posto em um barco à deriva, Tristão foi encontrado pela princesa Isolda, que tratou seus ferimentos. A paixão foi inevitável, mas havia um problema: a princesa estava prometida ao seu tio (existem outras versões: em uma delas, os dois tomaram um elixir do amor preparado pela aia de Isolda; em outra, ele vence um dragão e recebe a mão da Isolda, mas renuncia por fidelidade ao tio).
Isolda se casa com o rei Marco, mas a paixão do casal venceu: tornaram-se amantes e permaneceram nesta condição até serem descobertos. O final também tem duas versões: Tristão foge, é perseguido e morto; Isolda morre de tristeza e inanição. No fim da história mais famoso, no entanto, Tristão se envenena quando o tio descobre a traição; Isolda sorve parte do veneno da boca do amado e os dois morrem abraçados.
Um caso de amor proibido
No início da Renascença, em Paris, Abelardo foi dar aulas na Escola de Notre Dame. Apesar da forte influência católica, ele se interessava muito mais pelos filósofos não cristãos, como os clássicos gregos. Suas ideias logo foram divulgadas na cidade e uma jovem ficou especialmente impressionada pelas teses polêmicas: Heloísa. Ela tinha 17 anos e ele, 37.
Certa tarde, durante um passeio, o chapéu de Heloísa foi levado pelo vento, caindo aos pés de Abelardo, que dava aulas ao ar livre: os dois se avistaram e nasceu a paixão. Para ficar mais próximo da amada, o professor pediu ao tio e tutor da jovem, Fulbert, para morarem sua casa, onde estaria perto da escola.
Fulbert concordou com a ideia e Abelardo passou a dar aulas para Heloísa à noite, quando todos da casa já estavam recolhidos. Mas em pouco tempo deixaram os livros e entregaram-se à paixão.
É importante informar que os intelectuais franceses da época tinham o costume de racionalizar o amor, acreditando que os impulsos sexuais deviam ser reprimidos pela imersão nos estudos. Não foi o que aconteceu com o casal; em pouco tempo, Heloísa descobriu que estava grávida. Abelardo levou-a para uma aldeia onde morava a irmã; a jovem ficou sob os cuidados da cunhada. Mas o amor era forte demais e eles não conseguiam ficar longe um do outro.
Abelardo pediu a mão da jovem a Fulbert, que surpreendentemente perdoou o professor e aparentemente concordou com o casamento. A criança já havia nascido.
Heloísa voltou a Paris e os dois se casaram secretamente, no meio da noite. A história diz que eles nem sequer trocaram alianças ou se beijar diante do sacerdote. A jovem começou a sentir prenúncios da tragédia.
O sigilo não durou muito. O casal passou a ser alvo de críticas e ironias em Paris. Fulbert decidiu acabar com a incômoda situação: contratou dois marginais para invadirem o quarto de Abelardo, que foi castrado. Heloísa foi para o Convento de Santa Maria de Argenteuil e Abelardo, para o Mosteiro de Saint Denis. O casal não se viu por muito tempo, mas trocavam cartas.
Anos mais tarde, Abelardo inaugurou uma escola muito perto do Convento de Santa Maria. O casal se avistava todos os dias, mas os amantes nunca mais conversaram. Abelardo morreu em 1142 e foi sepultado em uma cripta que Heloísa mandou erguer: 20 anos mais tarde, a freira morreu e foi sepultada junto ao amado. A história é real: no século XIX, os restos mortais foram trasladados para o Cemitério de Père Lachaise, em Paris.
Em Hollywood
Provavelmente, o casal mais famoso entre os astros americanos reuniu Richard Burton e a sedutora Elizabeth Taylor, com seus olhos cor de violeta (provavelmente eram lentes de contato, mas isto é outra história). Eles se casaram duas vezes, com muitas separações e recaídas.
Além deles, merecem ser citados Angelina Jolie e Brad Pitt, que se conheceram durante as filmagens de “Sr. e Sra. Smith”, em 2005. Foi uma bomba para a imprensa, já que Pitt, na época, namorava Jennifer Aniston, famosa pela série de TV “Friends”. O casal está junto até hoje e tem seis filhos: três biológicos e três adotados.
Tom Cruise e Nicole Kidman também causaram frisson nas telas e nas revistas de fofoca. Foram o casal número um de Hollywood durante anos (já estão separados).
Robert Pattinson e Kristen Stewart tornaram-se os queridinhos dos fãs pela série “Crepúsculo” e pelo romance. O problema é que ela teve um caso com Rupert Sanders, diretor de “Branca de Neve e o Caçador”. Houve até uma tentativa de reatar, mas não durou muito tempo.
Michael Douglas é famoso nos EUA pelos filmes que protagonizou e também por uma suposta compulsão por sexo. Ele foi casado por mais de 20 anos com Diandra Luker, que foi traída diversas vezes. Em 2000, ele se casou novamente, desta vez com Catherine Zeta-Jones. A união continua até hoje; parece que a atriz de “A Máscara do Zorro” e “Titanic”, entre outros, conseguiu “domar a fera”. Ou então foi a idade que acalmou os ímpetos sexuais do filho de Kirk Douglas, outro famoso ator americano.
Até nos desenhos animados é possível encontrar casais famosos. Além das princesas – Aurora (a Bela Adormecida), Cinderela e Branca de Neve, que “foram felizes para sempre” com seus príncipes encantados, há a história do casal de cães Lili e Vira-Lata em “A Dama e o Vagabundo”, um final feliz em “Bambi”, em que ele e seus dois melhores amigos – Tambor e Flor, respectivamente um coelho e um gambá – encontram suas caras-metades quase no final do longa-metragem.
São muitas as histórias. As que estão aqui apresentadas são apenas um aperitivo. Para quem está apaixonado, vale a pena pesquisar, seja para se inspirar, seja para não cometer os mesmos erros.